
O que era para ser uma noite de celebração cultural, marcada por danças típicas, fogueira e bandeirinhas, terminou em desespero no Morro do Santo Amaro, no Catete, zona sul do Rio de Janeiro. Uma festa junina comunitária foi interrompida por um tiroteio durante uma operação da Polícia Militar, deixando um jovem morto e cinco pessoas feridas entre a noite desta sexta-feira (6) e a madrugada de sábado (7).
Vídeos que circularam nas redes sociais mostram o contraste brutal entre o clima festivo e o pânico que se instalou com o início dos disparos. Moradores dançavam quadrilha quando, de repente, tiros ecoaram pela comunidade. “Muita gente ferida e em pânico”, descreveu uma testemunha em uma publicação online.
CONTEÚDOS RELACIONADOS
- Mc Poze se diz perseguido pela polícia após ação em sua casa
- Ex-músico do Raça Negra é encontrado desacordado na rua e morre
- Vídeo mostra homem agredindo bebê após confundi-lo com “reborn”
Herus Guimarães Mendes da Conceição, jovem morador da comunidade, foi atingido e não resistiu aos ferimentos. Ele chegou a ser levado ao Hospital Glória D’Or em estado gravíssimo, mas, segundo boletim da unidade, morreu após “exaustivas manobras de ressuscitação”. A Polícia Civil investiga o caso, que foi registrado na 9ª Delegacia de Polícia.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, outras cinco pessoas baleadas deram entrada no Hospital Municipal Souza Aguiar. Quatro permanecem estáveis e uma segue em estado grave.
A Polícia Militar informou que a operação foi de caráter emergencial, deflagrada após receber informações sobre a possível presença de criminosos armados que estariam se preparando para enfrentar facções rivais na disputa por território. A ação foi conduzida por equipes do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais).
Quer saber mais de Brasil? Acesse o nosso canal no WhatsApp
Segundo a PM, os policiais foram atacados pelos suspeitos em dois momentos distintos da operação. No primeiro, “os criminosos atiraram contra os policiais, porém não houve revide”. Já em um segundo ponto da comunidade, os agentes teriam sido novamente alvos de tiros, o que teria provocado o confronto armado.
A corporação informou que os policiais estavam equipados com câmeras corporais e que as imagens já estão sob análise da Corregedoria. O BOPE também instaurou um procedimento interno para apurar as circunstâncias da ação.
Indignados, moradores ressaltaram o caráter pacífico do evento interrompido pela ação policial. “Não era baile funk, não tinha apologia ao crime, não tinha ostentação. Era uma festa junina com o objetivo de levar cultura e lazer para a comunidade”, declarou um residente. A frase “Santo Amaro pede paz” foi compartilhada por diversos perfis nas redes sociais.
A tragédia também gerou repercussão política. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, declarou: “A favela merece respeito”. Ela classificou o episódio como “revoltante e desesperador” e afirmou que acionará autoridades e órgãos de controle para investigar as causas e consequências da operação. “Minha solidariedade às famílias que hoje choram. A juventude negra precisa viver!”, completou.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar