
O Exército Brasileiro realizou, em Tucuruí, um exercício de adestramento da 23ª Brigada de Infantaria de Selva (23ª Bda Inf Sl), com sede em Marabá, subordinada ao Comando Militar do Norte. O objetivo da atividade foi certificar a Brigada como Força de Prontidão (FORPRON), responsável por manter capacidade de emprego imediato em operações militares e de apoio à segurança nacional.
O treinamento envolveu operações ofensivas, defensivas e de estabilização em ambiente de selva. Entre as ações desenvolvidas estão infiltrações terrestres, deslocamentos fluviais, transporte aéreo, uso de drones e atividades de apoio à população.
Preparação para a COP30
Além da certificação operacional, parte do exercício foi voltada para demandas relacionadas à Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém. As tropas treinaram a defesa de estruturas estratégicas, como a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, e simularam operações de proteção de instalações energéticas na Amazônia.
Segundo o general Enio Magalhães, comandante da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, com sede em Marabá, a preparação busca atender tanto a cenários de defesa externa quanto a situações internas de segurança:
Estamos realizando um exercício de adestramento avançado, o coroamento da nossa preparação como grande unidade. O objetivo é atingir os mais altos níveis de eficiência operacional e logística. Esse contexto é voltado para a defesa externa, mas as capacidades da Brigada também podem ser utilizadas em operações de garantia da lei e da ordem, como visualizamos para a COP30
General Enio, Comandante da 23ª Brigada de Infantaria de SelvaO comandante destacou ainda a escolha da Usina de Tucuruí como parte do treinamento. "Uma das ações em andamento é a defesa de uma instalação essencial, como a usina hidrelétrica. Durante a COP30, estruturas como Tucuruí, Belo Monte e subestações de energia em Belém também serão protegidas, por estarem diretamente relacionadas à segurança do evento”, explicou.

Defesa antiaérea
O treinamento incluiu o uso do sistema de mísseis antiaéreos RBS 70, de fabricação sueca, empregado pela Artilharia Antiaérea do Exército Brasileiro. O equipamento possui alcance vertical de até 4 km e horizontal de até 7 km, sendo operado por três militares — um sargento comandante de tiro, um cabo atirador e um soldado remuniciador — e pode ser empregado na defesa de tropas em combate ou de infraestruturas críticas.

Com um sistema, portátil e de fácil deslocamento, é guiado por feixe de laser e controlado manualmente pelo atirador até atingir o alvo. Segundo o sargento Amaral, do 4º Grupo de Artilharia Antiaérea (4º GAAAe), em Sete Lagoas (MG), designado para comandar a utilização dos mísseis na missão, o RBS 70 tem caráter exclusivamente defensivo.
“É importante frisar que nós, da artilharia antiaérea, não temos caráter ofensivo. Nossa missão principal não é engajar ou derrubar a aeronave, mas sim impedir que ela cause algum dano ao ponto sensível que estamos defendendo. Somente em último caso, caso a Força Aérea não consiga neutralizar a ameaça, é que fazemos o engajamento e, consequentemente, o abate da aeronave”, explicou.

Também foi empregado no exercício o radar Saabe M60, capaz de detectar aeronaves a até 60 km de distância, ampliando a capacidade de monitoramento e resposta em tempo real.
O general Júlio César Nagy, chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Norte, explicou a diferença entre os cenários do treinamento e a aplicação prevista para a COP30:
“No exercício, trabalhamos em uma situação de guerra, com protocolos de ataque a aeronaves inimigas. Já na COP30, será um cenário de normalidade, em que o emprego da defesa aérea e antiaérea depende de decreto presidencial, atuando de forma complementar às forças de segurança pública.”

Comando Marajoara e atuação integrada
O comandante militar do Norte, general José Ricardo Vendramin, detalhou as ações das Forças Armadas durante a COP30. Segundo ele, o trabalho será feito de forma integrada, por meio do Comando Operacional Conjunto Marajoara, criado em maio pelo Ministério da Defesa.
“Para a COP30, foi criado em maio, pelo Ministério da Defesa, o Comando Operacional Conjunto Marajoara, do qual eu sou o comandante. Nesse comando, trabalhamos junto com as demais Forças Armadas — Marinha e Força Aérea — unindo efetivos e meios para planejar e executar as ações de defesa e segurança durante o evento.”
General Vendramin, Comandante Militar do NorteVendramin destacou que a defesa antiaérea será um dos pontos estratégicos da atuação do Exército:
“O Exército contribui com a defesa antiaérea, ou seja, enquanto a Força Aérea atua por meio de aviões de baixa e alta performance, nós atuamos com a artilharia antiaérea, utilizando mísseis e foguetes. Um exemplo disso é a unidade RBS 70, que faz parte do nosso sistema de defesa. Os eventos aéreos ficam sob responsabilidade da Força Aérea, enquanto os eventos em solo são de responsabilidade da artilharia antiaérea do Exército. Assim, fornecemos meios e unidades para que, por meio do COMAIR, esses recursos sejam empregados na proteção das autoridades durante a COP30.”

Força de prontidão estratégica
A 23ª Brigada de Infantaria de Selva é classificada como Força de Emprego Estratégico do Exército, podendo ser acionada em qualquer região do país. De acordo com o Comando Militar do Norte, o exercício em Tucuruí integra a preparação para diferentes cenários, desde operações de combate na selva até missões de apoio em situações emergenciais.
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