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ANÁLISE POLÍTICA

Especialistas analisam vitória de Helder com 70% dos votos

Governador paraense foi eleito com a maior porcentagem de votos do Brasil e a expressiva preferência do eleitorado virou alvo de análises sobre o cenário político vivido no Pará; entenda.

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Imagem ilustrativa da notícia Especialistas analisam vitória de Helder com 70% dos votos camera Governador reeleito com a maior porcentagem de votos no primeiro turno, Helder ganhou destaque no cenário nacional | Reprodução

Muito antes da realização do primeiro turno das Eleições 2022, as pesquisas eleitorais já indicavam uma vitória do então candidato à reeleição Helder Barbalho (MDB) ainda no dia 2 de outubro. No entanto, a expressividade do resultado — 70,47% dos votos válidos — chamou a atenção de especialistas.

Não somente os mais de três milhões de votos instigam a análise política, mas todo o cenário que foi construído desde o lançamento da campanha do, agora, reeleito governador do Pará para o segundo mandato, até o final de 2026.

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A candidatura de Helder Barbalho contou com uma extensa aliança entre 15 partidos de ideologias e propostas distintas, mas que, debaixo do mesmo guarda-chuva da amplamente aprovada gestão do emedebista, pôde se consolidar como uma chapa tão forte que poderia ser considerada unânime entre tantas vertentes partidárias.

E apesar de, em eleições passadas, alguns dos partidos que compuseram a aliança a Helder em 2022 lançarem chapas concorrentes ao atual governador, como o PT, PSDB e PSD, ele conseguiu atrair as lideranças destes partidos para o seu lado neste ano, além de Cidadania, PCdoB, PV, PP, PDT, Republicanos, Avante, Podemos, União Brasil, DC, PTB e PSB.

Outro ponto a ser considerado é a polarização política vivida no amplo cenário nacional, onde o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Liberal (PL) medem forças e votos nas figuras de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, respectivamente, concorrentes à Presidência no segundo turno.

Principal concorrente de Helder na disputa pelo Governo do Pará, Zequinha Marinho (PL) contou com o "apadrinhamento" de Bolsonaro para tentar alavancar sua campanha, no entanto, o resultado obtido nas urnas foi muito aquém do que o próprio esperava: 27,13% dos votos.

E apesar do atual presidente e candidato à reeleição ter conquistado 40,27% dos votos válidos no Pará, este resultado não se transferiu ao seus indicados no Pará, nem para o governo estadual, nem para o Senado Federal, onde Mário Couto (PL) também não foi eleito (35,47%), perdendo para Beto Faro (PT), aliado de Helder, que conquistou 42,55%.

ANÁLISE

Para especialistas ouvidos pelo Portal UOL, o resultado obtido por Helder no pleito deste ano se justifica por muitos fatores. Com tantas siglas aliadas, incluindo legendas que nacionalmente apoiavam Bolsonaro, o tempo de propaganda política de Barbalho na TV foi bem maior que o dos adversários. Zequinha Marinho contou apenas com Patriota e PSC no apoio local à sua chapa.

Para conseguir apoio de vários lados, Barbalho se afastou da polarização das eleições presidenciais e se valeu de um novo arranjo de forças políticas no Pará, segundo especialistas.

A má avaliação dos últimos governadores também favoreceu a reeleição do emedebista com ampla vantagem.

Desde a redemocratização, a principal polarização no Pará foi entre o antigo PMDB (hoje MDB) e o grupo liderado pelo PSDB, explica Gustavo Ribeiro, professor de sociologia e ciência política da Universidade Federal do Pará (UFPA).

"As duas últimas gestões — de governo com Simão Jatene e na prefeitura da capital com Zenaldo Coutinho (ambos do PSDB) — saíram muito mal avaliadas e isso fez com que o polo de oposição ao MDB ficasse enfraquecido", explica Ribeiro.

"Helder teve a capacidade de arregimentar e incorporar o apoio do principal adversário, que era o PSDB", avalia. Em crise, a ponto de não lançar candidato ao governo na eleição passada, o PSDB ficou ainda mais fraco, alterando as forças políticas.

ALIANÇAS FORTES

"Toda a direita que não era bolsonarista estava com ele (Helder Barbalho) e a esquerda teve o PT, um partido forte, que fez coligação com Helder com um candidato ao Senado, uma aliança com o objetivo de marcar posição", explica Ribeiro.

Além da diversidade de partidos, também ajudou o fato de que as alianças começaram a se formar bem antes das eleições, ainda em 2020, com apoio de boa parte das prefeituras dos municípios paraenses ao nome do atual governador.

"As alianças com prefeitos do interior fizeram com que Helder tivesse palanque em vários municípios fortes", diz o especialista. Em campanha, Helder destacou que visitou todas as cidades do Pará.

A professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Marcela Machado também ressalta a habilidade do político paraense de conseguir unir o centro e a esquerda em uma chapa — e ainda captar votos dos dois lados.

CENÁRIO ESTADUAL X NACIONAL

Apesar de não declarar apoio a nenhum candidato à Presidência no 1º turno, Helder acompanhou Simone Tebet (MDB) durante agenda em Belém e também subiu no palanque de Lula (PT) durante comício na capital paraense.

A especialista da UnB destaca ainda o aceno de Barbalho a diferentes segmentos da sociedade: de religiosos a indígenas.

"Ter um governo bem avaliado, se afastar da eleição presidencial, garantir maioria no legislativo estadual. Além disso, flertar com as forças armadas, com entidades religiosas, povos indígenas. Com isso, Helder conseguiu reunir quase todos os segmentos da sociedade paraense", afirma a professora da UnB.

Respondendo ao Portal UOL, Helder atribuiu a votação expressiva à boa avaliação do governo, que superou a polarização política, reunindo votos de eleitores dos dois lados, direita e esquerda. Ele também reconhece que as alianças foram importantes.

"Com apoio de um conjunto de partidos, de lideranças, prefeitos, deputados, isso nos permitiu garantir uma ampla frente democrática apresentando aquilo que nós desejamos fazer nos próximos quatro anos no estado", disse o governador.

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