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"A GRANDE TURMA DA AMIZADE"

UFPA celebra Jubileu de Ouro da turma de Medicina de 1975

Evento realizado no Instituto de Ciências Médicas da UFPA destaca memória institucional, trajetória de profissionais históricos e desafios da formação médica.

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Imagem ilustrativa da notícia UFPA celebra Jubileu de Ouro da turma de Medicina de 1975 camera Em clima de emoção e reencontro, a UFPA celebra 50 anos da Turma de Medicina de 1975. | Emerson Coe/DOL

Na manhã desta quarta-feira (3), os corredores do Instituto de Ciências Médicas (ICM/UFPA) começaram a ser ocupados por reencontros, lembranças e passos que carregavam meio século de história. Ali, onde gerações de médicos cruzaram portas para aprender anatomia, ética e valores, a Universidade Federal do Pará celebrou o Jubileu de Ouro da Turma de Medicina de 1975 - um marco que resgata a memória institucional da universidade e reafirma a importância da formação médica no Estado.

Realizada no Salão Nobre do ICM, a cerimônia reuniu ex-alunos, docentes, representantes da UFPA e familiares para homenagear a maior turma já formada pela Faculdade de Medicina: 292 médicos diplomados em 8 de dezembro de 1975. "A importância (do evento) é muito grande. São 50 anos de formado, nosso Jubileu de Ouro, e nenhuma turma até hoje superou nosso número de concluintes", destacou o Dr. Alberto Gomes Ferreira Júnior, cardiologista aposentado e ex-professor da UEPA.

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Orador da turma de 1975, Ferreira Júnior, aproveitou o evento para lembrar que vários colegas marcaram a medicina paraense ao longo das cinco última décadas. Entre os destaques citados, estão o radiologista Arnaldo Lobo Neto; o cirurgião geral e bariátrico Luiz Cláudio Lopes Chaves; o anestesiologista Rui Rodrigues; e o saudoso virologista Alexandre da Costa Linhares, renomado internacionalmente pelo trabalho no Instituto Evandro Chagas. Também foram mencionados profissionais que atuaram fora do estado, como o anestesiologista José Raul, radicado em São Paulo. "A lista é longa, e sempre corremos o risco de esquecer alguém", afirmou o médico.

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A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO MÉDICA

O Dr. Alberto Gomes Ferreira Júnior destaca a importância da formação médica de qualidade.
📷 O Dr. Alberto Gomes Ferreira Júnior destaca a importância da formação médica de qualidade. |Emerson Coe/DOL

A solenidade também serviu como momento de reflexão sobre o presente e o futuro da profissão. Para Ferreira Júnior, a comemoração faz justiça aos médicos septuagenários que continuam contribuindo para a saúde pública, mas reforça um alerta: "Precisamos formar bons médicos. Hoje vemos uma profusão de faculdades de medicina, e isso não é bom. Quando se forma muitos, não se preza a qualidade. E na medicina, um erro pode custar a vida de um paciente”.

Com tom de responsabilidade e compromisso ético, ele ressaltou que a formação exige rigor e zelo - tanto para quem escolhe a assistência quanto para quem segue o caminho da docência. "O paciente é sempre o objetivo número um. E quem ensina medicina deve transmitir conhecimento com responsabilidade para as novas gerações".

O LEGADO HISTÓRICO DO ICM

No Salão Nobre do ICM, emoções e memórias marcaram o reencontro dos formandos de 1975, celebrando décadas de amizade.
📷 No Salão Nobre do ICM, emoções e memórias marcaram o reencontro dos formandos de 1975, celebrando décadas de amizade. |Emerson Coe/DOL

Enquanto o Salão Nobre do Instituto de Ciências Médicas da UFPA recebia os convidados para a cerimônia, o Prof. Dr. Silvestre Savino Neto, diretor-geral do ICM fez questão de lembrar que aquele espaço - palco de tantas defesas, solenidades e histórias - pertence a todos que ajudaram a construir a medicina paraense.

Para o gestor, o Jubileu de Ouro da Turma de 1975 vai muito além de um reencontro festivo. Ele representa a celebração de um patrimônio humano acumulado ao longo de 106 anos de existência da Faculdade de Medicina, que já formou quase 20 mil médicos. "Comemorar 50 anos de uma turma, com uma quantidade tão grande de colegas presentes, é um fato especial. Talvez nunca tenhamos conseguido reunir tantas pessoas ao mesmo tempo para uma data como essa", ressaltou.

VÍNCULO INSTITUCIONAL E EVOLUÇÃO DA MEDICINA

Dr. Silvestre Savino Neto, diretor-geral do ICM/UFPA, destacou o vínculo duradouro entre a instituição e seus membros.
📷 Dr. Silvestre Savino Neto, diretor-geral do ICM/UFPA, destacou o vínculo duradouro entre a instituição e seus membros. |Emerson Coe/DOL

Silvestre destacou ainda o vínculo permanente entre a instituição e seus egressos. Mesmo depois de ingressarem no mercado e seguirem carreiras diversas, os formandos continuam pertencendo à "casa". "O fato de ter estudado aqui não deixa de fazer de você parte dela. A Faculdade de Ciências Médicas é de todos nós que passamos por essa escola."

