Em uma semana que deveria ser marcada apenas por atividades pedagógicas de rotina, uma escola municipal na zona oeste de São Paulo se tornou centro de uma polêmica que reacendeu debates sobre racismo, intolerância religiosa e o papel das instituições no cumprimento do currículo oficial.
O episódio envolveu a presença de policiais armados dentro de uma unidade de educação infantil após uma denúncia feita pelo pai de uma aluna. A situação teve início quando o responsável por uma criança de 4 anos alegou que a filha estaria participando de uma “aula religiosa” na Escola Municipal de Ensino Infantil Antônio Bento.
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A atividade, no entanto, fazia parte do currículo antirracista da rede, que inclui o ensino de elementos da cultura afro-brasileira. No dia anterior à ocorrência policial, o homem teria rasgado um mural de desenhos feitos pelos alunos com representações inspiradas no livro infantil “Ciranda de Aruanda”.
Na última quarta-feira (12), o pai acionou a Polícia Militar, que enviou quatro policiais armados, incluindo um com armamento pesado, que entraram no prédio escolar alegando averiguar suposta imposição de conteúdo religioso. Professores e pais relataram que o grupo adotou postura intimidatória ao abordar funcionários e solicitar explicações sobre a atividade pedagógica.
A direção reafirmou que nenhum tipo de doutrinação era realizado e que o trabalho seguia diretrizes municipais obrigatórias, que tratam da valorização da cultura afro-brasileira e indígena. Segundo a diretora, ela havia convidado o pai para uma reunião de esclarecimento antes da ocorrência, mas ele não compareceu.
A Polícia Militar abriu procedimento interno para apurar a conduta dos agentes e informou que as imagens das câmeras corporais serão avaliadas. A Secretaria Municipal de Educação reforçou que o conteúdo trabalhado faz parte do Currículo da Cidade e atende à legislação federal.
O caso também chegou ao Ministério Público de São Paulo, por meio de uma representação assinada por parlamentares que pede investigação da atuação dos policiais e responsabilização por possível intimidação e preconceito religioso, destacando que o alvo da suspeita foram educadores cumprindo uma obrigação legal, enquanto o ato de destruição do mural feito pelo pai não recebeu o mesmo tratamento.
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Ofícios foram enviados à Secretaria de Segurança Pública e à Secretaria Municipal de Educação cobrando posicionamento firme sobre o episódio, que reacendeu discussões sobre proteção escolar, formação cidadã e o respeito às políticas públicas de combate ao racismo.
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