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SABERES POPULARES

Não é só em Belém! Banhos de ervas aumentam procura no RJ

Banquinhas de ervas mantêm práticas tradicionais ligadas ao bem-estar, à religiosidade e ao uso popular de plantas na capital fluminense

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Imagem ilustrativa da notícia Não é só em Belém! Banhos de ervas aumentam procura no RJ camera Segundo o erveiro, a orientação de preparo costuma ser simples, variando entre cozinhar as folhas ou esfregá-las antes da aplicação da água sobre o corpo. | Reprodução

Os segredos das ervas e a busca por uma passagem de ano bem sucedida movimentam o mercado Ver-O-Peso em Belém. Afinal, o local é conhecido como um dos principais postos onde se reúne a cultura e saber da Amazônia. Contudo, a busca pelos saberes populares que vem da natureza não é só aqui.

Ervas usadas em chás, banhos e rituais fazem parte do cotidiano de feiras livres e esquinas do Rio de Janeiro, da zona norte à zona sul. Em banquinhas espalhadas pela cidade, o comércio se baseia em conhecimentos transmitidos entre gerações e ganha maior procura no fim do ano, período em que cresce a busca por folhas destinadas a banhos energéticos e práticas simbólicas de renovação.

No Centro da capital, na Rua da Carioca, o erveiro José Adaílton de Souza Ferreira mantém ramos de plantas em um carrinho de mão e borrifa água com frequência para reduzir os efeitos do calor.

Entre as espécies mais procuradas estão macassá, levante, manjericão, arruda, alfazema, alecrim e sálvia, geralmente utilizadas em banhos associados a rituais de proteção e bem-estar.

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Segundo o erveiro, a orientação de preparo costuma ser simples, variando entre cozinhar as folhas ou esfregá-las antes da aplicação da água sobre o corpo. Além dos banhos, algumas plantas como saião, guaco e assa-peixe também são buscadas para o preparo de xaropes caseiros, embora a maior parte da demanda esteja relacionada a práticas rituais.

Plantas e religiosidade

O uso de ervas está presente em religiões indígenas e de matriz africana. No candomblé, as folhas, conhecidas como ewés, são associadas ao axé, entendido como força vital. Cada espécie é destinada a finalidades específicas, como banhos, oferendas e rituais internos.

A ialorixá Nilce de Iansã, do terreiro Ilê Omolu Oxum, na Baixada Fluminense, explica que o uso das plantas envolve aspectos religiosos, terapêuticos e alimentares. Segundo ela, não existe uma fórmula única para banhos, já que a escolha das ervas depende da pessoa e do objetivo do cuidado. Para situações gerais, a orientação é buscar contato com ambientes naturais, como mar, rios ou cachoeiras.

Nilce também destaca que sacerdotes passam por processos de formação para preservar e transmitir o conhecimento ancestral sobre as plantas. Como coordenadora da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras, ela defende o reconhecimento das práticas de cuidado desenvolvidas nos terreiros, sem associá-las à ideia de cura de doenças.

Visão científica e cuidados

De acordo com a bióloga Aline Saavedra, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), não há comprovação científica de que banhos ritualísticos tenham efeitos diretos como proteção ou aumento de energia. No entanto, ela ressalta que práticas religiosas e simbólicas podem contribuir para o bem-estar, ao influenciar positivamente a percepção e o estado emocional das pessoas.

A pesquisadora alerta para cuidados no uso de plantas por ingestão. Alguns chás podem apresentar toxicidade se consumidos por longos períodos ou de forma inadequada. Outro ponto de atenção é a identificação correta das espécies, já que folhas secas e moídas dificultam a diferenciação entre plantas semelhantes.

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Para um uso mais seguro, Aline recomenda priorizar ervas já conhecidas na alimentação, como manjericão, orégano, sálvia e alecrim, sempre com moderação. Em caso de dúvida, a orientação é consultar bases de dados como o Horto Virtual da Universidade Federal de Santa Catarina, que reúne informações sobre plantas, formas de uso e possíveis efeitos adversos.

Tradição e identidade

No Bairro de Fátima, na região central do Rio, o erveiro João* afirma que não faz prescrições. Ele cultiva as próprias plantas, sem uso de agrotóxicos, em um terreno na zona norte, mas limita sua atuação à venda para pessoas que já sabem o que procuram. Para ele, o trabalho está ligado à religiosidade, à trajetória pessoal e à identidade cultural.

Segundo o erveiro, o contato com as ervas faz parte de sua relação com a terra e com tradições que seguem presentes na vida urbana da cidade, especialmente em períodos de maior simbolismo, como o fim do ano.

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