
Em um dos casos criminais mais chocantes e complexos do ano, a Polícia Civil e o Ministério Público apuram uma série de assassinatos que teriam sido cometidos com frieza, planejamento e motivação financeira. No centro das investigações estão as irmãs gêmeas Ana Paula Veloso Fernandes e Roberta Cristina Veloso Fernandes, presas preventivamente sob suspeita de envolvimento em pelo menos quatro homicídios por envenenamento.
As mortes ocorreram entre janeiro e maio de 2025, em diferentes cidades — Guarulhos (SP), São Paulo (SP) e Duque de Caxias (RJ). Segundo os investigadores, Ana Paula agia como executora dos crimes, enquanto a irmã Roberta atuava como “consultora financeira e operacional” do esquema, ajudando a definir valores e formas de pagamento, e orientando a evitar rastros digitais.
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Entre os casos mais emblemáticos está o assassinato de Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, morto em abril após ingerir uma feijoada supostamente envenenada. O crime teria sido encomendado pela própria filha da vítima, Michele Paiva da Silva, também presa.
Racha entre as irmãs
Durante a investigação conduzida pelo 1º Distrito Policial de Guarulhos, a polícia teve acesso a vídeos e mensagens trocadas pelas irmãs, nas quais discutem valores supostamente recebidos pela execução de Neil. Em um dos trechos, Ana Paula informa à irmã que pegou o valor em espécie:
“Estou com o valor em espécie, peguei”, teria escrito Ana.
A resposta de Roberta indica um conflito:
“Michele te deu o dinheiro e você está guardando só pra você.”
Após esse desentendimento, ambas chegaram a se bloquear no WhatsApp, retomando contato tempos depois.
Código "TCC" para planejar mortes
As investigações revelam ainda que Ana Paula utilizava o código "TCC" (Trabalho de Conclusão de Curso) para se referir aos homicídios por encomenda. Os valores cobrados por cada “serviço” variavam, mas o mínimo estimado seria de R$ 4 mil. Roberta, segundo os autos, dava orientações sobre como usar dinheiro em espécie e evitar trocas de mensagens suspeitas.
A apuração também aponta que Ana Paula testou veneno em cachorros antes de aplicá-lo nas vítimas humanas — uma forma de verificar os efeitos letais do produto, geralmente veneno para ratos.
As quatro vítimas identificadas
A cronologia dos crimes é marcada por diferentes motivações, mas uma mesma metodologia:
- Marcelo Hari Fonseca — morto em 31 de janeiro, em Guarulhos, após desentendimento com Ana Paula. A suspeita é que o envenenamento tenha ocorrido para que ela assumisse o imóvel onde viviam.
- Maria Aparecida Rodrigues — amiga da suspeita, morreu entre os dias 10 e 11 de abril. Ana teria usado o crime para tentar incriminar seu ex-amante.
- Neil Corrêa da Silva — pai da contratante Michele Paiva, morto em 26 de abril no Rio de Janeiro após ingerir feijoada envenenada.
- Hayder Mhazres — morreu em 23 de maio, em São Paulo, após encontro com Ana via aplicativo de relacionamentos. Ela teria alegado uma falsa gravidez para reivindicar bens da vítima.
Participação de Roberta e próximos passos
Embora não tenha participado diretamente das execuções, Roberta Cristina é investigada por ocultação de provas e cumplicidade nos planos criminosos. Ela admitiu, por exemplo, ter queimado o sofá onde o corpo de Marcelo foi encontrado, para apagar vestígios de decomposição.
As investigações seguem em andamento com novas diligências, entre elas:
- Exumações para coleta de amostras;
- Perícias toxicológicas;
- Análise de movimentações financeiras;
- Apreensão de dispositivos eletrônicos.
A Justiça decidiu centralizar todos os processos em Guarulhos, por conta da conexão entre os crimes e das provas reunidas, que incluem áudios, vídeos e trocas de mensagens apreendidas com autorização judicial.
Em decisão recente, o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo classificou Ana Paula como “uma verdadeira serial killer”, destacando o padrão de premeditação, frieza e uso de disfarces para cometer os crimes.
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