A oficialização de Flávio Bolsonaro como candidato de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2026 provocou uma imediata divisão na direita brasileira. A decisão, revelada pela imprensa nesta sexta-feira (05), gerou tensão entre o núcleo bolsonarista e a ala mais moderada, que defendia o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como possível candidato.
Nas redes sociais, perfis ligados ao círculo mais fiel ao ex-presidente celebraram a indicação. “Meu candidato para 2026 chegou”, publicou um apoiador, acompanhado de uma imagem em inteligência artificial de Flávio com a faixa presidencial. “Flávio Bolsonaro no primeiro turno. E sendo bolsonarista tem de seguir os passos do capitão. Ele falou, está falado”, afirmou outro. O ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, comentou que “toda e qualquer decisão do ex-presidente é soberana”.
Meu candidato para 2026 chegou https://t.co/Q8XivYmqbZ pic.twitter.com/gDVrmara2Y
— Companheiro Mafinha (@MafinhaBarba) December 5, 2025
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Por outro lado, defensores de Tarcísio expressaram frustração. “No primeiro turno, voto no Renan Santos, no segundo, voto no Lula, contra o Flávio rachadinha”, ironizou uma. “Bolsonaro me fazendo votar no Lula. No Lula, cara”, escreveu outra. Houve ainda críticas à decisão como autossabotagem. “A gente percebe que o Bolsonaro não tá regulando bem quando prefere indicar o Flávio e mofar na cadeia a indicar o Tarcísio. E vamos de mais quatro anos de Lula”, disse uma internauta.
O impacto político e econômico da escolha também foi comentado. Um apoiador destacou que a movimentação deve influenciar o mercado, lembrando que o “Trade Tarcísio” tem sido o principal motor da alta da Bolsa e da queda do dólar nos últimos meses. Outro lembrou que muitos viam Tarcísio como o único nome competitivo. “É muita vontade de apodrecer na cadeia. O único que tinha alguma chance era o Tarcísio”, disse.
É muita vontade de apodrecer na cadeia. O único que tinha alguma chance era o Tarcísio.
— Manoel Filho (@ManoelFilhoPi) December 5, 2025
Contudo, a aposta em Flávio é considerada estratégica dentro do clã Bolsonaro. Preso na sede da Polícia Federal, em Brasília, e inelegível, o ex-presidente avalia que o senador apresenta perfil mais moderado, maior capacidade de diálogo político e palanques robustos, incluindo apoios de Tarcísio e do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. A expectativa é que Flávio intensifique viagens pelo país e desenvolva uma agenda de pré-campanha para ampliar sua projeção nacional.
Além disso, a escolha por Flávio Bolsonaro movimento também reorganiza o cenário da direita. Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, deve concorrer ao Senado pelo Distrito Federal, enquanto o vice da chapa de Flávio deve surgir de um partido de centro.
Já no campo governista, lideranças do PT defendem que Geraldo Alckmin (PSB) repita a dobradinha com Lula para as eleições de 2026. Além disso, segundo informações recentes divulgadas pela imprensa, Tarcísio foi informado pessoalmente da decisão pelo próprio Flávio durante encontros recentes em São Paulo.
Flávio Bolsonaro em meio a escândalos de corrupção
A possível candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026 já levanta muitas questões, principalmente por conta do passado dele marcado por investigações e polêmicas. Conhecido pelo envolvimento no esquema das "rachadinhas", quando ainda era deputado estadual no Rio de Janeiro, Flávio sempre esteve no centro de suspeitas de corrupção. A investigação, que apura a prática de desvio de salários de assessores, nunca deixou de gerar controvérsia, especialmente pela proximidade da família Bolsonaro com o esquema.
Além disso, em 2021, Flávio obteve um financiamento de R$3,1 milhões para a compra de uma mansão de R$5,97 milhões em Brasília. Nessa época, ele declarou uma renda de R$56 mil por mês e alegou grande parte desse valor vinha de uma franquia de chocolates. Contudo, não há registros claros de que ele estivesse realmente à frente de um negócio de sucesso. Além disso, a alegação de atuar como advogado também foi questionada, já que não há nenhum processo registrado no nome dele, o que levanta suspeitas sobre a versão dos fatos defendida por el.
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Em meio a isso, surgiram críticas de que o financiamento teria sido favorecido, devido à posição de Flávio como senador e ao fato de ser filho de Jair Bolsonaro, então presidente da época. A deputada Erika Kokay, por exemplo, entrou com uma ação popular questionando a legalidade do empréstimo e pedindo mais explicações sobre o processo. O BRB, por sua vez, defendeu que seguiu os trâmites legais.
Outro ponto que chamou a atenção foi a rapidez com que Flávio quitou o financiamento. Inicialmente, o contrato tinha prazo de 30 anos, mas ele pagou a dívida em um tempo muito mais curto, entre 2022 e 2024. As parcelas, que variaram entre R$198 mil e R$997 mil, geraram novas especulações sobre a origem dos recursos. Embora tenha dito que usou recursos do negócio para a entrada da mansão, a falta de informações concretas sobre a operação da loja e a forma como ele gerenciava a empresa deixam a história incompleta.
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