A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório nesta sexta-feira (28) que revela uma queda de 71% nos casos globais de sarampo nos últimos 24 anos, reduzindo de 38 milhões para 11 milhões o número de infecções. De acordo com a organização, esse progresso foi impulsionado pela melhoria da cobertura vacinal, com a vacina contra o sarampo ajudando a prevenir quase 59 milhões de mortes no período. No entanto, a OMS adverte que, apesar dessa queda geral, a doença continua representando um risco significativo à saúde pública.
Em 2024, a situação voltou a mostrar sinais de alerta, com um aumento de 8% nos casos de sarampo em relação aos níveis de 2019, antes da pandemia. A maior parte desse aumento aconteceu em países de renda média, onde o número de mortes relacionadas ao sarampo diminuiu, mas a infecção se espalhou mais rapidamente devido a lacunas na cobertura vacinal. A OMS aponta que essas flutuações refletem a fragilidade dos sistemas de imunização, especialmente em contextos onde a vacinação não é realizada de maneira uniforme.
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Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, enfatizou que o sarampo é o vírus mais contagioso do mundo e alertou sobre os riscos que surgem quando há falhas na cobertura vacinal. "Esses dados mostram, mais uma vez, como o sarampo explora qualquer lacuna em nossas defesas coletivas contra ele", declarou. Para ele, surtos como os que estão ocorrendo neste ano mostram a vulnerabilidade de sistemas de saúde, principalmente quando há quedas na taxa de imunização.
A OMS também apontou que o sarampo tende a ser a primeira doença a ressurgir quando há uma diminuição na cobertura vacinal. "Mesmo pequenas quedas na cobertura vacinal podem desencadear surtos, como um alarme de incêndio que dispara quando a fumaça é detectada", afirmou Kate O'Brien, diretora do Departamento de Imunização da OMS. Segundo ela, essas lacunas na vacinação podem abrir espaço para o ressurgimento de outras doenças preveníveis, como a difteria, coqueluche e poliomielite, além do próprio sarampo.
O relatório também alertou para o impacto da redução de recursos nos programas de vacinação global. Em 2024, 59 países enfrentaram surtos de sarampo de grande porte, quase três vezes mais do que em 2021. O número de surtos foi o maior desde o início da pandemia de COVID-19, incluindo países com altos índices de renda, como o Canadá, que recentemente perdeu o status de eliminação do sarampo após não conseguir conter um surto que durou cerca de um ano. Os Estados Unidos e o México também registraram surtos significativos, com milhares de casos e algumas mortes.
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Em 2024, cerca de 84% das crianças no mundo receberam a primeira dose da vacina contra o sarampo, um número abaixo dos níveis observados antes da pandemia. A segunda dose foi administrada a 76% das crianças. A OMS destaca que a vacinação contra o sarampo é altamente eficaz quando os países conseguem alcançar uma cobertura de 95% com as duas doses da vacina, que têm 97% de eficácia. No entanto, a redução na cobertura vacinal durante a pandemia deixou muitas populações vulneráveis.
A OMS também alertou que os cortes no financiamento global para programas de imunização, especialmente a Rede Global de Laboratórios de Sarampo e Rubéola, podem agravar ainda mais a situação em 2025. A diminuição do apoio financeiro e da equipe de gestão da OMS, após a saída dos Estados Unidos como principal doador, pode deixar lacunas na capacidade de resposta a surtos futuros. Para evitar novos picos de infecção e mortes, a OMS reforçou a necessidade de retomar e ampliar as campanhas de imunização em todo o mundo, para garantir que as próximas gerações fiquem protegidas contra o sarampo e outras doenças evitáveis.
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