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CIÊNCIA

Pesquisa irá mapear biodiversidade do mar amazônico

Expedição coordenada pela Ufra busca mapear a biodiversidade da Amazônia Azul, um esforço inédito para entender a vida marinha do Brasil.

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Imagem ilustrativa da notícia Pesquisa irá mapear biodiversidade do mar amazônico camera Expedição científica irá mapear a chamada "Amazônia Azul" | Tânia Rego/Agência Brasil

Você já perguntou ao pescador por que foi que no mar não tem peixe-boi? Ou por que é que no mar não tem jacaré? Até mesmo questionou a razão de no mar não ter tubarão? A referência ao tradicional carimbó "Pescador" soa clara para qualquer paraense, mesmo que a letra da música tenha alguns equívocos científicos.

Afinal, todos sabemos que no mar existem, de fato, tubarões. Talvez um grupo um pouco menor saiba que também existem peixes-bois marinhos. Mas o ponto é que a biodiversidade marinha é vasta, mas ainda muito desconhecida - e não só para o público geral, mas para a própria ciência. Por isso, pesquisas na região são importes para entender como funciona uma parte tão importante do território.

A Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) está na coordenação de uma ambiciosa expedição científica que tem como objetivo mapear e estudar profundamente a biodiversidade da chamada “Amazônia Azul”. Esta vasta área marítima, que se estende por milhares de quilômetros, será percorrida por pesquisadores a bordo do barco-laboratório de ensino e pesquisa "Ciências do Mar II", que partiu de Belém, Pará, nesta sexta-feira (24). O cruzeiro, com duração prevista de dez dias, percorrerá mais de 3 mil km em mar aberto e integra um esforço nacional inédito para conhecer a vida marinha do país.

Pesquisa

A equipe embarcada é composta por nove pesquisadores e nove estudantes, oriundos da Ufra e de outras instituições brasileiras. Eles irão se dedicar à observação de uma vasta gama de vida marinha, incluindo microrganismos, microalgas, invertebrados, crustáceos, esponjas, peixes, baleias, golfinhos e aves.

O coordenador-chefe do cruzeiro na Amazônia, Eduardo Tavares Paes, doutor em Oceanografia e professor da Ufra, destacou a importância de focar na região marinha, que historicamente recebeu menos atenção científica do que a floresta.

Paes observou que o conhecimento da área continental, ou “Amazônia verde”, é de alto nível, mas a parte costeira e marinha ainda é superficialmente conhecida. O pesquisador ressaltou o potencial de descobertas na região, que abrange do Amapá ao Piauí.

"Existe um saber de alto nível voltado para a Amazônia verde, as florestas, a área continental. Mas a parte costeira, marinha, ainda é pouco conhecida. Nessas pesquisas esperamos encontrar inclusive espécies que ainda não foram descritas pela ciência, espécies novas. O mar amazônico vai do Amapá ao Piauí, são quilômetros de extensão e se conhece de forma muito superficial essa biodiversidade toda. Sabemos, por estudos anteriores, que na Amazônia existe um mar de esponjas único do mundo, um verdadeiro jardim submarino com esponjas de vários metros de altura e ainda pouco conhecidos”, disse Eduardo Tavares Paes.

O pesquisador também salientou o papel crucial do projeto na preservação do ambiente marinho, especialmente considerando os impactos das mudanças climáticas.

"Nós já sabemos que em muitas regiões, no arquipélado do Marajó, por exemplo, já existe salinização dos rios, porque o oceano está entrando. Mas quanto isso impacta diretamente na fauna marinha, que consequentemente impacta nas comunidades locais?", questionou Paes.

Esforço nacional

O navio "Ciências do Mar II" faz parte de uma frota nacional de quatro embarcações idênticas, financiadas por edital dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), do CNPq, e adquiridas pelo Ministério da Educação em parceria com a Marinha Brasileira. O objetivo geral é conhecer a biodiversidade marinha do país de forma aprofundada e comparável, abrangendo do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS). Esta é a primeira vez que esses quatro navios realizam cruzeiros no mesmo período em todo o país, após expedições realizadas no Sul, Sudeste e Nordeste.

O professor Paes destacou que a pesquisa representa um esforço metodológico unificado, inédito no Brasil.

“É a primeira vez no Brasil que se faz um ampla prospecção biológica e oceanográfica ao mesmo tempo, com a mesma metodologia, mesmo tipo de coleta de dados, imagens de satélite, medidas de corrente, coletas de agua. É um grande esforço para se conhecer a biodiversidade brasileira. E pela primeira vez também a Ufra entra no cenário nacional das Ciências Marinhas, participando como protagonista, uma conquista que a universidade celebra nesse momento”, afirmou o pesquisador.

A embarcação é equipada com laboratórios, guinchos, guindastes e outros equipamentos científicos, servindo também como um centro de formação prática. Alunos de graduação e pós-graduação dos cursos de biologia marinha, engenharia de pesca, engenharia ambiental e da pós-graduação em Aquicultura e Recursos Aquáticos Tropicais da Ufra terão a oportunidade de aprender a usar os equipamentos e realizar coletas e análises.

O coordenador da expedição ressaltou o foco na educação.

“Uma das metas é formar alunos através da experiência embarcada. Por isso pesquisadores mais experientes e alunos que vão aprender a bordo os protocolos, usar equipamentos e ter um treinamento mais avançado nos estudos e planejamento”, disse o coordenador.

Pesquisa marinha na Amazônia

O material biológico coletado durante os embarques será analisado tanto no local quanto nos laboratórios da Ufra, utilizando equipamentos adquiridos através do projeto que permanecerão na instituição.

Estão previstos mais dois embarques em 2026, mas o objetivo é dar continuidade ao trabalho. Eduardo Tavares Paes expressou a aspiração de tornar os cruzeiros mais autônomos e regulares.

“O conhecimento do mar não se encerra nesse cruzeiro. A ideia é que aos poucos possamos constituir cruzeiros regulares que não dependam mais de recursos de fora da Amazônia, que as nossas universidades consigam captar recursos e ter suas embarcações e centros de pesquisa, esse é só o começo. Daqui há algum tempo quem sabe não temos um Centro de Estudos de Biodiversidade Marinha Amazônica, que ainda não tem nenhum”, projetou Paes

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