O fim do ano chega trazendo rituais que se repetem quase automaticamente: reuniões familiares, mesas fartas, conversas longas e sabores que carregam memória afetiva. Entre eles, panetone e chocotone ocupam um lugar simbólico que vai além da comida, representando celebração, afeto e encerramento de ciclos - ainda que, junto com esse clima festivo, surjam questionamentos sobre saúde e alimentação equilibrada.
Do ponto de vista da nutrição, porém, a resposta está longe dos extremos. Nem heróis das ceias nem vilões da dieta, panetone e chocotone precisam ser entendidos dentro do contexto em que são consumidos. A quantidade, a frequência e os hábitos alimentares ao redor dessas escolhas são fatores decisivos para definir seus impactos no organismo.
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PICOS DE GLICOSE E CONSUMO OCASIONAL
Nutricionalmente, ambos concentram açúcar, farinha refinada e gordura, combinação que favorece picos rápidos de glicose no sangue. Segundo a nutricionista Carla de Castro, da clínica Sallva, em Brasília, esse efeito pode provocar baixa saciedade e oscilações de energia ao longo do dia. "Isso interfere no funcionamento cerebral, no humor, na concentração e pode gerar sensação de cansaço mental, principalmente quando o consumo é excessivo", explica.
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Ainda assim, o consumo ocasional típico das festas não é motivo para alarme em quem mantém uma rotina alimentar equilibrada ao longo do ano. A nutricionista clínica Fabiana Borrego, que atua em São Paulo, destaca que o maior erro é rotular alimentos como proibidos. "O panetone é um alimento de alta densidade energética, rico em açúcar e gordura, e por isso deve ser consumido de forma esporádica. O problema não está no alimento em si, mas na quantidade e na frequência", afirma.
PANETONE X CHOCOTONE: QUAL É MAIS CALÓRICO?

Em termos de composição, panetone e chocotone oferecem principalmente carboidratos simples e gorduras, com pequenas quantidades de proteína. Vitaminas e minerais aparecem em níveis discretos, o que faz com que não sejam considerados alimentos de alto valor nutricional. Ainda assim, há diferenças entre as versões. O panetone tradicional, com frutas cristalizadas e uvas-passas, costuma ter menos gordura e calorias, além de pequenas quantidades de fibras e minerais trazidas pelas frutas.
Já o chocotone, adaptação brasileira do clássico italiano, apresenta maior teor de açúcar e gordura devido às gotas de chocolate, resultando em leve aumento calórico. As versões recheadas - como trufado, brigadeiro ou doce de leite - exigem atenção redobrada. O recheio pode dobrar ou até ultrapassar o valor energético da versão tradicional em uma única fatia. "Essas opções pedem mais cuidado, especialmente para quem tem diabetes, resistência à insulina ou alterações no colesterol", alerta Fabiana.
MODERAÇÃO É POSSÍVEL
Para um consumo mais consciente, não existe uma porção universal. Peso, nível de atividade física, gasto energético diário e condições de saúde individuais influenciam diretamente essa escolha. Ainda assim, algumas estratégias ajudam a minimizar os impactos: evitar usar o panetone como substituto de refeições, fracionar as porções e não repetir o consumo várias vezes ao dia.
"Manter refeições equilibradas, com boa oferta de proteínas e fibras, ajuda no controle glicêmico, na manutenção da energia e no bem-estar mental, especialmente em um período que já costuma ser mais intenso”, orienta Carla. Assim, panetone e chocotone seguem cumprindo seu papel nas celebrações, não como culpa à mesa, mas como escolha feita com consciência.
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