
A capital paraense é um celeiro de música, cultura e arte, o que faz da cidade um porta aberta para que artistas possam mostrar seus trabalhos e suas inspirações de forma inclusiva, ou seja, onde o público possa ter acesso a todas as obras.
A artista e escritora paraense Bianca Amoras é uma dessas artistas, ela lança nesta segunda-feira, 20 de outubro, às 19h, no Centro Cultural da Justiça Eleitoral, sua nova exposição individual, “Triângulo das Águas”. Premiada pela Seleção Pública 012/2024 de Fomento à Cultura – PNAB Natal 2024, na categoria Circulação para Projetos Culturais, a mostra conta com a curadoria da artista Melissa Barbery e produção e montagem de Isabela do Lago.
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Radicada no Rio Grande do Norte desde 2021, Bianca é candomblecista e Mestre em Artes pela Universidade Federal do Pará. Sua pesquisa poética tem como eixo o elemento água, explorando relações entre ancestralidade, memória e deslocamentos territoriais. Segundo a artista, “Triângulo das Águas” é uma continuidade da investigação iniciada em 2017, no mestrado, que resultou, em 2019, na exposição “Elemento TransitóRIO – Caminho de volta para o mar”, com curadoria de Orlando Maneschy.
“A água é um elemento de centralidade na minha vida e criação artística, mesmo quando eu não tinha consciência da profundidade disso. São quase 10 anos trazendo-a como protagonista da minha poética, relacionando-a aos meus deslocamentos territoriais e ancestralidade”, explica a artista.
Na mostra, Bianca estabelece um diálogo entre as águas do Pará, seu estado natal, e do Rio Grande do Norte, onde fixou residência. Entre as locações escolhidas para as experimentações visuais estão a praia de água doce Marahú, na Região Metropolitana de Belém; o igarapé Rio de Ouro, no distrito de Matapiquara (PA); rios Itacaiúnas e Tocantins, em Marabá (PA); além da Praia de Pirangi do Sul e da prainha do Lago Azul, em Pium, ambas no RN.
Para Bianca, o projeto reflete sua poética e a conexão com os caminhos de seus ancestrais: “Este projeto surge do desejo de fazer uma tangência, um encontro simbólico entre as águas destes lugares. Uma forma de retratar a minha própria poética, e de refazer com os meus passos a caminhada dos meus ancestrais”.

Essa jornada não se limita ao campo visual, mas atravessa também a vivência íntima de Bianca com sua família. Um dos momentos mais marcantes do processo foi a realização de uma série performática com sua avó. “Levei ela até a vila de Matapiquara, povoado onde os pais dela viveram. Fazia mais de 70 anos que ela não visitava aquele lugar. Fazer estas imagens juntas, no igarapé onde os nossos mais velhos se banhavam, foi um momento de muita potência e reencontro”, relata.
Partilha Curatorial
De acordo com a artista, o projeto é resultado de uma travessia coletiva e compartilhada, com familiares, amigos e também com a curadora Melissa Barbery, que acompanhou o processo criativo de Bianca desde a produção das performances até a reunião dos registros, instalações e experimentações visuais que compõem a obra. Deste encontro, surgiu o conceito de Partilha Curatorial.
A curadora Melissa Barbery destaca o processo de colaboração: “Partilha curatorial foi um conceito que lapidei ao buscar traduzir o encontro de ideias entre duas artistas ocupando espaços distintos e conectados pela crença na vida a partir da arte. Energias cruzadas, onde pude acompanhar, como interlocutora, o árduo e prazeroso fazer artístico de Bianca”.
Segundo Bianca, as cores também desempenham papel central na narrativa, funcionando como marcadores estéticos de cada território. “Na região do Guajará e Salgado Paraense, por exemplo, o verde e o amarelo queimado predominam; em Marabá, o vermelho e os tons terrosos se destacam na paisagem; já em Natal, o azul é soberano. O encontro destas cores traduz a sinestesia das minhas memórias e das experiências que vivi em cada um desses lugares”, revela.
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Além de imagens produzidas pela própria artista, a exposição reúne registros fotoperformáticos de Charles Vasconcelos, Gilberto Guimarães, Bruno Kayodê, Bruna Garrido e Rayda Lima.
Etapas e circulação
A exposição teve sua etapa inaugural em Natal, em setembro, com vernissage realizada na UERN e apresentação do Afoxé Estrela da Manhã, marcando o início de uma circulação. Em Belém, a mostra foi contemplada pelo edital de pautas do Centro Cultural da Justiça Eleitoral, e ficará em exposição até o dia seis de janeiro. A próxima parada será Marabá, em 2026, fechando o percurso deste triângulo simbólico e afetivo que une Norte e Nordeste sob o signo das águas.
Serviço Exposição: Triângulo das Águas, de Bianca Amoras
Curadoria: Melissa Barbery
Produção e Montagem: Isabela do Lago
Abertura: Segunda-feira, 20 de outubro, às 19h
Local: Centro Cultural da Justiça Eleitoral
Visitação: até 6 de janeiro
Entrada Franca.
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