Automutilação, abuso continuado, vulnerabilidade e silêncio imposto por ameaça. Foram essas palavras, observadas primeiro em um ambiente escolar e depois confirmadas por uma escuta especializada, que escancararam um crime brutal e arrastado por anos contra uma menina de apenas 12 anos. A denúncia feita pela escola foi o ponto de ruptura de uma violência que, segundo a investigação, começou quando a vítima tinha 9 anos.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca), cumpriu na última quarta-feira (3), o mandado de prisão preventiva contra o homem apontado como agressor. Ele é companheiro da bisavó da vítima e confessou a prática de atos libidinosos após ser interrogado. O mandado foi expedido pela 1ª Vara de Crimes Contra a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes.
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O caso só veio à tona após uma atitude fundamental da escola onde a menina estuda. Educadores perceberam sinais evidentes de automutilação e, ao abordar a aluna com cuidado, ouviram dela o relato que mudaria o curso da investigação: ela vinha sendo abusada sexualmente dentro do próprio ambiente familiar. A resposta rápida da instituição foi decisiva para interromper o ciclo de violência.
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MÃE ACOBERTOU ABUSOS DURANTE ANOS
Em escuta especializada conduzida pelo Parapaz, a criança revelou que os abusos aconteciam desde os 9 anos e eram acompanhados de ameaças para que ela mantivesse segredo. O choque aumentou quando a vítima relatou que, ao tentar procurar ajuda da própria mãe, ouviu como resposta a orientação para não contar a ninguém.
"Representamos pela prisão preventiva pelo crime de estupro de vulnerável, majorado pelo parentesco e continuado. O suspeito foi interrogado e confessou os atos", afirmou a delegada Wendy Braga, responsável pelo caso.
CRIME DE OMISSÃO IMPRÓPRIA
Além da prisão do agressor, a Polícia Civil indiciou a mãe da menina pelo crime de estupro de vulnerável por omissão imprópria - quando o responsável legal deixa de agir para impedir ou denunciar a violência. A atitude, considerada gravíssima, contribuiu para manter o abuso em sigilo durante anos.
O homem preso permanece à disposição da Justiça. O caso reacende um alerta urgente: a importância das escolas, dos serviços de saúde e da rede de proteção em identificar sinais de sofrimento emocional e garantir que denúncias de violência sexual sejam feitas e acolhidas com rapidez. Em um país onde a maioria dos abusos ocorre dentro de casa e é praticada por pessoas próximas, romper o silêncio ainda é o maior desafio.
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