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Preço do pão já subiu mais de 10% nas padarias de Belém

Aumento é consequência da alta do trigo ocasionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Sindicato prevê novos reajustes na próxima semana.

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Imagem ilustrativa da notícia Preço do pão já subiu mais de 10% nas padarias de Belém camera Algumas panificadoras reduziram a produção do alimento sagrado por causa dos gastos elevados. | Antonio Melo/Diário do Pará

De manhã ou no café da tarde, o tradicional pão francês, ou careca para os paraenses, está mais caro em Belém. Um dos motivos se explica pela alta no preço do trigo, que é a matéria prima usada na fabricação do produto, que tem sofrido constantes aumentos em função do conflito entre Rússia e Ucrânia, no Leste Europeu. No rescaldo dessa guerra que ainda não sinaliza para acabar, o produto já sofreu alta superior a 10%, que obrigam as panificadoras a aumentar o preço dos derivados como forma de compensar os constantes reajustes do trigo.

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A alta do pão é confirmada pelo Sindicato dos Panificadores do Estado (Sindipan), que também confirma que a situação tem ocorrido devido aos reajustes do trigo por causa do conflito no exterior. “A guerra tem influenciado na lei do mercado, que quanto maior a demanda, maior o preço. Isso porque a Rússia, que é um dos maiores produtores de trigo, está impedida de negociar com os países clientes dela e eles estão vindo para a Argentina, que é nosso principal fornecedor dessa matéria prima”, explicou André Carvalho,presidente do Sindipan.

Em números exatos, nos últimos 15 dias, período que abrange a invasão da Rússia à Ucrânia, o trigo sofreu alta de mais de 10% nos preços nos fornecedores, o que influencia no valor dos derivados, sobretudo o pão. “Na verdade, o trigo já sofria alta há muito tempo por outros motivos, como a alta do dólar e pandemia, mas a guerra elevou o índice desse percentual no preço junto aos fornecedores. Por isso, as panificadoras aplicam aumento no pão, com preço médio do quilo do produto variando entre R$ 12 e R$ 15, atualmente”, completou.

CONGELAMENTO

Uma panificadora localizada na avenida Romulo Maiorana, esquina com a travessa Humaitá, no bairro do Marco, tem mantido o preço do quilo do pão, mas não sabe se irá conseguir em caso de novos aumentos. “Conseguimos manter o preço na pandemia, mantivemos nesses primeiros aumentos do trigo que dizem que é por causa da guerra, mas se houver novos aumentos vamos ver se os preços do pão serão mantidos”, declarou Iury Duarte, gerente do estabelecimento.

Em outra padaria que fica na rua Mundurucus, no bairro do Guamá, a alta do trigo não influenciou apenas o preço do pão, mas também o poder de compra dos clientes. “As pessoas ainda estão consumindo o produto, mas em menor quantidade. Por exemplo, se antes levavam dez unidades, hoje compram apenas oito e a tendência é diminuir mais se os preços continuarem aumentando. A certeza é que, por conta disso, diminuímos nossa produção de pão em 20%”, afirmou Altemar Oliveira, proprietário.

E a tendência da alta do pão é mesmo de novos aumentos, situação recorrente comprovada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese-PA) que, em pesquisa divulgada no último dia 9, apontou alta de 2,5% do produto, em fevereiro, quando teve o preço médio do quilo comercializado a R$ 12,10, nas panificadoras de Belém, que pode ser impulsionada pela continuação do conflito. “A tendência é que semana que vem o aumento do trigo seja, novamente, superior a 10%. Então, os derivados também sofrerão reajustes”, estimou o presidente do Sindipan.

Aumentos devem ser gradativos nos derivados do trigo

A realidade da alta do trigo que, por sua vez, impacta no aumento dos preços dos seus derivados é uma situação sentida em todo o Brasil, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), que confirmou que a guerra impacta no preço dos insumos na cadeia produtiva e no valor final.

A quantidade de pães consumidos pelas famílias tende a cair.
📷 A quantidade de pães consumidos pelas famílias tende a cair. |Antonio Melo/Diário do Pará

Em nota, a Abimapi afirma que a disparada da cotação do trigo começa a ser sentida pelos fabricantes nas negociações com os fornecedores, porém existe a entrega de farinha compromissada em contratos antigos. O que se pode afirmar é que haverá reajustes de preços nas próximas semanas, mas, com o horizonte indefinido, já que a cada notícia da guerra, o preço do trigo no mercado internacional oscila para mais ou menos com valores expressivos.

O consumidor brasileiro deve começar a sentir os efeitos em breve, quando as indústrias comprarão as novas safras. As indústrias estão com estoques relativamente curto, pois estão no início da entressafra de trigo.

O produto também não tem estoques e varia muito de empresa para empresa. De todo modo, esse repasse tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só vez para o consumidor final.

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