
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste domingo (31) que a postura "errática" e centralizadora do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem dificultado as negociações para reverter as tarifas de importação impostas aos produtos brasileiros.
A medida, que aplica uma taxa de 50% sobre determinados itens, entrou em vigor no último dia 6. Desde então, o governo brasileiro tem buscado diálogo com autoridades americanas, sem sucesso. Uma reunião entre Haddad e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, chegou a ser agendada, mas foi cancelada.
“O governo dos EUA tem tido uma postura errática em temas variados e está centralizado em uma pessoa só. Você não ouve falar do Congresso, sai tudo de uma cabeça. É um modo de governar sem precedentes naquele país”, afirmou o ministro em entrevista ao programa Canal Livre, da BandNews.
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Esperança de recuo
Haddad acredita que a revelação de mensagens entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, possa levar o governo americano a reconsiderar a medida. Ele citou o envolvimento dos dois em discussões sobre uma possível tentativa de golpe como um dos fatores por trás da decisão dos EUA.
“Acredito que depois da quebra de sigilo… O governo americano pode até fingir que não viu, mas viu. [A embaixada] Vai ter de informar à Casa Branca o que está acontecendo aqui. Aquela troca de mensagens entre filhos e pai, como [eles] retratam a situação já deve ter chegado ao governo dos EUA. Se conheço bem ali, o estado vai distensionar”, avaliou Haddad.
O ministro reforçou que a tarifação não tem base econômica: “Não é apenas injusta. Não é racional. Não tem lógica econômica. Penso que vai se abrir espaço [para negociação], a não ser que alguém sugira ao presidente americano que uma escaladas [de sanções] vai trazer alguma vantagem. Não acredito que vai acontecer, mas pode acontecer”.
Crime organizado movimentou bilhões, diz Haddad
Durante a entrevista, Haddad também comentou as operações contra o PCC (Primeiro Comando da Capital), realizadas na última quinta-feira (28) pelo Ministério Público e forças policiais em oito estados. A facção teria movimentado R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, por meio de postos de combustíveis, fintechs e fundos de investimento.
Para o ministro, o valor real pode ser muito maior. “Não duvidaria que, com o aprofundamento das investigações, vamos chegar a centenas de bilhões de reais. Para chegar a 100, 200, 300 [bilhões] não precisa de muita coisa”, afirmou.
Haddad também criticou a campanha que levou ao recuo do governo sobre normas de fiscalização de transações por Pix e dados de fintechs. Sem citar nomes, ele criticou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que foi o principal rosto da mobilização contra as regras. O presidente Lula já havia sugerido que o parlamentar agiu para “defender o crime organizado”.
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Haddad ponderou: “Eu não quero acreditar que o deputado tenha feito aquele carnaval em janeiro [deste ano, quando houve a polêmica] para favorecer o crime organizado. Foi muito mais para criar polêmica nas redes sociais, lacrar, do que para favorecer o crime organizado. Mas para você ver como fake news atrapalha”.
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