Projeções apresentadas pelo Congresso Internacional da Obesidade, que aconteceu em São Paulo no mês de junho, apontam que, em até duas décadas, 48% dos adultos brasileiros viverão com obesidade.
Ainda segundo a projeção, outros 27% viverão com sobrepeso. De acordo com a projeção, aproximadamente 130 milhões de brasileiros devem estar acima do peso até 2044. Deste total, 83 milhões estarão com obesidade e 47 milhões com sobrepeso.
A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que pode prejudicar a saúde. É diagnosticada por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado dividindo o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado.
Uma pessoa é considerada obesa quando o seu IMC é igual ou superior a 30 kg/m². É considerada uma das doenças crônicas mais comuns no planeta.
Crescimento
Atualmente, 56% dos adultos brasileiros têm obesidade ou sobrepeso (34% com obesidade e 22% com sobrepeso), e esse número vem aumentando rapidamente ao longo dos anos. Entre 2006 e 2019, a prevalência de obesidade quase dobrou, atesta o endocrinologista Rudival Faial, que há quase duas décadas atende na Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém.
Segundo ele, houve um aumento nos casos de obesidade em "pelo menos 50%". O endocrinologista avalia que "homens e mulheres são igualmente afetados, mas as mulheres são as que mais procuram acompanhamento médico". Entre os principais fatores para a incidência da obesidade está o tipo de alimentação do paraense, aponta Rudival Faial.
"A culinária paraense é rica no consumo de carboidratos simples, como farinha, arroz, pão branco e açaí, que é muito calórico", informa o especialista. A solução para o problema enfrenta ainda outro obstáculo nos hábitos alimentares da população. "Na nossa região, o consumo de frutas e vegetais costuma ser baixo, o que contribui para o crescente aumento das taxas de obesidade", acrescenta.
Riscos ao coração
Dados apresentados durante o Congresso Internacional de Obesidade mostram que crianças e adolescentes que vivem com obesidade têm maiores chances de desenvolver doenças crônicas, como Diabetes tipo 2 na vida adulta, além dos riscos de AVC (acidente vascular cerebral), hipertensão, câncer colorretal e doença cardíaca coronária.
O cardiologista Rodrigo Souza, que atende no HC, explica a relação entre doenças cardiovasculares e obesidade. "Elas caminham juntas, como causas de desenvolvimento de hipertensão arterial, de diabetes, aterosclerose, dislipidemia, alterações de colesterol e triglicerídeos. Essas doenças têm íntima relação com a obesidade", afirma o médico, acrescentando que muitas vezes a obesidade está relacionada também ao sedentarismo.
A preocupação com os efeitos da obesidade entre a população brasileira levou o governo a sancionar a Lei nº 11.721/2.008, que instituiu o 11 de outubro como Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, a fim de conscientizar a população sobre a importância da prevenção da doença. No âmbito mundial, o Dia de Prevenção da Obesidade é 4 de Março.
Hábitos saudáveis
Entre as recomendações das organizações mundiais de saúde para prevenção da obesidade os hábitos saudáveis ocupam o primeiro lugar. Eles incluem alimentação saudável, baseada em alimentos in natura, controlando o excesso de sal e açúcar, presente principalmente nos chamados alimentos industrializados, como biscoitos, chocolates, refrigerantes e salgadinhos.
É recomendável ainda evitar excesso de bebidas alcoólicas e tabagismo, além de praticar atividades físicas, de preferência desde a infância; ter o sono adequado e consumir diariamente pelo menos 2 litros de água.
Essas medidas devem vir acompanhadas do controle da pressão arterial e do colesterol, com monitoramento regular, juntamente com a realização de exames preventivos cardiovasculares.
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