A arte está presente no muro do Mangal das Garças

Criada entre os bairros do Jurunas e Cidade Velha, às proximidades da orla que hoje compõe o Portal da Amazônia, a artista visual Lenu (@lenuarte) sempre avistou o grande muro que circunda o espaço do Mangal das Garças com olhos de artista, imaginando como seria ter uma pintura naquele local.

A oportunidade de realizar essa vontade veio quando ela foi aprovada no edital do projeto Arte em Cores, que dá espaço para diferentes expressões artísticas urbanas, desde o grafite, até o estêncil e a colagem. Na edição deste ano, o projeto já viabilizou a realização de murais feitos por 25 artistas no espaço urbano de Belém, entre eles o da Lenu.

Foram necessários vários dias de trabalho intenso para que a artista visual de 28 anos conseguisse preencher os 212 metros quadrados que compõem o muro externo do Parque Zoobotânico do Mangal das Garças. Entre cores e formas, o que se avista no grande mural são referências que falam sobre a identidade amazônida e a força das mulheres locais.

“Esse mural fala da importância dessa ligação que tem entre o meio ambiente, a nossa cultura, entre as relações das pessoas. Fala um pouquinho também da história da minha família que veio do Xingu, então tem um pedacinho que eu faço essa homenagem aos meus antepassados, às minhas raízes. Tem uma referência também à Tuíra Kayapó, que é uma ativista indígena, então, eu fiz uma homenagem àquela foto histórica dela de 1989 e isso já faz uma amarração para homenagear a força das mulheres que têm na Amazônia”.

Lenu conta que a arte faz parte de sua vida desde muito pequena e, através do incentivo de pessoas próximas, ela começou a desenvolver trabalhos em espaços menores, até passar para os grandes espaços dos muros urbanos. “Eu sempre tive uma relação muito próxima com a arte, desde que eu era criança já pintava e desenhava muito e tive muito incentivo também da minha família porque era algo que gostava muito de fazer. Com a arte urbana eu estou há uns 10 anos, antes disso eu fazia as telas, fazia estamparia de camisa, fazia encomenda para amigos e familiares de várias pessoas e depois eu comecei a ir para as paredes e, consequentemente, a ir para essa área mais pública, da rua”.

Como parte do processo de entrega da obra, no sábado (16) Lenu e a coordenação do projeto Arte em Cores fixaram a placa que leva mais informações sobre a obra aos que passam pelo local. Através do QR Code impresso na placa, qualquer pessoa pode não apenas conhecer mais sobre aquele mural como também acompanhar a galeria virtual com os demais murais que integram o projeto que está na sua terceira edição.

O coordenador geral do Projeto Arte em Cores, André Amparo, explica que em Belém foram selecionados 25 artistas que fizeram painéis em diferentes pontos da cidade e que também integram a galeria virtual junto com as obras realizadas nos anos anteriores.

“O Arte em Cores está na terceira edição, então, a galeria virtual já reúne um acervo bem interessante da arte de rua do Pará e do Maranhão de uns três a quatro anos para cá. Só este ano, o projeto está produzindo 106 obras no Pará e no Maranhão”, aponta. “Ele é um projeto de formação, não é só para artistas já reconhecidos, que estão na cena, então, também tem muita gente que pela primeira vez está fazendo um painel na rua. Gente que muitas vezes desenhava no papel, com grafite, lápis de cor e tal e que se inscreveu e foi selecionado”.

Na primeira fase do projeto os artistas selecionados produzem seus painéis em pontos escolhidos por eles próprios na cidade e, na segunda etapa, alguns artistas selecionados entre os que participam do projeto se unem para realizar um painel coletivo. Em Belém, o trabalho será realizado por oito artistas selecionados entre os 25 que integraram o projeto na primeira fase e terá como tela a concha acústica da Praça Waldemar Henrique. Os trabalhos serão iniciados a partir de quinta-feira (21).

PATROCÍNIO

O Projeto Arte em Cores tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura.