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OPINIÃO

Carta da Amazônia para McCartney: a carne pode ser sustentável, sim!

Enquanto Paul McCartney critica o impacto da carne no planeta, o Pará aposta em uma pecuária que promete conciliar produção e floresta em pé.

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Imagem ilustrativa da notícia Carta da Amazônia para McCartney: a carne pode ser sustentável, sim! camera Paul McCartney critica COP30 por não servir cardápio 100% vegetariano. | Reprodução

Paul McCartney, um dos maiores ícones da música mundial, há muito tempo defende que reduzir o consumo de carne é essencial para conter a crise climática. Ele argumenta que a pecuária tradicional é uma das atividades que mais emitem gases de efeito estufa e pressionam florestas tropicais, além de estar associada ao desmatamento e à degradação ambiental. Mas será que toda pecuária é igual? E será que o único caminho possível é parar de comer carne?

Aqui no Pará, essa discussão ganha nuances que quem vê de fora muitas vezes não percebe. O estado, dono de um dos maiores rebanhos bovinos da Amazônia, tenta mostrar que há outro caminho. Com o Programa Pecuária Sustentável do Pará, o governo quer transformar o setor em parte da solução, e não apenas no símbolo do problema.

A proposta é ambiciosa: produzir carne sem desmatar, com rastreabilidade, boas práticas e transparência. O programa, lançado durante a COP 28, estabeleceu metas ousadas. A principal delas é rastrear todo o rebanho do estado até 2027, começando pelas movimentações de gado já em 2026. Na prática, isso significa que cada animal recebe uma identificação individual, o que permite acompanhar sua origem, movimentação e histórico. Assim, o consumidor pode saber de onde veio a carne e se ela foi produzida de forma responsável.

Além da rastreabilidade, o programa incentiva a regularização fundiária e ambiental. Muitos produtores ainda estão na informalidade e, por isso, ficam impedidos de vender legalmente. Com a iniciativa chamada “Requalificação Comercial”, apresentada em 2025, esses produtores têm a chance de se adequar às normas e voltar ao mercado formal. Em vez de punir quem errou, o governo tenta orientar e incluir, desde que haja compromisso com a regularização.

Essa mudança de postura representa uma nova maneira de enxergar a pecuária. Em vez de tratar o boi como vilão da floresta, o Pará tenta transformá-lo em parte de um modelo econômico mais equilibrado, capaz de gerar renda, manter famílias no campo e proteger o meio ambiente. Se o programa der certo, o estado pode abrir portas para mercados internacionais que valorizam a carne produzida de forma sustentável.

E é aqui que me vem à cabeça uma canção que atravessa gerações: “Para Lennon e McCartney”, dos Mutantes e do 14 Bis. A música fala sobre o olhar estrangeiro que, de longe, não entende o que é ser daqui, nem o que significa viver as contradições do Brasil profundo. Quando Paul McCartney critica a pecuária amazônica de forma genérica, ele talvez fale desse mesmo lugar de quem nunca pisou nesse chão, nunca sentiu o cheiro da chuva batendo na terra vermelha, nem viu o produtor que tenta sobreviver sem derrubar mais uma árvore.


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“Vocês não sentem, nem veem, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança em breve vai acontecer.”

Milton Nascimento ‧ 1970,
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Talvez essa “nova mudança” já esteja começando por aqui.

A crítica de McCartney continua válida. O impacto da produção de carne sobre o planeta é real e não pode ser ignorado. Mas talvez, na Amazônia, a pergunta mais urgente não seja “devemos parar de comer carne?”, e sim “como podemos produzir carne sem destruir a floresta?”.

Se o Programa Pecuária Sustentável do Pará conseguir cumprir o que promete, com transparência, controle e incentivo aos pequenos produtores, talvez o mundo olhe pra cá e veja que é possível conciliar floresta, boi e futuro. E quem sabe, um dia, o próprio McCartney também perceba que a Amazônia não é só um símbolo distante, mas um território vivo, cheio de gente tentando fazer diferente.

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