Um levantamento do instituto Ipsos, realizado a pedido da Bayer, revelou que 44% das mulheres brasileiras com sintomas da menopausa não fazem acompanhamento médico. O estudo, divulgado em outubro, entrevistou 800 mulheres entre 18 e 60 anos, de diferentes regiões e classes sociais.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30 milhões de mulheres, o equivalente a 7,9% da população feminina, estão na menopausa no Brasil. Mesmo sendo uma fase natural, a pesquisa aponta que o tema ainda é pouco discutido e recebe pouca atenção tanto da sociedade quanto do sistema de saúde.
Entre as entrevistadas, 50% afirmaram ter ouvido que seus sintomas eram “exagero” ou “algo normal”, percentual que sobe para 65% entre mulheres em pré-menopausa. Para a ginecologista Iza Monteiro, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a banalização dos sintomas dificulta o acesso a diagnóstico e tratamento.
“A mulher é ensinada a suportar suas dores, não a tratá-las, e isso pode trazer consequências para a saúde física e mental”, afirmou a médica.
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Acesso desigual a tratamento
O estudo também identificou desigualdades no acesso aos tratamentos. Entre as pacientes que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS), a principal dificuldade é a demora para conseguir consultas com especialistas. Já entre usuárias de planos privados, a burocracia e a falta de cobertura de determinados procedimentos são as principais queixas.
Outro ponto apontado por 19% das entrevistadas é a falta de informação sobre a menopausa e as opções terapêuticas disponíveis. Segundo especialistas, o desconhecimento ainda é um dos maiores obstáculos para o tratamento adequado.
Falta de orientação médica
A pesquisa mostra que 53% das mulheres nunca foram informadas sobre a terapia de reposição hormonal (TRH), considerada um dos métodos mais eficazes para reduzir sintomas como ondas de calor e alterações de humor. Além disso, 14% receberam algum tipo de prescrição sem discussão sobre alternativas.
“A mulher tem o direito de conhecer todas as opções disponíveis. A relação com o médico precisa ser baseada em evidências científicas e transparência”, explicou a ginecologista.
Sem o tratamento correto, há maior risco de complicações como osteoporose e doenças cardiovasculares.
O dispositivo intrauterino (DIU) hormonal, que pode fazer parte da TRH, foi mencionado a apenas 2% das pacientes. Embora o método seja coberto pelos planos de saúde, apenas 30% das entrevistadas sabiam dessa possibilidade.
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Medo da reposição hormonal
Entre as mulheres que optaram por não usar a TRH, 22% apontaram o medo de desenvolver câncer como principal motivo. Outras preocupações citadas foram ganho de peso (27%), câncer (20%) e riscos cardiovasculares (18%).
A ginecologista explica que parte desses receios está relacionada à interpretação incorreta de estudos antigos, como o Women’s Health Initiative, de 2002, que associou o uso prolongado de hormônios a um aumento de risco de câncer de mama.
“O medo sem embasamento pode impedir que muitas mulheres recebam o tratamento adequado”, disse Iza Monteiro.
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