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RETIDO EM GUARULHOS

PF diz que professor palestino é suspeito de integrar Hamas

Muslim M. A. Abuumar e sua família foram retidos assim que desembarcaram do avião; juíza impediu a extradição

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Imagem ilustrativa da notícia PF diz que professor palestino é suspeito de integrar Hamas camera Professor universitário, Muslim veio ao Brasil visitar o irmão | ( Reprodução/X)

O professor universitário e ativista pela causa palestina Muslim M. A. Abuumar foi apreendido no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, pela Polícia Federal, por suspeita de integrar o grupo extremista Hamas, atualmente em guerra contra o Estado de Israel.

Cidadão palestino atualmente vivendo na Malásia, ele chegou a São Paulo na sexta-feira (21) e foi abordado por policiais na saída do avião. Ele foi interrogado sobre suas preferências políticas e seu suposto vínculo com a resistência palestina. Neste domingo (23), continuava retido na sede da PF em Guarulhos.

Abuumar estava acompanhado da esposa, Siti Aisyah, grávida de sete meses, o filho Mohamad Imram, 6, e a sogra, Khatijan Jennie. Os três esperam os desdobramentos do caso em um hotel próximo ao aeroporto.

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O advogado Bruno Henrique de Moura, defensor da família, nega que Muslim tenha relação com grupos terroristas. "Desconheço essa alegação da Polícia Federal e não tive acesso a nenhuma lista do FBI que constaria o nome do Muslim como agente terrorista. Se ele é, qual ato terrorista praticou?", disse à Folha.

No sábado (22), Moura pediu à Justiça de São Paulo que impedisse uma eventual extradição de Muslim. Ele argumenta que a Polícia Federal não esclareceu os motivos da detenção do palestino.

A juíza Milenna Marjorie da Cunha acatou o pedido. "Não é possível aferir os motivos pelos quais foram impedidos de entrar no Brasil, fazendo-se, portanto, indispensável a prévia oitiva da autoridade impetrada para melhor compreensão dos fatos", disse na decisão publicada na noite de sábado.

A Polícia Federal tem 24 horas para prestar esclarecimentos sobre a retenção do cidadão palestino. Procurada pela reportagem, a corporação não se pronunciou.

Segundo o advogado da família, Muslim e os familiares vieram ao Brasil para passar férias com o irmão do palestino, Mohmd Omran Abu Omar, que mora em São Bernardo do Campo (SP).

Omar fez um pedido formal à embaixada do Brasil na Malásia para a concessão do visto de turismo para os dias 13 de junho de 2024 a 12 de junho de 2025.

"Por força de acordo entre a República Federativa do Brasil e o governo da Malásia há isenção de vistos para cidadãos brasileiros e malaios entrarem no território do país respectivo se o propósito e a permanência forem especificados", disse Bruno Henrique no pedido à Justiça.

As passagens de volta já estavam compradas, com saída de SP em 9 de julho.

De acordo com o advogado, o interrogatório foi incomum. "Conforme relatado pelo sr. Muslim, que não foi acompanhado por tradutor ou por advogado, a Polícia Federal não apresentou qualquer documento ou prova de que ele infrinja alguma normativa nacional ou de que tenha sofrido condenação judicial por algum Estado reconhecido pelo Brasil", afirmou.

Muslim M. A. Abuumar mora atualmente em Kuala Lumpur, Malásia, onde dirige o Centro de Pesquisa e Diálogo da Ásia. Pessoas próximas contam que ele tem sido perseguido pelo Mossad (agência de inteligência de Israel) por ser uma liderança palestina.

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"A revogação da expatriação é uma vitória do Estado de Direito contra a flagrante e obscena perseguição política, além da interferência de agentes estrangeiros no Brasil, que serão investigadas", disse a Federação Árabe-Palestina do Brasil.

A guerra entre Hamas e Israel já dura mais de oito meses, com 37 mil palestinos mortos e mais de um milhão de pessoas passando fome em Gaza, de acordo com dados da ONU.

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