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SAÚDE MENTAL

Adoçante artificial pode envelhecer o cérebro, aponta estudo

Pesquisa brasileira revela que consumo diário de adoçantes como aspartame pode acelerar o declínio cognitivo em até 1,6 anos

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Imagem ilustrativa da notícia Adoçante artificial pode envelhecer o cérebro, aponta estudo camera Estudo da USP publicado na Neurology liga uso de aspartame, sacarina e outros adoçantes a declínio cognitivo, especialmente em pessoas com diabetes. | Reprodução

Muito utilizados por quem busca reduzir calorias ou controlar o consumo de açúcar, os adoçantes artificiais são presença comum em dietas de emagrecimento e em produtos voltados para pessoas com diabetes. No entanto, um novo estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) acende um sinal de alerta para o consumo frequente dessas substâncias, que pode ser associado ao envelhecimento acelerado do cérebro.

A pesquisa foi publicada na revista científica Neurology, da Academia Americana de Neurologia, e revelou que pessoas que consomem regularmente altas quantidades de adoçantes com poucas ou nenhuma caloria, como aspartame, sacarina e eritritol, apresentaram um declínio cognitivo significativamente mais rápido do que aqueles que ingerem doses mínimas.

“Pessoas que consumiram a maior quantidade de adoçantes com poucas ou nenhuma caloria apresentaram um declínio cognitivo global 62% mais rápido do que aquelas que consumiram a menor quantidade — o que equivale a 1,6 anos de envelhecimento cerebral”, afirmou a geriatra Claudia Kimie Suemoto, professora da USP e coordenadora do estudo.

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Segundo os dados, os participantes do grupo com maior consumo ingeriam, em média, 191 mg de adoçantes artificiais por dia, o equivalente a cerca de uma colher de chá, ou uma lata de refrigerante zero, que contém entre 200 e 300 mg dessas substâncias, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No nível médio de consumo, a ingestão diária foi de 66 mg, e no grupo de menor exposição, 20 mg. Mesmo quem consumia quantidades intermediárias apresentou declínio cognitivo 35% mais rápido, o que corresponde a cerca de 1,3 anos de envelhecimento cerebral.

O que o estudo analisou?

A análise foi feita com base nos dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), que acompanha quase 13 mil brasileiros entre 35 e 75 anos. Os participantes passaram por testes cognitivos em três momentos ao longo de uma média de oito anos, avaliando funções como memória de trabalho, fluência verbal, recordação de palavras e velocidade de processamento.

A memória de trabalho, considerada como fundamental para raciocínio e solução de problemas, e a fluência verbal foram as áreas mais afetadas entre os que consumiram adoçantes em maior quantidade.

Efeito maior em pessoas com diabetes

Segundo a pesquisadora, o impacto foi ainda mais intenso entre os participantes com diabetes. “Além disso, o próprio diabetes já é um forte fator de risco para o declínio cognitivo relacionado à doença de Alzheimer e à demência vascular, o que provavelmente torna o cérebro mais vulnerável a exposições prejudiciais”, explicou Suemoto.

O editorial que acompanha o estudo, assinado pelo Dr. Thomas Holland, do Instituto para o Envelhecimento Saudável da Universidade de Rush, nos EUA, reforça o alerta sobre o uso indiscriminado desses compostos. “A suposição generalizada de que os LNCS (adoçantes com poucas e nenhuma caloria) representam um substituto seguro do açúcar pode ser equivocada, especialmente dada a sua ubiquidade em produtos comercializados como alternativas ‘mais saudáveis’”, escreveu Holland.

Substâncias analisadas

Os adoçantes avaliados foram:

  • Aspartame
  • Sacarina
  • Acessulfame-K
  • Eritritol
  • Xilitol
  • Sorbitol
  • Tagatose

Dentre eles, apenas a tagatose, um açúcar raro, não foi associada ao declínio cognitivo. Os demais apresentaram ligações com deterioração das funções cerebrais, especialmente a memória e a fluência verbal. Vale lembrar ainda que aspartame, sacarina e acessulfame-K são reconhecidos como seguros (GRAS, do inglês “Generally Recognized As Safe”) pela FDA, a agência reguladora de alimentos dos EUA. No entanto, a OMS declarou em 2023 que o aspartame é "possivelmente carcinogênico", posição não reconhecida pela FDA.

Além disso, a análise por faixa etária mostrou que o impacto cognitivo foi mais acentuado entre pessoas com menos de 60 anos, o que, segundo Holland, reforça a necessidade de atenção à alimentação ainda na meia-idade. “Isso sugere que as exposições dietéticas na meia-idade, décadas antes do surgimento dos sintomas cognitivos, podem ter consequências para a saúde cerebral ao longo da vida”, avaliou o pesquisador.

Outros riscos também são estudados

Os adoçantes eritritol e xilitol, usados em diversos produtos dietéticos e “keto-friendly”, também vêm sendo investigados por outros estudos devido à a possível associação com formação de coágulos, que podem causar infartos e AVCs.

“Estudos como este e o nosso se somam ao crescente corpo de dados que questionam tanto a segurança a longo prazo dos adoçantes artificiais ou não nutritivos, quanto a designação de GRAS para esses agentes”, comentou o doutor Stanley Hazen, da Cleveland Clinic sobre o estudo brasileiro.

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A Associação Internacional de Adoçantes (ISA), que representa a indústria, reagiu à divulgação do estudo e afirmou para o portal da CNN que os adoçantes são ferramentas seguras e eficazes para o controle do peso e de doenças como diabetes tipo 2. “Embora o estudo tenha atraído a atenção da mídia, é essencial colocar seus resultados dentro do consenso científico mais amplo e estabelecido sobre a segurança dos adoçantes”, disse a ISA em nota ao canal.

Embora os resultados do estudo sejam considerados observacionais, ou seja, não provam uma relação de causa e efeito, os autores reforçam a importância de ampliar as pesquisas sobre os impactos neurológicos dos adoçantes artificiais e de considerar alternativas mais naturais, como mel, purê de frutas, xarope de bordo ou açúcar de coco.

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