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EXCESSOS DE FIM DE ANO

Fome real ou emocional? Entenda os exageros na ceia de Natal

Comida, cérebro e emoção se cruzam nas festas e ajudam a explicar por que a ceia vai além da fome.

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Imagem ilustrativa da notícia Fome real ou emocional? Entenda os exageros na ceia de Natal camera Especialista dá dicas para manter o equilíbrio durante as ceias de fim de ano, sem abrir mão do prazer e da convivência à mesa. | Reprodução/Freepik

As ceias de fim de ano costumam ir muito além do cardápio. Elas carregam histórias, despertam memórias afetivas, reúnem expectativas e, para algumas pessoas, também reabrem feridas emocionais antigas. Nesse cenário, a mesa farta deixa de ser apenas um espaço de alimentação e passa a funcionar como território simbólico de afeto, pertencimento e conforto emocional.

É justamente nesse ambiente carregado de significado que a comida assume outro papel. Mais do que saciar a fome, ela passa a oferecer prazer, alívio e sensação de acolhimento. O resultado é que muita gente come além do necessário — não por falta de força de vontade, mas porque o cérebro está em busca de recompensa emocional.

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Segundo a psiquiatra Tâmara Kenski, especialista em emagrecimento, a combinação entre compulsão alimentar, fome emocional e datas comemorativas ativa um terreno psicológico sensível. “O equilíbrio alimentar vem da consciência, e não do controle rígido”, afirma. Para ela, nesses momentos, o ato de comer pode ser uma tentativa de preencher emoções, e não de atender a uma necessidade fisiológica.

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Do ponto de vista neurológico, o comportamento tem explicação. A dopamina, neurotransmissor associado ao prazer, à motivação e à expectativa, entra em ação antes mesmo da comida chegar à mesa. "O cérebro associa essas datas à recompensa, ao prazer e ao pertencimento. Isso faz com que os alimentos pareçam mais atrativos do que seriam em outra época do ano", explica Tâmara.

Assim, pratos comuns no cotidiano ganham outro sabor quando envolvidos pelo clima emocional das celebrações. Alimentos ricos em açúcar e gordura intensificam ainda mais esse processo, oferecendo prazer rápido e intenso - embora de curta duração. "Esse prazer fugaz faz o cérebro querer repetir a experiência. Por isso se fala tanto que o açúcar pode viciar", diz a psiquiatra. Em algumas pessoas, essa ativação do sistema de recompensa reduz a percepção de saciedade e aumenta o risco de exagero.

QUANDO NÃO É FOME, É EMOÇÃO

Diferenciar fome física de fome emocional é um passo importante para entender os excessos. A fome fisiológica surge gradualmente e aceita qualquer alimento. Já a fome emocional aparece de forma repentina e costuma ter um desejo específico. "Ela tem nome e sobrenome. A pessoa sabe exatamente o que quer comer e não se satisfaz com qualquer coisa", explica Tâmara.

Além disso, a fome emocional ignora os sinais de saciedade. Mesmo após comer, o desejo persiste. Já a fome física costuma vir acompanhada de sinais claros do corpo, como estômago roncando, e tende a desaparecer depois da refeição.

O próprio ambiente das festas contribui para esse descompasso. Música, conversas, estímulos visuais, reencontros familiares, ansiedade e álcool disputam a atenção do cérebro. “Quando estamos expostos a muitos estímulos externos, perdemos a escuta do corpo”, afirma a psiquiatra. O álcool, por sua vez, reduz o controle inibitório e dificulta perceber quando já estamos satisfeitos.

CULPA REFORÇA O CICLO DO EXAGERO

Após a ceia, a culpa costuma aparecer - e, segundo os especialistas, ela pode ser mais prejudicial do que o excesso em si. "A culpa alimenta um ciclo de punição, restrição e nova compulsão alimentar", alerta Tâmara. O caminho mais saudável é o acolhimento: reconhecer a emoção envolvida, evitar castigos e seguir em frente sem promessas rígidas.

A nutricionista Alice Borges, do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista, lembra que o exagero é resultado de vários fatores combinados. "Existe o fator social, o emocional, o ambiente com muita oferta de comida e o simbólico - a ideia de que, por ser uma data especial, tudo é permitido", explica.

Outro erro comum é passar o dia inteiro restringindo a alimentação para "compensar" à noite. "Quando a pessoa chega à ceia em privação, o corpo e a mente entram em modo escassez, aumentando o risco de comer por impulso", afirma Alice.

ESTRATÉGIAS SIMPLES AJUDAM A MANTER O EQUILÍBRIO

Manter refeições regulares ao longo do dia, com proteínas, fibras e gorduras, é uma das estratégias mais eficazes para reduzir exageros. Ficar muitas horas em jejum antes da ceia favorece quedas de glicemia e aumenta a urgência por alimentos rápidos e calóricos.

Durante a celebração, desacelerar faz diferença. Comer devagar, mastigar bem, servir porções menores e beber água ajudam o cérebro a reconhecer a saciedade. "Ela não acontece no primeiro prato. Precisa de tempo e atenção", explica a nutricionista.

Montar um prato equilibrado também não significa excluir os alimentos tradicionais. A orientação é olhar o conjunto: incluir proteína, legumes ou saladas e, a partir disso, acrescentar os pratos típicos. "Não é sobre proibir, é sobre equilibrar", resume Alice.

No fim das contas, os especialistas reforçam que uma única refeição não define a saúde. "A ceia não é só sobre comida, é sobre convivência", lembra Tâmara. Comer com presença, gentileza e consciência torna a experiência mais prazerosa, e ajuda a atravessar as festas sem culpa e sem sofrimento.

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