
Um mês após a trágica morte de Flávia Cunha Costa, 43 anos, a dor da perda continua acompanhada por um grito que ainda ecoa: justiça. No próximo sábado (9), às 10h, familiares, amigos e apoiadores vão se reunir na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Belém, para celebrar a missa de um mês da vítima, que teve a vida interrompida após sofrer abusos dentro de um grupo religioso investigado por maus-tratos, violência psicológica e exploração financeira.
O momento de oração também será de denúncia. A celebração busca não apenas homenagear a memória da vítima, mas lembrar que sua morte não foi um acaso, foi consequência de um ciclo de violências praticadas sob a fachada da religiosidade. A missa ocorrerá na igreja localizada na rua Antônio Barreto, no bairro de Fátima.
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Ela foi deixada sem identificação no Pronto Socorro do Guamá no dia 18 de junho, em estado crítico, com sinais evidentes de desnutrição extrema. Quem a levou ao hospital alegou que era apenas uma vizinha, omitindo qualquer vínculo.
A vítima faleceu no dia seguinte, sozinha e sem documentos, sendo registrada no Instituto Médico Legal como indigente. A confirmação da morte para a família só veio quase duas semanas depois, quando parentes procuraram a Delegacia da Mulher para relatar novas suspeitas contra o grupo religioso.
Laudos médicos apontaram que a morte foi causada por maus-tratos prolongados e desnutrição severa. No dia 4 de julho, duas pessoas foram presas pela Polícia Civil: os fundadores do grupo, suspeitos de manter a vítima sob dominação mental e emocional. As investigações correm em segredo de justiça.
Silenciada, mas não esquecida
Nas redes sociais, a família tem feito convites públicos para a missa e mobilizado a sociedade. O momento é de fé, memória e luta. Os familiares convidam todas as pessoas que se solidarizam com a história da vítima e que clamam por justiça a estarem presentes nesse momento de homenagem por sua vida e memória. Ela foi vítima de abusos cometidos sob o disfarce da fé. Que nenhuma outra seja silenciada.
O caso continua cercado por dificuldades. O acompanhamento do processo judicial tem sido limitado, já que os autos estão sob sigilo. Os familiares afirmam que os suspeitos estão presos, mas que não conseguem acesso a muitas informações.
Ainda assim, confiam que a investigação revele tudo: como se dava a manipulação, como o dinheiro da vítima era usado, como se estruturou a rede de controle emocional.
A família também reforça quem a vítima foi antes de todo o sofrimento: uma pessoa sensível, amorosa e inteligente. Essa lembrança precisa ser preservada. Ela merece ser reconhecida por sua essência, não apenas pelo fim trágico que teve.
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O uso da fé como ferramenta de dominação
Os acusados não eram falsos líderes religiosos, segundo os familiares. Tinham reconhecimento formal, seguidores, espaços estabelecidos. O que fizeram foi utilizar a autoridade espiritual para manipular e explorar emocional e financeiramente. O entendimento da família é de que a lei precisa ser aplicada com rigor nesse tipo de situação.
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