
No coração do Marajó, mais precisamente no município de Portel, uma iniciativa inovadora tem transformado a realidade de famílias ribeirinhas em situação de vulnerabilidade social. Com apoio do Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais (Fomento Rural), fruto da parceria entre os governos estadual e federal, mulheres jovens, muitas delas chefes de família e com histórico de dependência do Bolsa Família, estão dando os primeiros passos rumo à autonomia econômica e à regularização ambiental por meio de projetos produtivos sustentáveis.
A ação é coordenada pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), que atua diretamente com 20 famílias residentes em 19 vilas rurais ao longo dos rios Camarapi e Pacajá. Cada família recebe um incentivo financeiro de R$ 4.600, dividido em duas parcelas, sem necessidade de reembolso, para investir em atividades como a criação de galinha-caipira, piscicultura, construção de casas de farinha e manejo sustentável de açaizais nativos.
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As principais beneficiárias são mulheres com cerca de 30 anos, mães de dois ou três filhos pequenos, em união estável, que agora assumem um papel central no sustento de suas famílias. A mobilização e o apoio técnico às comunidades contam com o suporte da Associação Agroextrativista dos Produtores Rurais do Baixo Pacajá (Agrupa).
O engenheiro florestal da Emater, Milton Costa, responsável pela execução do programa no município, destaca o grande potencial produtivo da região. “Portel tem uma agricultura familiar forte, com destaque para a produção de farinha, beneficiada por solo fértil e tradição familiar. O açaí da várzea também se mostra promissor, especialmente com o consórcio de espécies como mandioca, abacaxi e banana, o que garante segurança alimentar e potencial de comercialização. O peixe, por sua vez, pode ser criado com tecnologia de tanques mesmo em áreas de preservação permanente (APP)”, explica.
Um exemplo inspirador é o de Ísis de Fátima dos Santos, de 33 anos, moradora da comunidade Filadélfia. Ela planeja criar tambaquis em um tanque de madeira com mais de 60 m², instalado nas águas do rio Pacajá, com capacidade para mil alevinos. “A pesca com malhadeira é incerta. Já a criação nos dá garantia de alimento e renda”, conta Ísis, que vive com o companheiro Marcelo e os filhos Lorran, de cinco anos, e Emanuel, de 13.
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Ísis também ressalta a valorização da mulher no campo: “Estamos sendo vistas como protagonistas da agricultura familiar, não apenas como ajudantes ou cuidadoras. Agora somos reconhecidas como líderes, responsáveis pelo sustento e pela tomada de decisões”.
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