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HACKER DA VAZA JATO

Bastidores da ação de Delgatti tem áudios e vídeos inéditos

O material gravado durante a trama sugere uma conexão com a família de Zambelli, além de destacar o protagonismo de Bolsonaro.

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Imagem ilustrativa da notícia Bastidores da ação de Delgatti tem áudios e vídeos inéditos camera Walter Delgattifoi condenado a 20 anos de prisão no processo da Operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal em 2019. | Lula Marques/ Agência Brasil

O programador Walter Delgatti, conhecido como o hacker da Vaza Jato, fez revelações surpreendentes durante sua mais recente aparição pública na semana passada, diante da Comissão Parlamentar Mista (CPMI ) dos Atos Golpistas.

Suas declarações levaram a Polícia Federal (PF) a convocá-lo para um novo depoimento na última sexta-feira (18).

A polícia já havia ouvido Delgatti, mas sem muitos detalhes sobre o suposto plano para questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas, presumivelmente com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro e envolvimentos do Ministério da Defesa e um grampo no ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Delgatti mostra recibo de R$ 40 mil feito por Zambelli

Segundo o portal Metrópoles, informações exclusivas mostram que, longe das câmeras e dos depoimentos ensaiados por advogados, Delgatti apresentou detalhes dos bastidores desse plano enquanto ele estava em andamento.

A partir do segundo semestre do ano passado, Delgatti já vinha discutindo, em conversas mais íntimas, a existência desse plano para tentar influenciar o resultado das eleições presidenciais de 2022.

Essas informações eram desconhecidas tanto pela PF quanto pela CPI e foram registradas durante a própria execução do suposto projeto golpista, entre agosto e setembro do ano passado.

Por exemplo, na véspera de um encontro com o então presidente Bolsonaro, Delgatti foi gravado antecipando o que sabia sobre a pauta da reunião. Horas antes do áudio, o programador já havia visitado a sede do PL para falar com o presidente nacional do partido, Waldemar Costa Neto, onde também se discutiu a trama.

“Eles vão configurar o código-fonte para dar o resultado que eles querem”, disse. “Eles vão pegar agora uma urna. Eles mesmo vão fazer isso”, afirmou. Na ocasião, Delgatti explicou que o objetivo das ações era pressionar o TSE a permitir a fiscalização das urnas por militares, abrindo caminho para contestar uma possível vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em 9 de agosto do mesmo ano, Delgatti foi gravado em um vídeo até então inédito, no hotel Phenícia, no Setor Hoteleiro Sul de Brasília. No vídeo, ele conversa com um funcionário do hotel e é visto em frente ao balcão. Foi nesse local que um motorista, com placa fria, passou para pegá-lo, conforme a revista Veja em agosto de 2022, antes do encontro com o ex-presidente no Palácio do Alvorada.

Em 22 de setembro, apenas dez dias antes do primeiro turno das eleições, Delgatti apresentou detalhes sobre o suposto envolvimento do ex-presidente Bolsonaro no plano, indicando que os dois se encontraram várias vezes.

“O Bolsonaro, tá fazendo questão que eu vá lá. Aí, teve alguém da equipe que falou: 'Irmão, é bom ele não vir aqui porque pode queimar'. Ele (Bolsonaro) falou: 'Quem manda aqui sou eu, e ele vai vir'".

Segundo Delgatti, o projeto beneficiaria diretamente o ex-presidente. “Ou você acha que o Presidente da República estaria correndo esse risco de me receber lá, me receber lá, se não fosse algo que ajudasse muito ele?”

No mesmo diálogo, ele ironizou o fato de que o grupo ligado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não o teria acolhido da mesma maneira. “O Lula nunca quis… me falou um 'oi'". Nas palavras do programador: "O que eu vou fazer atrás de Lula? Eu nunca vou ser de esquerda. Eu sempre gostei de arma".

Na mais recente sessão da CPI, o programador Walter Delgatti foi interrogado sobre sua relação próxima com a deputada federal Carla Zambelli, que está sob investigação por suspeita de ter recrutado Delgatti. A defesa do parlamentar alega que a proximidade se deve a um projeto de trabalho conjunto relacionado à gestão das redes sociais da política.

“Eles estenderam a mão para mim, cara. A Carla me tratou hoje como se fosse um filho, coisa que nunca aconteceu na minha vida”, disse Delgatti. “A ponto da mãe dela me servir leite com Nescau, na mesa, e acompanhado com ela”, contou o programador, revelando que jogou até vídeo-game com o filho de Zambelli.

Na segunda-feira (21), veio à tona um áudio entregue à Polícia Federal pela defesa de Walter Delgatti, que pretende servir como prova do vínculo financeiro entre ele e Carla Zambelli.

A mensagem mostra uma mulher, supostamente ligada à campanha eleitoral da deputada federal, prometendo a ele “trocar uma ideia sobre o pagamento” e “sobre essa tua (de Delgatti) proposta”.

O advogado do parlamentar, Daniel Bialski, no entanto, insiste que todas as relações entre a equipe da deputada e Delgatti estavam relacionadas a uma proposta de trabalho apresentada pelo programador aos assessores da deputada, e que outras hipóteses sobre a mensagem são “falácias”.

Em nota, a defesa de Zambelli afirma que “refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar, inclusive, negando as aleivosias e teratologias mencionadas pelo senhor Walter Delgatti”. Segundo o advogado Daniel Bialski, as versões do programador “mudam com os dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras, bastando notar que a cada versão, ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade”.

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