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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A arte como pilar essencial para a consciência ambiental

Coletivo de Bragança desenvolve ações culturais para crianças, jovens e adultos, unindo a arte e a ciência em prol do desenvolvimento sustentável a partir da sensibilização da própria comunidade. Conheça o projeto

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Imagem ilustrativa da notícia A arte como pilar essencial para a consciência ambiental camera Crianças participando de oficinas | Foto: Divulgação

Mais do que entreter e emocionar, a arte também pode ser uma importante ferramenta para promover a conscientização ambiental. E é este entendimento que permeia as atividades desenvolvidas por um coletivo instalado na zona rural do município de Bragança, mais especificamente na Comunidade do Camutá. Sede do coletivo Águas do Caeté, a Casa da Mata desenvolve ações culturais voltadas, entre outras frentes de atuação, à conscientização sobre a correta utilização dos recursos oferecidos pela floresta.

Professora de biologia e coordenadora da Casa da Mata de Bragança, Kelle de Nazaré Cunha conta que o local é um espaço cultural que surgiu a partir da iniciativa dela e de um grupo de amigos. Ponto de cultura reconhecido pelo Ministério da Cultura, a casa recebe e reúne músicos, poetas, artistas, a comunidade LGBTQIA+, mestres da cultura popular, produtores culturais, universitários, professores, grupos artísticos, grupos de mulheres extrativistas e associações da sociedade civil diversas que acreditam no poder da arte como uma estratégia para amplificar, sensibilizar e problematizar para a sociedade causas e reivindicações diversas.

“A gente vem desenvolvendo vários projetos e a bandeira que a gente levanta é a bandeira da ciência, da arte e da cultura. E a gente usa essa arte como ferramenta para sensibilizar”, pontua. “A gente faz isso por meio de ciclos de oficinas que, em sua maioria, são direcionadas à comunidade mesmo, com o objetivo de salvaguardar esses recursos naturais, essa história, o legado dessa ancestralidade da Amazônia”.

Entre as atividades desenvolvidas na casa, Kelle destaca um projeto de saneamento ecológico, além de atividades ligadas à permacultura e à agroecologia. Além das oficinas, desenvolvidas em parcerias com ONGs, e que são voltadas para a comunidade e para estudantes, o próprio espaço se preocupa em tratar os seus efluentes. “O Camutá, onde a Casa da Mata está localizada, é muito significativo para Bragança e fica às margens do Rio Caeté, uma comunidade de extrativistas e produtores de farinha. Então, a gente desenvolve, por exemplo, medidas de tratamento de água através de tecnologias sociais, que são práticas de fácil replicação e que se deseja que sejam desenvolvidas em parceria com a comunidade. A gente faz, por exemplo, o tratamento da nossa água aqui na Casa da Mata”.

Através de tecnologias sociais como o filtro de água cinza, a casa consegue tratar a água que sai da pia do banheiro, da máquina de lavar e do chuveiro. Essa água é direcionada para um sistema chamado Círculo de Bananeiras, que consegue promover o processo de limpeza dessa água de forma natural. Além dessa, também é feito o tratamento da chamada água escura, que é a que provém do vaso sanitário e que é tratada através de uma outra tecnologia social chamada de Bacia de Evapotranspiração (BET), uma fossa ecológica que recicla a água suja e devolve sem contaminantes para o meio ambiente. Além de contribuir com a sustentabilidade das próprias atividades da Casa, essas tecnologias também são usadas como meios de educação ambiental. “A gente usa essa fossa, por exemplo, para dar aula de química, física e biologia porque acontecem vários processos dentro dessa fossa. A gente recebe muitos alunos da UFPA (Universidade Federal do Pará), do IFPA (Instituto Federal do Pará), estamos fortalecendo os laços com os alunos da escola da comunidade, que é municipal”.

Destacando que a Casa da Mata está localizada no entorno da Reserva Extrativista Caeté-Taperaçu, uma unidade de conservação localizada no município de Bragança, Kelle considera que o papel das atividades desenvolvidas dentro do espaço cultural passa, necessariamente, pela conscientização da necessidade de preservação dos recursos naturais, mas também pela missão de contribuir com a preservação dos saberes tradicionais que estão ligados às comunidades que vivem no entorno. “Essas pessoas que a gente atende são pessoas que têm condições sociais, culturais e econômicas que se distinguem de outros setores. Elas são regidas total ou parcialmente pelos seus próprios costumes e tradições. Então, a gente tenta promover a proteção de culturas tradicionais dentro do ambiente que essas pessoas vivem e que a gente vive também. A gente tem uma grande sociobiodiversidade aqui, então, a gente tenta proteger essa diversidade biológica e, consequentemente, preservar a diversidade cultural”.

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O projeto que vem sendo desenvolvido mais recentemente no espaço visa salvaguardar justamente esse patrimônio cultural que está ligado aos povos originários da floresta. A coordenadora conta que, atualmente, o coletivo vem atuando para a criação do Ecomuseu do Caeté. “A Casa da Mata está localizada às margens do Rio Caeté, que é o rio que passa na frente da cidade. E aqui no entorno tem muitos fragmentos cerâmicos que a gente encontra, inclusive, aqui na superfície, passando no caminho. E eu comecei a guardar esses objetos que eu encontrava na superfície porque a gente está tentando organizar um acervo para montar um museu comunitário”, explica Kelle, ao contar que o projeto conta com a parceria do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). “A gente sabe que a Amazônia é terra indígena, então, a gente encontra vários fragmentos de ocupação humana aqui no entorno da casa, são fragmentos cerâmicos e líticos. E a gente precisa identificar esse material. O próximo passo é dar continuidade ao inventário participativo”.

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Como parte desse projeto, uma oficina de arqueologia para crianças também já foi realizada no espaço, voltada principalmente para os alunos da escola municipal localizada na comunidade e que reúne crianças de 5 a 11 anos. Através dessas e outras ações de promoção da cultura, o que o espaço pretende é levar conscientização sobre a riqueza que marca a sociobiodiversidade amazônica. “Eu sou professora de biologia e acredito que a biologia não está dissociada da arte, da cultura. Então, a gente tenta usar a arte para sensibilizar as pessoas sobre problemas diversos”, finaliza Kelle.

A arte como pilar essencial para a consciência ambiental
📷 |Arte/RBA
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