
Sob as rochas avermelhadas do Grand Canyon, um mundo quase esquecido acaba de ser parcialmente revelado. Novas escavações conduzidas por paleontólogos trouxeram à tona fósseis raros e surpreendentemente bem preservados, oferecendo um vislumbre preciso da complexidade que a vida marinha alcançou há mais de 500 milhões de anos.
Esses vestígios remontam à chamada explosão Cambriana, um dos eventos evolutivos mais importantes da história do planeta. Foi nesse período que os principais grupos de animais surgiram e começaram a se diversificar em ritmo acelerado.
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As camadas rochosas do cânion, que há mais de meio bilhão de anos eram um mar quente próximo ao Equador, guardaram porções dessa história como uma cápsula do tempo biológica.
Ao escavar as formações sedimentares da região, pesquisadores esperavam encontrar fósseis típicos de conchas duras, mais resistentes à passagem do tempo. Mas o que surgiu foi algo muito mais raro: estruturas internas de organismos de corpo mole, como pequenos moluscos, vermes e crustáceos ancestrais.
Entre os achados, uma criatura se destacou pela forma e pelo nome. Um tipo extinto de verme marinho, com formato fálico e boca reversível cheia de dentes em fileiras, foi batizado de Kraytdraco spectatus, em referência a um dragão do universo de Star Wars.

Dotado de adaptações inusitadas, como uma boca extensível coberta por centenas de dentes ramificados, o animal provavelmente filtrava restos orgânicos no fundo do mar, em uma estratégia de alimentação complexa e eficiente.
Microscópios de alta precisão permitiram aos cientistas visualizar com detalhes órgãos e apêndices utilizados por essas criaturas para se alimentar, desde cadeias de minúsculos dentes até membros cobertos por cerdas, semelhantes aos usados por crustáceos modernos para capturar plânctons.
O ambiente em que esses animais floresceram pode ter sido decisivo. A profundidade ideal, a temperatura amena e a presença de luz solar e oxigênio tornaram aquele mar raso um verdadeiro laboratório da evolução. Em meio à abundância, as espécies podiam correr riscos evolutivos, testando novas formas de obter alimento, se locomover ou se proteger.
A descoberta lança uma nova luz sobre as condições que favoreceram o surgimento da vida complexa na Terra. Em vez de extremos hostis, como frio intenso ou mares revoltos, foi um equilíbrio delicado de fatores ambientais que permitiu que a criatividade da natureza se manifestasse em criaturas tão estranhas quanto fascinantes.
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Segundo os autores do estudo, publicado na revista Science Advances, esses fósseis são uma janela inédita para um momento-chave da história da vida. E talvez, mais do que contar como os animais viviam naquele tempo remoto, eles também nos ajudem a entender por que, e como, a vida se arriscou a ser tão diversa.
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