
O mundo volta os olhos para a Amazônia como peça-chave na construção de um futuro mais sustentável, e o Pará emerge como referência ao conectar sua rica biodiversidade à economia e cultura local. Prova disso é a mais recente iniciativa da Associação de Sociobioeconomia da Amazônia (ASSOBIO), que lançou oficialmente na última segunda-feira (4), o selo “Aqui tem Bioeconomia”, reunindo 35 empresários do setor gastronômico paraenses em um restaurante de Belém.
O projeto reconhece e certifica bares, restaurantes e cafeterias que incorporam, de forma contínua, ingredientes da sociobioeconomia amazônica em seus cardápios. A ideia é simples, mas poderosa: valorizar os sabores da floresta, apoiar produtores locais e promover um modelo de alimentação urbana alinhado à preservação ambiental e ao desenvolvimento social.
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Segundo o presidente da ASSOBIO, Paulo Reis, essa conexão entre o setor de alimentação e os produtos da floresta é fundamental para consolidar uma economia mais justa e regenerativa. “Estamos falando de um segmento com grande potencial de transformação. Quando um restaurante escolhe usar ingredientes amazônicos, ele não está apenas inovando seu menu, mas ajudando a construir um novo modelo de desenvolvimento para a região”, afirmou.
O evento de lançamento contou com experiências sensoriais marcantes. A anfitriã, chef Esther Weyl, à frente do restaurante Celeste, preparou três pratos exclusivos com insumos regionais. Reconhecida por sua pesquisa culinária e atuação internacional, ela encontrou na Amazônia sua maior fonte de criatividade. “A gente tem o privilégio de viver em uma terra abundante, e como chefes, temos o poder de influenciar escolhas. Trazer produtos amazônicos para os nossos pratos é também um ato político e de pertencimento”, disse.
No ramo de bebidas, o destaque ficou por conta do bartender Yvens Penna, do Muamba Bar, que apresentou drinks criativos elaborados com ingredientes como hidromel, castanha-do-pará e gin de jambu. Unindo coquetelaria autoral à riqueza da floresta, Yvens destacou a importância do movimento. “Participar desse projeto é emocionante. A bioeconomia é sobre futuro, mas também sobre ancestralidade. Ela une tradição, inovação e compromisso com o território”, declarou.
Durante o encontro, os convidados puderam conhecer e degustar itens como shoyu amazônico, cupuaçu cristalizado e produtos de marcas parceiras da ASSOBIO. Além da experiência gastronômica, o encontro foi uma oportunidade para fortalecer redes de parceria e diálogo sobre os caminhos possíveis para tornar a gastronomia um motor da bioeconomia regional.
Juliana Carepa, coordenadora do projeto, ressaltou o papel estratégico do setor gastronômico diante da visibilidade que Belém terá nos próximos meses, especialmente com a chegada da COP30. “Estamos nos preparando para um momento de projeção global. Nosso desafio é mostrar que os estabelecimentos da cidade estão alinhados com práticas conscientes, que valorizam a floresta e quem nela vive. Nosso objetivo é construir uma rede forte, e o selo ‘Aqui tem Bioeconomia’ é um passo nessa direção”, explicou.
Empresários presentes no evento também destacaram o impacto do projeto em suas práticas. Rafael Barros, CEO do restaurante Amazônia na Cuia, relatou que conhecer melhor os insumos amazônicos mudou a forma como enxerga os produtos regionais. “Descobri ingredientes incríveis que além de serem mais acessíveis, agregam valor à nossa cozinha e fortalecem pequenos produtores”, contou.
Para a experiente restauratrice Márcia Soares, com duas décadas no setor, a iniciativa foi transformadora. “Saio daqui com novos ingredientes que já vou incluir no cardápio. É uma forma de oferecer algo genuinamente local, com identidade e originalidade”, afirmou.
O selo “Aqui tem Bioeconomia” será concedido aos estabelecimentos que utilizarem regularmente produtos da rede de associados da ASSOBIO, respeitando três critérios fundamentais:
- Sustentabilidade ambiental, com uso responsável de ingredientes da floresta
- Impacto social positivo, fortalecendo comunidades locais e seus saberes
- Valorização das cadeias produtivas amazônicas, conectando produtores e consumidores
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Mais ações rumo à COP30
O selo é apenas uma das iniciativas conduzidas pela ASSOBIO para impulsionar a sociobioeconomia amazônica. Nos próximos meses, a associação pretende expandir o alcance de projetos como a Vending Machine da Bioeconomia, que reúne cerca de 30 itens — entre alimentos, cosméticos e acessórios — produzidos por empreendedores da floresta. Até a realização da COP30, as máquinas estarão instaladas em locais estratégicos de Belém, como o Aeroporto Internacional e a Estação das Docas.
Outro destaque é a Vitrine ASSOBIO, espaço itinerante de comercialização e exposição dos produtos desenvolvidos por membros da rede. Gin de jambu, molhos de tucupi, biojoias, granolas de tapioca e cosméticos naturais são alguns dos exemplos disponíveis ao público, aproximando consumidores dos saberes e sabores amazônicos.
Essas ações reforçam o compromisso da ASSOBIO com um modelo de desenvolvimento que respeita a floresta e promove inclusão social por meio do fortalecimento das cadeias produtivas locais. Em um contexto global em que o meio ambiente é pauta prioritária, a bioeconomia paraense se posiciona como um caminho concreto e promissor, onde tradição e inovação caminham lado a lado.

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