Na manhã do último sábado (6), o Quilombo Saracura recebeu o encerramento de um ciclo que vinha atravessando meses, memórias e vozes ancestrais no oeste do Pará. O projeto "Arqueologia Sankofa: Meu Quilombo, Saberes Ancestrais!", aprovado pela Lei Aldir Blanc do Governo do Estado, concluiu seu percurso formativo unindo arqueologia, identidade quilombola e o reencontro com raízes que seguem vivas no cotidiano das comunidades tradicionais da região.
Coordenado pelas arqueólogas Elaine Pinto e Rafaela Pinto, o Sankofa desenvolveu oficinas iniciadas em setembro nos quilombos Murumurutuba e João Pereira (JP), no planalto santareno, e finalizadas agora em Saracura, na várzea. Durante meses, moradores participaram de atividades voltadas ao fortalecimento da ancestralidade e ao reconhecimento da história coletiva que molda o território quilombola.
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ARQUEOLOGIA E A DIÁSPORA AFRICANA

O trabalho incluiu encontros sobre arqueologia e diáspora africana, rodas de conversa, escutas com anciãos e a oficina de bonecas africanas - uma das experiências mais mobilizadoras. Ministrada por Rafaela Pinto, a atividade ultrapassou a costura e se tornou espaço de debate sobre pertencimento, infância preta e memória. Todas as etapas foram acompanhadas por uma profissional de acessibilidade, garantindo a participação de toda a comunidade.
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IDENTIDADE E PERTENCIMENTO
Mais do que ensinar técnicas de costura, a atividade abriu espaço para reflexões sobre identidade, pertencimento e infância preta. A presença de uma profissional de acessibilidade em todas as etapas garantiu participação ampla dentro das comunidades.
O encerramento no Quilombo Saracura reforçou a relação entre passado, presente e futuro, evidenciando como cada território contribui com interpretações próprias sobre memória e resistência. Ao transitar entre planalto e várzea, o projeto aproximou diferentes realidades quilombolas, ampliando a compreensão sobre suas formas de ocupação, organização comunitária e modos de viver.
PRÓXIMOS PASSOS
Com a conclusão da fase de oficinas, o Sankofa entra agora em sua etapa final, prevista para 2026. Entre as devolutivas estão o lançamento de um mini documentário produzido durante as atividades e a distribuição de cerca de 200 exemplares de uma cartilha acessível de educação patrimonial para as três comunidades atendidas.
A equipe também planeja buscar novos financiamentos para expandir o projeto a outros quilombos do Baixo Amazonas, fortalecendo processos de memória, identidade e proteção territorial. As atualizações podem ser acompanhadas no perfil @arqueoquilombo.
Desenvolvido com apoio da FOQS, das associações quilombolas dos três territórios e da participação ativa de moradores e anciãos, o Arqueologia Sankofa deixa como legado a reafirmação de que o futuro dos quilombos se ergue sobre as raízes ancestrais e a força coletiva que atravessa gerações.
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