Um misto de alívio e alegria tomou conta do Hospital Materno-Infantil “Dra. Anna Turan”, em Barcarena, nordeste paraense, na tarde de sexta-feira (16). A equipe de profissionais de saúde da unidade uniu esforços para que Iria Beatriz Miranda Siqueira, 22 anos, apresentasse seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dentro da unidade, de forma remota.
A estudante de Fonoaudiologia, da Universidade da Amazônia (Unama), deu à luz um bebê prematuro de 33 semanas, que está internado na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (Ucin), para ganhar peso e tratar icterícia.
Iria Siqueira está na unidade desde o dia do parto, 07 de dezembro. E entre os cuidados com o filho e a esperança na rápida recuperação dele, a moradora do município de Abaetetuba – vizinho a Barcarena, na Região do Baixo Tocantins -, precisou se preparar para dar um passo tão importante na vida acadêmica. “Embora a rotina dentro do Hospital cuidando de um recém-nascido seja cansativa, tentei nos intervalos estudar e planejar a apresentação. Não foi fácil, mas a gente tenta manter a calma, para que no final dê tudo certo”, contou.
Mas não foram apenas as condições de apresentação do trabalho que desafiaram a estudante. Antes de chegar à aprovação com louvor da monografia sobre o tema “Fonoaudiologia e Voz na transição de gênero: uma revisão integrativa de literatura”, que recebeu a nota 10 da banca examinadora, ela enfrentou vários contratempos.
“Descobri a gravidez em julho. Foi um susto! Estava concluindo o 7º semestre. Já no 8º semestre passei a fazer estágio em Belém, Ananindeua e Icoaraci (distrito da capital), e depois retornava para Abaetetuba. Neste período, a minha maior motivação e força era pensar no meu filho. Tudo isso está sendo desafiador e cansativo. Estava me preparando para me apresentar presencialmente com a minha equipe, mas os planos de Deus foram outros”, relatou Iria.
No dia 02 de dezembro, mesmo com os primeiros sinais de parto, ela seguiu com os compromissos da faculdade. Mas quando as cólicas persistiram, Iria procurou atendimento médico e foi informada que já estava com 5 centímetros de dilatação. “Fui encaminhada para o Hospital Materno Infantil, onde tive o meu filho de parto normal. Ele nasceu com 33 semanas, pesando 1,64 kg e medindo 41 cm”, disse Iria. O peso atual do menino é 1.535 kg, e deve receber alta quando atingir 1.800 kg.
Mobilização
Quando a história se espalhou pelo Hospital começou a mobilização para que a estudante apresentasse o TCC. A equipe reservou uma sala, separou os equipamentos e viabilizou a internet. Até mesmo um mutirão de beleza foi feito para a defesa da monografia. “A equipe montou toda uma estrutura para a apresentação, até a produção dela. Para nós, é muito gratificante fazer parte desse momento. Temos com nosso principal objetivo fazer um atendimento humanizado. Por isso, estamos sempre dispostos a eternizar esses momentos", ressaltou a psicóloga Milenna Alves.
A assistente social do HMIB, Marinelza Guimarães, explicou que o Serviço Social da unidade sempre desenvolveu práticas humanizadas, por meio do acolhimento a cada paciente. “Buscamos reconhecer as particularidades de cada um, e procuramos a melhor forma de contribuir com o momento vivenciado na hospitalização. Valorizamos cada história que chega. Assim, tentamos contribuir para que a vida social das famílias siga sem maiores agravos”, destacou a profissional, para quem “ter a oportunidade de estar presente em dois momentos importantes, como o nascimento de um filho e a defesa de um TCC, pra nós do HMIB é um grande presente”.
Nova gestão
O Hospital Materno-Infantil pertence à rede de saúde pública do Governo do Pará. Localizado em Barcarena, é referência no atendimento a gestantes de alto risco e bebês oriundos de 11 municípios do Baixo Tocantins, possibilitando o acesso a serviços de alta complexidade para pacientes que antes precisavam se deslocar para a Região Metropolitana de Belém. Neste mês de dezembro, ela passou a ser gerenciada pelo Instituto Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA).
“Nossa administração sempre prezou em levar às unidades de saúde uma assistência de qualidade, aliada com a humanização. Entendemos que o usuário é o motivo de nosso trabalho, por isso não medimos esforços para que ele tenha seus anseios atendidos”, afirmou o diretor Executivo do HMBI, Flávio Marconsini.
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