Ao refletir sobre os 50 anos que separam a formatura de 1975 da celebração atual, o diretor enfatizou a transformação profunda pela qual passou a medicina. Uma geração formada em livros impressos, anfiteatros e modelos anatômicos atravessou o advento da informática, da telemedicina, das novas terapias e de uma revolução tecnológica que redesenhou diagnósticos e tratamentos. "Eles conseguiram caminhar nesse emaranhado imenso de novas informações e novos tratamentos. É um patrimônio de conhecimento reunido aqui."

A EMOÇÃO DO REENCONTRO

Dr. João de Deus recebe o diploma comemorativo do Jubileu de Ouro das mãos de Silvestre Savino Neto, diretor-geral do ICM/UFPA.
📷 Dr. João de Deus recebe o diploma comemorativo do Jubileu de Ouro das mãos de Silvestre Savino Neto, diretor-geral do ICM/UFPA. |Emerson Coe/DOL

O Salão Nobre estava cheio de abraços demorados e histórias ditas em voz baixa quando o médico João de Deus, aos 75 anos, recém-aposentado do Hospital Ophir Loyola, resumiu em poucas palavras o sentimento coletivo da manhã: emoção. Para ele, o Jubileu de Ouro da Turma de Medicina de 1975 é mais que uma data simbólica - é a celebração de cinco décadas de dedicação à saúde e de um reencontro raro entre profissionais que ajudaram a escrever parte da história da medicina no Pará.

"Além da importância, a emoção é muito grande. São 50 anos", disse o médico, lembrando que a turma à qual pertenceu era extraordinariamente numerosa: cerca de 300 formandos. Hoje, apenas 76 puderam participar da comemoração. "Muitos estão em outros estados, alguns já faleceram. Por isso este jubileu tem que ser encarado com muita felicidade. São 50 anos de luta pela saúde", enfatizou. Questionado sobre o impacto dessa geração na medicina brasileira, João de Deus é categórico: "São verdadeiros profissionais. Encararam a profissão sempre com o slogan de salvar vidas. E muitas vidas, com certeza, foram salvas.”

VEJA A ENTREVISTA COM O DR. JOÃO DE DEUS:

"A GRANDE TURMA DA AMIZADE"

Dr. Alberto Ferreira Júnior, Dra. Maria Eda e o diretor-geral do ICM, Silvestre Savino Neto, durante a celebração do Jubileu de Ouro da Medicina 1975.
📷 Dr. Alberto Ferreira Júnior, Dra. Maria Eda e o diretor-geral do ICM, Silvestre Savino Neto, durante a celebração do Jubileu de Ouro da Medicina 1975. |Emerson Coe/DOL

O reencontro no prédio histórico da antiga Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará parecia um retorno ao primeiro dia de aula. Risos, abraços e vozes animadas enchiam os corredores, como se o tempo tivesse apenas tirado férias. Foi nesse clima que a anestesiologista e professora da UEPA Maria Eda Gil Alves Valle, a doutora Eda, definiu o Jubileu de Ouro da Turma de 1975 em uma palavra que repetiu com convicção: união.

"Somos uma turma única", afirmou. E não é exagero: meio século depois da formatura, 76 colegas conseguiram se reunir. Um feito raro, que, para ela, é símbolo da força afetiva que sempre marcou o grupo. Nos anos 1970, em meio às tensões políticas do país, os estudantes se apoiavam mutuamente e criaram laços que resistiram ao tempo. "Ao longo de 50 anos nós nunca nos separamos. Festejamos os 5, os 10, os 15, os 20, até chegar aos 50", lembrou Maria Eda. "Se tivéssemos que definir essa turma, seria a grande turma da amizade. Foi um amor que permanece”, definiu.

A PRESENÇA FEMININA NA TURMA DE 1975

A presença feminina na Turma de 1975 evidencia a força e a representatividade das mulheres do curso.
📷 A presença feminina na Turma de 1975 evidencia a força e a representatividade das mulheres do curso. |Emerson Coe/DOL

A turma de Eda também carrega marcas históricas. Com centenas de formandos, foi uma das maiores da instituição e a última do modelo "seriado", em que os alunos cursavam os anos de forma linear - do primeiro ao sexto ano - antes da implantação do regime de créditos. Segundo ela, essa estrutura reforçou a convivência diária e solidificou a identidade coletiva.

Outro destaque da época foi a presença crescente de mulheres. Enquanto décadas anteriores tinham poucas alunas por turma, os anos 1970 abriram espaço para um número expressivo. "Na nossa turma éramos pelo menos 60 mulheres. Muita mulher", lembra Eda, celebrando a expansão feminina em um ambiente historicamente masculino.

VEJA A ENTREVISTA DA DRA. MARIA EDA:

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