plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 27°
cotação atual R$


home
TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL

Jambu: Das mesas dos paraenses para os consultórios dentários

Pesquisadores da UFPA avaliam o uso do jambu para diminuir a sensibilidade em procedimentos de clareamento dos dentes. Outra pesquisa quer usar o açaí no tratamento da periodontite

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia Jambu: Das mesas dos paraenses para os consultórios dentários camera Pesquisas avaliam o potencial do uso do açaí e do jambu para reduzir processos dolorosos e inflamatórios em procedimentos dentários | Alexandre de Moraes

O tremor característico causado pelo jambu na boca é conhecido de quem já apreciou algum prato típico que tenha a hortaliça como ingrediente. Mas o que a pesquisa científica descobriu foi que a substância também pode ser muito útil na área da saúde bucal. A tese de doutorado “Desenvolvimento e Avaliação de um Gel Experimental de Extrato de Acmella oleracea (Jambu) sobre o Esmalte e Controle da Sensibilidade Dentária Pós-Clareamento: Um Estudo Laboratorial e Clínico”, defendida no Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), buscou em um bioinsumo amazônico a solução para a sensibilidade após o clareamento dental.

A autora da tese de doutorado, Brennda Lucy Freitas de Paula, explica que a dormência sentida na boca ao mastigar a folha de jambu é conhecida por apresentar propriedades sensoriais específicas, que provocam um estímulo tátil diferente. E foi exatamente esse efeito que chamou a atenção da pesquisadora. “O jambu está enrraigado na nossa cultura. Quem nunca tomou um tacacá no final da tarde e teve aquela sensação de tremedeira na boca, né? Daí a gente pensou que, se ele tem essa propriedade analgésica, que causa uma leve parestesia na região, porque não identificar o que tem nessa planta para ver se a gente consegue aplicar essa propriedade analgésica para o clareamento?”, introduziu Brennda.

“O clareamento é um procedimento analógico que vai causar uma sintomatologia dolorosa que é derivada de uma inflamação durante esse processo. Por isso que o paciente sente dor quando faz o clareamento. Claro que a gente tem vários dessensibilizantes hoje em dia que conseguem diminuir essa sintomatologia dolorosa. Mas a gente não consegue reduzir 100% com os dessensibilizantes que a gente tem no mercado. Então, a gente acreditou que o jambu tinha espaço para ser pesquisado”.

Antes da etapa de aplicação dos testes em humanos, o estudo passou por diversas fases.
📷 Antes da etapa de aplicação dos testes em humanos, o estudo passou por diversas fases. |Alexandre de Moraes

Quer saber mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no Whatsapp

Brennda explica que, através dos estudos, foi possível identificar que o jambu tem uma molécula que é responsável por essa sensação de analgesia e, mais do que isso, que essa molécula é capaz de se ligar aos TRPs, que são canais receptivos que estão presentes na polpa do dente. O que sinalizou a eficácia do gel à base de jambu. “Até o presente momento não tem nada na literatura relacionada a isso. Então, a gente pode dizer que a nossa pesquisa foi pioneira, nesse sentido”.

Para que o estudo pioneiro fosse possível, uma metodologia própria precisou ser desenvolvida, com cada etapa sendo criada do zero. A pesquisa foi orientada pela professora Cecy Martins Silva e o estudo foi realizado em parceria com o Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), coordenado pelo professor Hervé Rogez.

Antes da etapa de aplicação dos testes em humanos, o estudo passou por diversas fases. No primeiro momento, os experimentos foram feitos utilizando células, depois, dentes bovinos, até chegar ao ensaio clínico. Nessa etapa, dois tipos de gel foram utilizados. Um que era placebo e outro que continha o extrato de jambu. E os resultados obtidos demonstraram um potencial inovador para o jambu no campo da saúde bucal.

“O nosso projeto é bem piloto. Então, para chegar no mercado, a gente precisaria de vários testes da Anvisa. O que a gente tem hoje é a elaboração de um gel, um piloto, em que foi criada uma metodologia porque a gente não tinha nenhum outro estudo para se basear. Foi feita desde a coleta da planta, a extração do extrato do jambu, até a gente ter esse extrato purificado, pronto para uso para incorporação, para formação do gel”, explica Brennda. “Para chegar no mercado a gente precisa de outras etapas. Então, é um estudo muito longo, mas é um produto promissor. A gente teve resultados positivos em relação à remissão dessa sintomatologia dolorosa pós-clareamento, mas a gente precisaria de muitas outras etapas, como os testes primários da Anvisa, testes de prateleira, estabilidade, para conseguir comercializar isso”.

Açaí

Ainda na área da saúde bucal, outro bioinsumo conhecido dos paraenses foi pesquisado para aplicação odontológica, o açaí. Também apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), a dissertação “Avaliação Bioquímica e Morfológica do Açaí Clarificado como Tratamento Adjuvante em Modelo Experimental de Periodontite por Ligadura” avaliou os efeitos bioquímicos e morfológicos do açaí clarificado como possível agente complementar no tratamento da periodontite.

O estudo, de autoria da pesquisadora Zuleni Alexandre da Silva e orientado pela professora Renata Duarte de Souza Rodrigues, se dedicou a investigar os efeitos do açaí sobre a doença, considerando que o fruto apresenta propriedades antioxidantes comprovadas em diversos estudos.

A periodontite é uma doença que tem início com um quadro de gengivite, mas que, se não tratada adequadamente, pode ocasionar a destruição dos tecidos que sustentam os dentes, levando à perda dentária. Diante desse risco, uma das principais formas de tratamento da doença segue um protocolo de raspagem e alisamento radicular que promover a remoção de uma camada de microrganismos que se forma sobre os dentes e está diretamente ligada ao processo inflamatório. O que se avaliou, com a pesquisa, foi se o açaí poderia ser utilizado de maneira complementar neste tratamento.

Para que isso fosse possível, a metodologia aplicada pela pesquisa envolveu um modelo experimental com ratos. Após a indução do desenvolvimento de periodontite nos animais, observou-se um acúmulo de biofilme que gerou a inflamação necessária para o estudo. Em seguida, foi aplicado o tratamento experimental ao longo de 28 dias, sendo observada uma melhora relacionada aos efeitos bioquímicos. “Observamos uma melhora nos parâmetros antioxidantes no sangue dos animais. Como sabemos que o desequilíbrio da bioquímica oxidativa influencia bastante no desenvolvimento dos processos inflamatórios, essa melhora significa um resultado importante. O açaí ajudou a modular esses parâmetros, contribuindo na mediação do processo inflamatório”, contou Zuleni da Silva ao jornal Beira do Rio, da UFPA.

Para saber mais, acesse e adição eletrônica do jornal Diário do Pará

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Notícias Pará

    Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

    Últimas Notícias