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FRUTO DA AMAZÔNIA

Castanha-do-pará impulsiona novos alimentos proteicos

Descubra como a castanha-do-pará se transforma em proteína vegetal inovadora, unindo tradição e tecnologia para fortalecer a biodiversidade amazônica.

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Imagem ilustrativa da notícia Castanha-do-pará impulsiona novos alimentos proteicos camera Descubra como a castanha-do-pará se transforma em proteína vegetal inovadora, unindo tradição e tecnologia para fortalecer a biodiversidade amazônica. | Divulgação/Embrapa

Num onde a floresta dita o ritmo da vida e sustenta tradições seculares, poucos produtos representam tão bem a identidade do Pará quanto a castanha. Genuína expressão da sociobiodiversidade amazônica, ela atravessa gerações como fonte de sustento, cultura e valor econômico para milhares de famílias extrativistas. Agora, esse recurso ancestral ganha novos contornos tecnológicos e industriais, mostrando que a Amazônia não é apenas berço de riqueza natural, mas também de inovação científica — especialmente quando ciência, sustentabilidade e saber tradicional caminham lado a lado.

Pesquisas da Embrapa identificaram que a farinha parcialmente desengordurada e o concentrado proteico produzidos a partir da castanha-do-pará apresentam elevado teor de proteínas e forte potencial para o mercado de alimentos de origem vegetal. Segundo os estudos, o teor proteico da farinha é cerca de 60% maior que o da farinha de trigo. Os ingredientes foram testados na formulação de hambúrgueres, quibes e proteína texturizada, com boa aceitação em sabor, textura e aparência. A tecnologia já está pronta para avaliação em escala comercial.

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De acordo com a pesquisadora Ana Vânia Carvalho, da Embrapa, a demanda crescente por fontes proteicas nacionais tem favorecido iniciativas que exploram a biodiversidade brasileira de maneira sustentável. “Além de valorizar recursos naturais e gerar renda, buscamos novos ingredientes para a indústria alimentícia”, afirma. O projeto integra o Programa Biomas, do The Good Food Institute (GFI) Brasil, com financiamento do Fundo JBS pela Amazônia.

Os processos de obtenção da farinha, do concentrado proteico e da proteína texturizada — esta última usada como substituta da carne — foram desenvolvidos no Laboratório de Agroindústria da Embrapa Amazônia Oriental, no Pará.

Potencial nutricional e aproveitamento da castanha

A primeira etapa do estudo envolveu a caracterização da matéria-prima. A castanha-do-pará possui, em média, 15% de proteínas, 67% de gorduras e elevado valor energético. Para a Embrapa, o produto se destaca como uma alternativa promissora no mercado de proteínas alternativas.

Carvalho ressalta que a castanha-do-pará é um símbolo da sociobiodiversidade amazônica e pode fortalecer cadeias produtivas regionais. O estudo também utilizou castanhas sem padrão comercial — quebradas ou fragmentadas — e a torta resultante da extração parcial do óleo, geralmente destinada à indústria cosmética, transformando resíduos em ingredientes de alto valor agregado.

Após a remoção do óleo, o teor de proteína da castanha subiu de 15% para 32,4% na farinha. Já o concentrado proteico atingiu até 56% de proteína. Os produtos foram aplicados em hambúrgueres, quibes e proteína texturizada, esta formulada em blend com proteína de soja.

Desenvolvimento de quibe e hambúrguer vegetais

Na Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro, foram desenvolvidos quibe e hambúrguer vegetais utilizando a farinha parcialmente desengordurada e o concentrado proteico. Segundo a pesquisadora Janice Lima, o objetivo foi transformar um coproduto da cadeia da castanha em um alimento destinado aos públicos vegetariano, vegano e flexitariano.

O quibe foi formulado com uma farinha que contém cerca de 6% de óleo, 32% de proteínas e 10% de fibras. Já o hambúrguer utilizou o concentrado proteico, que possui 56% de proteína. Ambos podem ser produzidos com ingredientes de fácil acesso e comercializados congelados, crus ou pré-assados.

Pelas normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o quibe é classificado como alimento de alto conteúdo de fibras, enquanto o hambúrguer é considerado fonte de fibras.

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Proteína texturizada similar à soja

Além das preparações alimentícias, os pesquisadores também produziram um ingrediente texturizado proteico vegetal à base de castanha-do-pará e soja, com teor proteico próximo ao da tradicional proteína texturizada de soja (PTS). De acordo com a pesquisadora Melicia Galdeano, o resultado atende à proposta do projeto: criar alternativas nacionais para o mercado plant-based.

“Atualmente predominam ingredientes como soja e ervilha. Trabalhar com a castanha abre caminho para o uso sustentável da biodiversidade amazônica”, afirma.

Boa aceitação dos consumidores

Os testes de aceitação sensorial mostraram resultados positivos. Os consumidores avaliaram bem o sabor, a textura e a aparência dos produtos formulados com farinha, concentrado e proteína texturizada de castanha-do-pará.

Para a pesquisadora Daniela Freitas de Sá, os resultados confirmam o potencial dos coprodutos da castanha como alternativas viáveis para o desenvolvimento de alimentos vegetais. “Os produtos apresentaram características sensoriais semelhantes às versões convencionais, o que reforça a viabilidade do uso desses ingredientes no mercado plant-based”, conclui.

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