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MERCADO FINANCEIRO

Bolsa sobe e dólar cai após ata do Copom

Reunião do Copom eleva expectativa por novas regras fiscais

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Imagem ilustrativa da notícia Bolsa sobe e dólar cai após ata do Copom camera Bovespa fechou em alta | Agência Brasil

A Bolsa fechou em alta e o dólar em queda no nesta terça-feira (28). Analistas afirmam que, apesar de adotar um tom duro, mas dentro do esperado, a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) trouxe sinalizações do BC (Banco Central) de que, se bem elaboradas, as novas regras fiscais podem ajudar a melhorar as expectativas de inflação, e a partir daí, abrir espaço para corte nos juros.

O Ibovespa fechou em alta de 1,52%, a 101.185 pontos. O dólar comercial à vista caiu 0,80%, a R$ 5,165.

No mercado de juros, os investidores ajustaram suas expectativas, aumentando as taxas nas curvas mais curtas por conta da continuidade do tom mais duro do BC, visto no comunicado da semana passada.

No contratos para janeiro de 2024, as taxas passaram dos 13,05% do fechamento desta segunda-feira (27) para 13,14%. Para janeiro de 2025, os juros subiram de 11,88% para 11,97%. No vencimento em janeiro de 2027, a taxa fechou estável em 12,14%.

Na visão de analistas, o foco principal do BC para tomar suas decisões sobre juros continua sendo nas expectativas para a inflação. Por isso, a ata fala de projeções de preços ainda acima da meta, mesmo em cenário de juros estáveis em 13,75% ao ano.

André Fernandes, diretor de Renda Variável e sócio da A7 Capital, acredita que, com a ata, o BC "jogou a bola" para o governo, ao relacionar um bom arcabouço fiscal com a melhora nas expectativas para a inflação.

"A ata passa o recado de que um arcabouço fiscal crível pode reduzir as incertezas, o prêmio de risco e melhorar as expectativas da inflação", afirma Fernandes.

"A ata foi bastante técnica e até mesmo didática, se afastando de discussões políticas, mas procurando endereçar todos os pontos que vinham sendo colocados no debate atual da condução da política monetária", afirma João Savignon, diretor de pesquisa macroeconomica da Kínitro Capital.

Sobre a importância da política fiscal, Savignon destaca o trecho em que o BC trata das estatísticas de arrecadação deste início de 2023 e a reoneração de combustíveis. Esta parte é considerada pelo economista como um "aceno ao Ministério da Fazenda".

"No entanto, o Copom enfatizou que não há 'relação mecânica' entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal, uma vez que a primeira depende da reação das expectativas de inflação, das projeções da dívida pública e dos preços de ativos", diz Savignon.

Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio, ressalta que o BC explica na ata os motivos da ênfase nas expectativas de inflação. "O Copom explica que uma perspectiva de inflação alta é incorporada nos preços atuais e até mesmo nos salários. Isso leva a uma alta nos preços atuais".

Para Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos, a queda do dólar foi provocada mais pela atratividade dos juros, que devem permanecer altos por mais tempo, do que por algum aspecto econômico positivo do Brasil.

"Na Bolsa, voltou aquela expectativa em torno do novo arcabouço fiscal. Mas também há um componente de recuperação depois das quedas da última semana", afirma Abdelmalack.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta terça-feira (28) que a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central "veio com termos mais condizentes" do que o comunicado divulgado logo após o encontro na última quarta-feira (22).

Entre as ações, destaque para a ordinária da Hapvida, que subiu mais de 18% nesta terça. Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, cita a notícia de que bancos analisam uma oferta de ações da empresa, com a família controladora se comprometendo a exercer seu direito de prioridade, adquirindo R$ 360 milhões em novos papéis.

Outra alta importante do dia ficou com a ação ordinária da Ambev, que avançou quase 5%. Segundo Nishimura, o papel foi beneficiado pelo pedido de recuperação judicial da concorrente Petrópolis, dona de marcas de cerveja como a Itaipava.

Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed, afirma que caso a Petrópolis encerre atividades, haverá uma migração de consumo para as marcas da Ambev.

"Mas há um ponto de atenção, porque as ações já estão com preços elevados, quando se fala de múltiplos de lucro. O papel hoje negocia a 2,6 vezes o valor patrimonial. No momento de juros altos, a ação parece estar cara", diz Petrokas. Isso, segundo ele, limita o potencial de valorização da Ambev.

No exterior, os juros também seguem no centro das atenções dos investidores. James Bullard, presidente do escritório de Saint Louis do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), disse que uma "política monetária apropriada pode continuar derrubando a inflação".

Outro ponto que surpreendeu os investidores foi o aumento da confiança dos consumidores nos Estados Unidos, medida pela associação empresarial Conference Board. Mesmo em um momento de crise dos bancos, a pontuação do indicador subiu de 103,4 para 104,2 pontos, enquanto economistas ouvidos pela Bloomberg esperavam uma queda para 101 pontos.

Em Nova York, os índices de ações caíram. O Dow Jones fechou em baixa de 0,12%. O S&P 500 e o Nasdaq recuaram 0,16% e 0,45%, respectivamente.

Nesta semana, o mercado ficará atento principalmente ao indicador de inflação ao consumidor nos Estados Unidos, o PCE, que é o preferido pelo Fed para basear as decisões sobre juros.

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