Com a chegada das festas de final de ano como Natal e Ano Novo, muitas pessoas exageram na bebida e chegam a sentir até mesmo alguns sintomas. Alguns deles pode esconder até mesmo uma ameaça cardíaca silenciosa: a chamada síndrome do coração festeiro.
O consumo exagerado e contínuo de álcool está ligado ao aumento do risco de fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca. Nessa condição, os átrios ficam eletricamente desordenados e trêmulos, enquanto os ventrículos passam a bater de maneira irregular, comprometendo o ritmo do coração.
O sintoma pode ser percebido como uma palpitação no peito, que costuma ser acompanhada por sensações como cansaço e falta de ar. Esses sintomas, muitas vezes podem se manifestar ainda durante o momento de embriaguez ou poucas horas após a bebedeira.
"Não é apenas um drinque que leva à síndrome. Para ela ocorrer, o indivíduo precisa realmente apresentar um nível de embriaguez muito elevado", explica o cardiologista Guilherme Drummond Fenelon Costa, do Einstein Hospital Israelita.
O consumo excessivo de álcool altera o pH do sangue e causa desidratação, além de frequentemente vir acompanhado de pouco sono e perda de eletrólitos. Essa combinação cria o cenário propício para o surgimento da síndrome do coração festeiro.
Quer mais notícias sobre Saúde? Acesse nosso canal no WhatsApp
Problema subestimado
A primeira descrição da síndrome apareceu em um artigo de 1978 do American Heart Journal. À época, ela era considerada apenas uma hipótese, sustentada por relatos de um número limitado de pacientes hospitalizados em Nova Jersey, nos EUA.
"Uma das descobertas mais marcantes foi a consistência com que a exposição excessiva ao álcool desencadeou arritmias em diversas populações", destaca o cardiologista e autor correspondente do artigo, Jhiamluka Zservando Solano Velasquez, que é pesquisador na Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Mesmo associada a reações nocivas e a um maior risco de complicações graves, como AVC e insuficiência cardíaca, a síndrome do coração festeiro segue sendo subestimada. Um dos motivos é que a arritmia frequentemente melhora sozinha em até 48 horas, dispensando intervenções hospitalares mais complexas.
A orientação é beber com moderação
Arritmias são mais comuns em indivíduos acima dos 60 anos e em pessoas com doenças cardiovasculares prévias, como coração aumentado, infarto, pressão alta e aterosclerose. Pacientes que já tiveram fibrilação atrial podem voltar a sentir palpitações em diferentes situações, independentemente do consumo de álcool, o que torna essencial o acompanhamento com um cardiologista para avaliação e prevenção.
"Neste final de ano, o equilíbrio precisa ser a palavra-chave. Se a pessoa gosta de beber para celebrar, ela pode fazer isso durante as festas, desde que evite o exagero", pontua o médico do Einstein. "Além de ficar atento à quantidade de bebida, deve-se tomar o cuidado de espaçar uma dose da outra para dar tempo do corpo metabolizar a substância, manter a hidratação, fazer refeições leves e ter boas noites de sono."
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar