
O ano era 2013 quando um grupo político de alcunha “Novos Rumos” assumiu o poder do Paysandu Sport Club. Naquele ano, o clube vinha de um acesso para a Série B após bater na trave por anos, e, na figura de um ídolo histórico como presidente, a expectativa era de que, naquele momento, o Papão teria uma virada de chave completa nos rumos de uma instituição quase centenária (em 2013 o clube iria completar 99 anos de fundação). Porém, passados 12 anos, o que se vê é uma realidade completamente diferente.
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A grandeza do Paysandu sempre foi reconhecida nos 4 cantos do Brasil, seja pela paixão de sua fiel torcida ou por sempre ser temido quando enfrentado em seus domínios (uma marca registrada dos clubes paraenses). No entanto, o que se vê atualmente é um clube definhando a cada ano, escancarando um processo de apequenamento que é observado não apenas por seus conterrâneos, mas jornalistas e torcidas de outros estados já notaram esse processo, que coincide justamente com o tempo em que o mesmo grupo político comanda, desde 2013, a instituição.
Não é preciso trazer nomes específicos, pois a torcida sabe nominalmente as figuras que passaram pela presidência do Paysandu. Mas o que todos têm em comum é uma única coisa: transformaram um clube temido em seu presente para um que se apega apenas a um passado cada vez mais distante para lembrar que ainda é gigante. O grupo político à frente do Papão há 12 anos conseguiu a proeza de transformar um dos maiores campeões da segunda divisão nacional numa equipe conhecida pejorativamente como “ioio”, alternando temporadas entre as Séries B e C. Em 2025, o clube caminha a passos largos para seu 4º rebaixamento desde 2006.
ETERNO SOBE E DESCE
Desde 2006, o Campeonato Brasileiro da Série B passou a ser disputado da forma como é atualmente, com 20 clubes e em 38 rodadas. De lá para cá, o Paysandu disputou a competição em 8 oportunidades (2006, 2013, 2015, 2016, 2017, 2018, 2024 e 2025).
As piores campanhas do Papão na competição (aquelas que resultaram no rebaixamento para a Série C) foram nos anos de 2006, 2013 e 2018. Nas demais oportunidades, o clube paraense esteve flertando com o Z-4, no qual acabou se salvando do descenso apenas nas últimas rodadas.
A exceção foi em 2015, quando o time comandado por Dado Cavalcanti, na época, esteve próximo do acesso até as últimas rodadas, terminando a competição na 7ª posição, com 60 pontos, 5 a menos que o primeiro clube dentro do G-4 daquele ano. Exatos 10 anos depois, o Papão está muito próximo de mais um rebaixamento, sendo o 3º desde 2013, sob a gestão da “Novos Rumos”.
FELIPE ALBUQUERQUE E O CLUBE DE AMIGOS
Aqui é preciso citar nominalmente o nome de um profissional que representa bem o quanto a “Novos Rumos” se baseia em laços que não têm ligação com o amor pelo clube no qual estão comandando desde 2013. O profissional Felipe Albuquerque, que atuou no Papão como gerente de futebol em duas oportunidades (2019-2020 e 2024-2025) deixou um rastro de polêmicas e má gestão durante sua estadia na Curuzu.
Lembrando que não se está falando sobre a pessoa, e sim o profissional, que, na sua primeira passagem, se mostrou um profissional muito aquém das ambições que o Paysandu precisa, acabando saindo pelas portas dos fundos, sem deixar um pingo de saudade em 2020, pelo menos para a torcida.
No entanto, em 2024, sem qualquer explicação lógica, Albuquerque desembarca em Belém para exercer novamente o papel de gerente de futebol do Papão. Da sua primeira saída até retornar, Felipe não fez sequer um trabalho de razoável destaque, fazendo com que a torcida questionasse o porquê do retorno do profissional.
Em 2025, ele foi mantido pela diretoria atual, que assumiu após vitória nas eleições para presidente. E o que já era esperado, aconteceu. Um planejamento falho e o tal do “elenco exuto”, que causam arrepios e indignação na fiel bicolor, marcaram a curta, mas tão prejudicial quanto, segunda passagem de Albuquerque pela Curuzu. Diante desse cenário, novamente pergunta-se à atual diretoria (que também fazia parte da anterior, e da anterior, e da anterior…) o seguinte: por que esse profissional teria tanto prestígio com resultados tão ruins? Parece que a conta finalmente chegou.
E O FUTURO?
A “Novos Rumos” possui mais 1 ano à frente do clube e, caso se concretize o rebaixamento do Papão para a Série C em 2026, o futuro não é nada animador. Pois, com a queda, a tendência é que a receita do clube despenque, sem contar que o próprio atual presidente afirmou que será necessário já antecipar recursos previstos para o próximo para arcar com as obrigações de 2025, como foi feito em 2024 em relação à antecipação de recursos deste ano.
Porém, se por uma arrancada quase improvável nesta reta final da Série B, o Papão conseguir a inacreditável salvação, daria para confiar que, em 2026, a atual diretoria seria capaz de fazer um planejamento minimamente decente? Neste momento, meados de setembro, a probabilidade é que será mais um ano de sofrimento para a fiel bicolor.
Para concluir, retorna-se ao dito no início, sobre o apequenamento do Paysandu ao longo de toda a gestão do atual grupo político. Esse processo já é notado além das fronteiras do Pará. “Parece uma Ferrari na mão de um piloto ruim! Triste!", assim o jornalista da Bandnews FM de Goiás, Thiago Menezes, descreveu o Paysandu em agosto deste ano. A manifestação do jornalista goiano veio após a derrota para a Chapecoense por 2 a 0. Em sua postagem na rede social X (antigo Twitter), Thiago afirmou que, mesmo diante da grandeza do Paysandu e da sua torcida, o Papão sempre “namora com a Série C, quando não cai”.
E o recado para o torcedor é que, apesar da “Novos Rumos”, ou, para parte dos torcedores, “Sem Rumos”, o Paysandu é maior que qualquer grupo político. O clube já passou por administrações ainda mais catastróficas que a atual e se reergueu. Com isso, resta apenas acreditar na resiliência de um clube multicampeão e que diretorias vêm e vão, mas o Paysandu sempre permanecerá gigante, mesmo que alguns façam questão de torná-lo pequeno.
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