
Enquanto mais de 90 bispos se reúnem em Bogotá para refletir sobre os desafios da Igreja Católica na Pan-Amazônia, uma voz atravessou fronteiras para marcar presença no encontro: a do Papa Leão XIV.
Por meio de um telegrama enviado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, o Pontífice dirigiu uma mensagem especial ao evento organizado pela Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), reforçando a missão da Igreja no coração de uma das regiões mais diversas e vulneráveis do planeta.
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O encontro, que acontece até o dia 20 de agosto, reúne representantes de 76 jurisdições eclesiásticas espalhadas pelos nove países que compõem a Amazônia. São bispos, leigos, religiosos, mulheres e lideranças indígenas que, em espírito sinodal, buscam caminhos de evangelização e de defesa da vida em meio a uma realidade marcada por conflitos ambientais, pressões econômicas e desigualdades sociais.
No telegrama, dirigido ao cardeal Pedro Ricardo Barreto Jimeno, presidente da Ceama, o Papa destacou a importância de um trabalho conjunto que una escuta, participação e colegialidade. Ele agradeceu o empenho dos bispos e lembrou que a Igreja tem o papel de oferecer apoio concreto às comunidades locais.
“É necessário fortalecer a unidade e a colaboração entre dioceses e vicariatos para que a missão evangelizadora chegue de forma eficaz aos fiéis do território amazônico”, disse a mensagem.
Evangelização e justiça social
A carta papal sublinha três dimensões inseparáveis da missão pastoral na região: anunciar o Evangelho, assegurar justiça aos povos que ali vivem e proteger a criação. Leão XIV reforçou que a presença da Igreja deve ser vivida com clareza no anúncio de Cristo e com caridade no cuidado aos mais vulneráveis.
“Ali onde se prega o nome de Cristo, a injustiça retrocede proporcionalmente”, afirmou, recordando as palavras de São Paulo sobre a fraternidade que liberta da exploração.
A referência aos povos amazônicos também foi direta. O Papa ressaltou a necessidade de se oferecer à população o “pão fresco da Boa Nova” e a Eucaristia como centro da vida cristã, lembrando que a fé deve caminhar lado a lado com a dignidade humana e a superação de estruturas de opressão.
Defesa da “casa comum”
O telegrama também trouxe uma forte mensagem ecológica, em sintonia com a encíclica Laudato Si’ e com a exortação apostólica Querida Amazônia. Leão XIV citou Santo Inácio de Loyola para enfatizar que os bens naturais são dons de Deus e não podem ser destruídos ou idolatrados. “O direito e o dever de cuidar da casa que nos foi confiada é uma expressão de fé e de salvação”, destacou o documento.
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Ao final, a mensagem papal foi concluída com a bênção apostólica, como um gesto de encorajamento àqueles que, no coração da Amazônia, tentam unir fé, justiça e cuidado ambiental.
Veja a mensagem na íntegra:
“É necessário que Jesus Cristo, em quem se recapitulam todas as coisas, seja anunciado com clareza e imensa caridade entre os habitantes da Amazônia, de tal forma que temos de nos esforçar por lhes dar o pão fresco e límpido da Boa Nova e o alimento celeste da Eucaristia, único meio para ser verdadeiramente o povo de Deus e o corpo de Cristo. Nesta missão, move-nos a certeza, confirmada pela história da Igreja, de que ali onde se prega o nome de Cristo a injustiça retrocede proporcionalmente, pois, como assegura o Apóstolo Paulo, toda a exploração do homem pelo homem desaparece se somos capazes de nos recebermos uns aos outros como irmãos.”
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