
Com o objetivo de fortalecer os esforços de conservação da ararajuba (Guaruba guarouba), uma das aves mais emblemáticas da Amazônia, um novo grupo com 16 exemplares chegou a Belém para integrar o projeto de reintrodução da espécie na natureza. As aves vieram do aviário da Fundação Lymington, em Juquitiba, em São Paulo, e se juntam às 14 que já estavam na capital paraense. Juntas, as 30 ararajubas deverão ser soltas de forma simbólica durante a realização da COP30, sediada em novembro em Belém.
Coordenada pelo Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), a ação em parceria com a Fundação Lymington, marca mais um avanço na conservação da espécie, considerada símbolo da fauna amazônica e que tem cerca de 80% da população concentrada no estado.
As aves foram levadas ao viveiro de aclimatação do Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna, onde passam por um período de adaptação ao clima, à alimentação e à dinâmica da floresta. No local, elas são treinadas para viver em liberdade, reconhecendo alimentos nativos, como açaí, muruci e araçá, além de fortalecerem a musculatura para voos longos.
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“Essas 16 ararajubas se juntam às outras 14 que já estavam conosco e serão liberadas em homenagem à COP30. Devolver essas aves aos céus de Belém tem um valor simbólico e ambiental enorme”, afirmou Mônica Furtado, gerente de Biodiversidade do Ideflor-Bio. Ela destaca que a soltura durante o maior evento climático do mundo reforça o compromisso do Pará com a proteção da biodiversidade.

Desde 2017, o Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas na Região Metropolitana de Belém já conseguiu devolver 58 aves à natureza. Um dos marcos do programa foi o nascimento de sete filhotes dentro do próprio Parque do Utinga, chamados de “jubinhas belenenses” por terem nascido em ambiente natural, fora do cativeiro.
O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, celebrou os resultados e destacou o envolvimento coletivo. “Já podemos assegurar que existe uma geração de ararajubas genuinamente paraense. São oito anos de trabalho dedicado, de pesquisa e de cooperação entre instituições públicas e privadas, que têm garantido o retorno dessa espécie símbolo da Amazônia aos nossos céus”, afirmou.
Para o biólogo Marcelo Villarta, da Fundação Lymington, o sucesso da reintrodução depende de um processo cuidadoso de aclimatação e socialização. “Essas aves nasceram em cativeiro e precisam ser treinadas para a vida livre. Também se adaptam à convivência em grupo, o que é essencial para a sobrevivência na natureza”, explicou. Segundo ele, na natureza, as ararajubas vivem em grandes bandos familiares, onde há divisão de tarefas entre os indivíduos.

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O projeto ganhou novo impulso em abril de 2024, com a assinatura de um novo Termo de Colaboração entre o Ideflor-Bio e a Fundação Lymington, garantindo mais dois anos de execução. A expectativa é que, até novembro deste ano, outras 30 ararajubas sejam soltas, consolidando a formação de uma população autossustentável na região.
“A reintrodução das ararajubas é um exemplo de que é possível conciliar conservação, ciência e engajamento social. Ver essas aves sobrevoando novamente os céus de Belém é testemunhar a força da vida e o compromisso do Pará com um futuro sustentável”, concluiu Nilson Pinto.
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