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ELEIÇÕES 2020

'Não sou o candidato do Bolsonaro em Belém, sou alinhado às ideias dele', diz Eguchi

O candidato disputa o segundo turno para prefeito de Belém

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Imagem ilustrativa da notícia 'Não sou o candidato do Bolsonaro em Belém, sou alinhado às ideias dele', diz Eguchi camera Reprodução/Instagram

Economista e advogado, Everaldo Eguchi (Patriota), 57, é delegado da Polícia Federal desde 2007 e tenta neste segundo turno seu primeiro cargo eletivo como candidato a prefeito de Belém. Ele enfrenta o ex-prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL).

Entrevista: Fome é problema mais urgente de Belém, diz Edmilson

Em 2018, ano em que Jair Bolsonaro foi eleito presidente, Eguchi tentou uma vaga de deputado federal pelo PSL, mas não foi eleito. Neste pleito, ele ainda recorre ao presidente Bolsonaro como seu maior trunfo de campanha.

Dois anos depois, ele se licenciou da PF para tentar a eleição para prefeito de Belém pela primeira vez, em uma chapa puro sangue do Patriota, defendendo um discurso de combate à corrupção e defesa dos "valores da família e da pátria". Nascido em Tomé-Açu, no interior do Pará, mora em Belém desde os quatro anos de idade. Eguchi tem como vice o sargento da PM Edemberg Quemer, 57, do mesmo partido.

No primeiro turno, Eguchi, que fez campanha alinhada às ideias de Bolsonaro, teve 23,06% dos votos válidos. Ele vai disputar o segundo turno com o deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL), que teve 34,22% dos votos. O delegado afirma não depender do apoio do presidente para conseguir a maioria dos votos em Belém.

Confira a entrevista na íntegra:

Pergunta - Em 2018, o senhor tentou uma vaga de deputado federal, mas não foi eleito. O que mudou desde então para que decidisse disputar a prefeitura?

Delegado Eguchi - Eu me licenciei da Polícia Federal, retornei quando acabaram as eleições, e depois eu vim candidato a prefeito porque os grupos de conservadores daqui de Belém indicaram meu nome e eu aceitei o desafio. Então não foi uma decisão minha, foi uma decisão dos grupos conservadores de Belém que me indicaram, me convidaram e eu aceitei.

P - O senhor é um dos policiais que concorrem ao cargo de prefeito no país, com ideias alinhadas às do presidente Bolsonaro. O resultado das urnas foi reflexo desse alinhamento?

DE - Com certeza foram as ideias que o presidente tem que nos trouxeram ao segundo turno. Agora, no segundo turno, é uma outra eleição.

P - Quão decisivo é o apoio do presidente para a sua vitória no segundo turno? A queda de popularidade dos candidatos apoiados pelo presidente neste ano o preocupa?

DE - Não, porque eu não sou candidato dele. Sou o candidato do Patriota alinhado às ideias dele. Inclusive, nem o apoio dele eu tive, formal. Ele fez um comentário de "se tivesse em Belém", mas isso não quer dizer que eu seja o candidato dele. Eu tenho ideias, propostas similares às propostas dele, que também são as mesmas dos conservadores.

P - Avalia então que sua vitória agora independe de um apoio formal do presidente?

DE - Pelo menos eu cheguei no segundo turno derrotando a máquina do governo, a máquina da prefeitura, sem apoio de nenhum outro partido, sem fundo partidário e sem apoio do presidente da República.

P - Se eleito, que postura pretende adotar de combate à Covid-19, sobre funcionamento de escolas e comércio?

DE - Sou contra "lockdown". Só será tomada uma medida dessas, caso eu seja eleito, se realmente os técnicos envolvidos, que são da saúde, orientarem como imprescindível. Fora isso, não haverá "lockdown". Porque se a máscara protege no supermercado e na farmácia, ela protege na escola e no restaurante.

P - Isso inclui a reabertura de escolas?

DE - Sim, claro, a reabertura de tudo. Desde que se cumpram os requisitos de saúde exigidos.

P - Qual a sua opinião sobre o uso da hidroxicloroquina e vacinação contra a Covid-19? Pretende investir na aquisição de vacinas se eleito?

DE - Acho que essa resposta tenho que primeiro seguir orientações da área da saúde. Por enquanto estou me preocupando com as eleições, não tive tempo de analisar com profundidade esse tema, mas sempre vou seguir as orientações dos técnicos da saúde para tomar uma decisão.

P - O que o senhor considera que seja o maior problema de Belém e qual sua proposta para solucioná-lo?

DE - Belém tem muitos problemas crônicos. Nas nossas caminhadas pela periferia há muita reclamação por causa do lixo acumulado nas esquinas. E com os alagamentos porque aqui, em janeiro, é época de chuva, junto com a maré alta e, como grande parte de Belém fica abaixo da linha do mar, acumula e alaga a cidade, que se torna intransitável, por falta de planejamento e de ações práticas.

P - Como pretende resolver essa questão?

DE - Primeiro, acabando com a corrupção, que suga centenas de milhões de reais que poderiam servir para tirar esses projetos do papel, mas infelizmente esses milhões vão para o bolso de grupos políticos e econômicos que sempre comandaram a cidade.

Eu não tenho nenhum envolvimento com grupo político, oligarquia política ou grupo empresarial aqui de Belém, então vou ter isenção para tomar essas medidas que eu acho corretas.

Segundo: acabar com a politicagem. Não fizemos coligação por isso. Normalmente o poder é fatiado e cada partido se torna um feudo de uma secretaria do município de Belém. Também isso vai acabar.

Secretaria vai ser técnica, sem interferência política, e nós vamos combater com veemência qualquer ato de corrupção, e quando a indicação política passar pelo nosso crivo: ficha limpa, competência, honestidade, ética. Mas se utilizar o cargo com viés ideológico é substituição na hora. Quem tem que ter autoridade sobre secretaria não é partido político, é a população.

P - O senhor é simpatizante das escolas cívico-militares defendidas por Bolsonaro. Pretende implantar o modelo na rede municipal?

DE - Com certeza. A melhor escola do norte se chama colégio Tenente Rego Barros, que fica em Belém e onde meus três filhos estudam. A média do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] dela é muito acima da média nacional, é uma escola cívico-militar gerida pela Aeronáutica, mas diversos professores são civis. Não é uma escola militar, é militarizada, onde o aluno tem que cantar o hino nacional uma vez por semana, onde o professor tem que ser obedecido na sala de aula e onde a hierarquia e disciplina predominam.

P - Quantas terão deste modelo em Belém?

DE - Se possível, todas [transformá-las]. Mas isso vai depender do orçamento.

P - O seu concorrente tem uma frente ampla de apoio, enquanto a sua candidatura é isolada. Neste segundo turno o candidato já recebeu sinalização de apoio de outros que não passaram para o segundo turno?

DE - Quase todos e vieram com pedidos imorais que não foram aceitos.

P - Como você avalia seu concorrente à Prefeitura de Belém?

DE - Um radical de esquerda.

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