Tortura física, emocional e psicológica, de pessoas que são xingadas e apanham sem sequer entender o motivo. O bullying é um fenômeno que atinge crianças e adolescentes e pode aumentar o risco de suicídio. É o que alerta a pedagoga e neuropsicopedagoga Clíssia Silva.
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Segundo Clíssia, as consequências na vida das vítimas são variadas, causando além de evasão escolar e aversão ao ambiente que esse indivíduo frequenta, como dificuldades de interação social, baixa autoestima, dificuldade de autoaceitação, isolamento, depressão, ansiedade, baixo rendimento escolar, medo, consumo de álcool e drogas e outras capazes de permanecer e influenciar no comportamento e na relação social futura da vida adulta desse indivíduo.
“A ajuda de profissionais é muito importante para a superação das consequências sofridas pela vítima no tempo que a mesma foi alvo desse ato, sendo assim, primordial o acompanhamento de profissionais, como assistentes sociais, psicólogos, educadores e afins”, recomenda a especialista.
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A neuropsicopedagoga destaca ainda, que a cultura do estímulo a “não levar desaforo para casa”, de “dar o troco” e ensinar que a vida é “olho por olho e dente por dente” pode ser prejudicial na criação e educação dos filhos.
“Essas atitudes e pensamentos influenciam o sujeito a sempre demonstrar que ele é capaz de resolver sozinho seus problemas. Em contrapartida, o agressor nem sempre tem um motivo, como por exemplo uma vingança para demonstrar o seu poder, pois o bullying se dá por uma prática repetitiva de agressões diretas ou indiretas. O fato de mostrar a sua autoridade, a sua força e influência naquele espaço para as outras pessoas, torna-se as razões para o início da sua prática, por isso ele sempre irá em busca de alvos fáceis, como um aluno novato ou um sujeito que não ofereça riscos significativos a ele”, explica.
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Um estudo realizado no Reino Unido apontou que adolescentes entre 12 e 15 anos que sofrem bullying na escola apresentam risco até três vezes maior de tentar o suicídio.
O levantamento mostra ainda, que na faixa etária de 11 a 16 anos, pelo menos 17% dos adolescentes vítimas de bullying consideram tirar a própria vida para fugir da perseguição.
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Fique atento aos sinais
Mas, então, como reconhecer quando uma criança ou um adolescente está sofrendo bullying? Segundo a neuropsicopedagoga, as vítimas demonstram comportamentos como baixa autoestima, tristeza, isolamento, introversão, dificuldade da autoaceitação, depressão, medo, ansiedade, aversão ao ambiente escolar ou ao ambiente em que essa criança está sofrendo o bullying.
Clíssia destaca ainda, que os pais devem ficar atentos a hematomas não justificáveis e outros comportamentos que normalmente não tem ligação com seu comportamento habitual.
“O conhecimento desse assunto deve ser conversado com essas crianças e com esses adolescentes, com o objetivo de informar como essa prática resulta em situações prejudiciais tanto para quem realiza quanto para quem é alvo de bullying”, recomenda.
A especialista ressalta também, que a família e a escola devem caminhar juntas no combate ao bullying.
“É importante que tanto a família, quanto a escola tenham o conhecimento do que é o bullying e mantenham-se atentos nas relações entre os alunos, pois a prática ocorre em muitas das vezes nos momentos de atividades recreativas, como o intervalo, aulas de educação física, na hora da saída, como também dentro da sala de aula. Para isso é necessário que o conhecimento do comportamento do aluno que é vítima ou do comportamento do aluno que é agressor, seja observado e avaliado, em virtude das recorrências e dos resultados que essa prática ocasiona nesse sujeito”, orienta.
Como combater?
Para Clíssia, o bullying só pode ser combatido com socialização, através de atividades dentro da sala de aula, expositivas, com palestras, roda de conversas e debates referentes ao assunto.
“Trazer esse ponto como um momento de socialização entre esses indivíduos, é uma forma de expor e explicar como ela ocorre, que efeitos negativos acarreta, tanto para o agressor quanto para a vítima, como deve ser combatido e até mesmo evitado”, garante.
Os pais, para a neupsicopedagoga, também são público-alvo dessas atividades, assim o processo de relação entre escola e família, tornando-se mais efetivo e com orientações direcionadas.
“Os pais devem demonstrar o alto grau de importância em ter uma relação mais aberta e transparente com seus filhos, apresentando a eles o quão é importante a presença deles no ambiente escolar, tanto para a escola quanto para o filho, e também a sua relação com seus filhos, através do ato de conversar, orientar, compreender, ouvir e falar”, recomenda.
Reportagem: Andressa Ferreira
Edição: Enderson Oliveira
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