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ASSASSINATOS

Morte dos irmãos Novelino completa 17 anos

Relembre o caso que chocou o Pará há quase duas décadas e o que aconteceu com os assassinos após o crime

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Imagem ilustrativa da notícia Morte dos irmãos Novelino completa 17 anos camera A morte dos irmãos envolveu uma trama sórdida praticada por um empresário, um radialista e outras pessoas que foram condenadas | FOTO: Divulgação

Nesta quinta-feira (25) completam dezessete anos do duplo homicídio que chocou o Estado do Pará pela forma cruel e sanguinária como foi devidamente planejado para que fosse o “crime perfeito” e segundo o inquérito policial teve até ensaio meticulosamente executado para que nada desse errado.

Os irmãos Ubiraci e Uraquitã Borges Novelino foram apanhados de surpresa em uma armadilha, planejada pelo empresário João Batista Ferreira Bastos, conhecido na área social e política da época como “Chico Ferreira”, em parceria com o radialista Luiz Araújo.

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Os empresários vítimas da armadilha tiveram as mãos presas para trás por algemas, amordaçados e encapuzados, e depois espancados e estrangulados com mangueiras de borracha dentro da empresa Service Brasil do empresário “Chico Ferreira” no bairro de Batista Campos tendo como executores o ex-policial civil Sebastião Cardias Alves e o ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa.

Certificados que os empresários estavam mortos eles foram colocados em tambores metálicos e atirados na baía de Guajará a uma profundidade de dezessete metros atados por correntes de ferro, uma âncora e a um peso de concreto fabricado em casa no centro comercial de Belém.

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SERIA PERFEITO, MAS…

O crime era visto pelos seus planejadores como “perfeito” e segundo as investigações da época o pai das vítimas, o empresário Ubiratan Lessa Novelino, sentiu a falta dos filhos que tinham uma rotina de contato várias vezes no dia e naquele 25 de abril de 2007 sumiram. Apenas se sabia que eles teriam ido a uma reunião onde tratariam de débitos contraídos pelo empresário Chico Ferreira.

A investigação mostrou que os irmãos esperavam resolver um impasse criado com Chico Ferreira, sobre uma dívida que já estaria na casa dos quatro milhões de reais e antes mesmo de começar a suposta reunião planejada por Chico os irmãos acabaram encontrando a morte.

Morte dos irmãos Novelino completa 17 anos
📷 |FOTO: Divulgação

Tudo girava em torno de vários cheques que representavam parte da dívida de Ferreira que vinha sendo protelada e que neste dia seria a devida quitação desde que os irmãos empresários levassem os cheques que acabaram roubados no evento criminoso dando assim a perfeita quitação.

A reunião foi marcada para uma sala da empresa Service Brasil, que naquele dia teve uma alteração estranha. Todos os funcionários da empresa foram avisados de que o expediente encerraria uma hora mais cedo e que os irmãos teriam que chegar em um carro que não fosse o comumente utilizado por eles para não chamar atenção.

Tudo devidamente planejado e o grupo criminoso após o sumiço dos empresários chegaram até a colaborar com o trabalho até que a “casa começou a cair” quando os delegados Gilvandro Furtado, Sérvulo Cabral e Evandro Bradock chegaram a ponta do “fio da meada” começando a desvendar o crime até então “considerado perfeito”.

Foram presos o barqueiro que levou os toneis para jogar na baia do Guajará com os corpos dos empresários e no dia seguinte o desmonte de um carro no sítio do radialista Luiz Araújo no distrito do Murinin levou a polícia a prendê-lo uma vez que o carro, um Corola preto, era o mesmo que os irmãos emprestaram para irem se encontrar com Chico Ferreira.

Logo o “encaixe” das peças de jogo foram se ajustando e o empresário Chico Ferreira com crises de ansiedade por conta do noticiário buscou atendimento em uma clínica no bairro de Nazaré onde acabou preso.

No dia seguinte com o cerco fechado um os executores dos empresários o ex-policial Sebastião Cardias Alves se apresentou na sede na DRCO, acompanhado do juiz Paulo Jussara e a Polícia Civil com uma rede de informantes 24h prendeu já em Fortaleza o ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa que já tinha deixado Belém.

Restavam os corpos, uma vez que a defesa dos suspeitos alegava que “sem corpo não há crime”. No entanto, as evidências como o sangue dos irmãos no chão da empresa Service Brasil aliado a uma imagem de câmera de segurança mantinham a polícia no caminho certo.

CORPOS ENCONTRADOS

Já no dia 7 de maio de 2007 após uma semana de intensa procura os corpos dos empresários Ubiraci e Uraquitã Borges Novelino foram encontrados após uma força tarefa que incluiu, mergulhadores especiais, Capitania dos Portos, Marinha do Brasil, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil.

Seis meses depois começava uma nova batalha nos tribunais. Pelo menos quatro sessões de julgamentos históricos presididos pelo juiz Raimundo Moisés Alves Flexa tendo na acusação o promotor Paulo Godinho foram realizados com direito a desmembramento de ações judiciais e anulação de julgamento até que finalmente em dia histórico no ano de 2018 saiu a sentença final.

O empresário João Batista Ferreira Bastos, o radialista Luiz Araújo, o ex-policial civil Sebastião Cardias Alves e o ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa foram condenados em regime fechado em presídio de segurança máxima a 80 anos de reclusão.

Dos quatro assassinos, um já morreu na cadeia

Logo após a sentença ser lida pelo juiz que presidiu a sessão de julgamento dos quatro homens envolvidos nas mortes dos irmãos Novelino, eles foram levados direto do Fórum Criminal para os presídios designados.

Para a unidade de segurança máxima em Americano foram encarcerados João Batista Ferreira Bastos o “Chico Ferreira”, Luiz Araújo, e José Augusto Marroquim de Sousa, enquanto Sebastião Cardias Alves por ser ex-policial foi encarcerado no presídio Anastácio das Neves designado para servidores e ex-servidores públicos.

Dos quatro condenados, o ex-radialista Luiz Araújo morreu por complicações de saúde quando cumpria pena em uma penitenciária de segurança máxima em Campo Grande, no Mato Grosso, em 2010.

O ex-policial civil Sebastião Cardias Alves que cumpria pena no presídio Anastácio das Neves morreu em janeiro de 2023 em um hospital por problemas de saúde.

O ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa mantém uma rotina desde que chegou na cadeia cumprindo pena no Presídio Estadual Metropolitano I em Americano.

João Batista Ferreira Bastos atualmente se encontra em prisão domiciliar por 180 dias desde o dia 10 de abril determinado pela justiça para tratamento de saúde.

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