
O curta-metragem “Cabana”, dirigido e roteirizado pela paraense Adriana de Faria, tem conquistado destaque no circuito nacional de festivais por apresentar, com sensibilidade e protagonismo feminino, uma das revoltas populares mais violentas da história do Brasil: a Cabanagem. Com 14 minutos de duração e ambientado majoritariamente dentro de uma única cabana, o filme traz à tona a força de personagens femininas que foram silenciadas ao longo do tempo.
A trama acompanha o encontro entre Margarida e Maria Lira, duas mulheres cabanas interpretadas por Isabela Catão e Rosy Lueji. “Nada melhor do que nós mesmos para contarmos nossas histórias e falarmos delas de uma maneira mais apropriada. Para mim essa foi a importância de ter feito o “Cabana”. Isso me faz acreditar cada vez mais que o Norte existe nas histórias que contamos através do cinema”, afirmou Catão.
Já Rosy, que retorna ao audiovisual com o papel de Maria Lira, destacou a carga simbólica do trabalho. “Ele receber o prêmio de melhor curta no Festival do Rio foi a comprovação de quanto é importante conta história de mulheres que foram silenciadas no tempo da Cabanagem, ser a personagem Maria Lira trouxe também uma força muito grande para mim", compartilhou.
Conteúdos relacionados:
- Traço Norte: novo coletivo revela talentos da Amazônia
- Miguel Braga estreia concerto em Belém com a Orquestra Jovem
- Projeto reunirá monstros sagrados da "Era de Ouro" do Brega
Realizado com recursos do Prêmio de Incentivo à Arte e à Cultura da Fundação Cultural do Pará, com apoio de empresas privadas e investimentos próprios, o curta é uma coprodução com a Marahu Filmes. O filme foi realizada em apenas duas diárias e meia e mobilizou mais de 30 profissionais das regiões Norte e Nordeste.
A diretora Adriana de Faria, que estreia na ficção, fala sobre os desafios que enfrentou ao construir um drama histórico com orçamento limitado. “Todos os aspectos de direção de arte (Bea Morbach e Tita Padilha), figurino (Vinny Araújo e Alê Ferreiro) e maquiagem (Isis Penafort) foram pensados para um drama histórico e, com pouco recurso, isso foi um grande desafio”, destacou. A equipe técnica ainda contou com Thiago Pelaes (fotografia), Lucas Domires (montagem) e Lucas Coelho, do Atelier Rural (edição de som).
Lançado em 2023, o curta já participou em mais de 30 festivais nas cinco regiões do Brasil. A produção foi premiada como Melhor Curta-metragem no Festival do Rio, indicado ao Prêmio Grande Otelo do Cinema Brasileiro, entrou para a lista dos 10 melhores curtas do ano da Associação Brasileira de Críticos de Cinema e foi eleito o Melhor Curta-metragem de 2023 pela Associação de Críticos de Cinema do Ceará. Além disso, Adriana de Faria também conquistou os prêmios de Melhor Direção no CineCeará e na Mostra Goiânia de Curtas.
Quer ver mais notícias de variedades? Acesse o canal do DOL no WhatsApp!
A produção executiva do curta é assinada por Tayana Pinheiro e pela própria diretora. Para Tayana, o reconhecimento da obra representa uma conquista coletiva. “Fazer um filme com limitações de recursos, encabeçado por mulheres e falando sobre mulheres que sofreram um processo de apagamento é, com certeza, uma vitória coletiva e do Norte”, afirmou.
Agora, “Cabana” integra a programação da Mostra Sesc e continua a ampliar a repercussão ao trazer à luz vozes femininas apagadas da história e reforçar o papel do cinema como ferramenta de memória e reparação.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar