
Em tempos de redes sociais, a percepção pública pode ser moldada com poucos cliques e alguma logística bem coordenada. Foi o que se viu em Ananindeua, na noite desta terça-feira (5), quando uma suposta manifestação em apoio ao prefeito afastado Daniel Santos chamou a atenção.
No local, uma multidão com as lanternas dos celulares acesas criava a imagem de show de um grande artista. No entanto, o que parecia ser uma demonstração espontânea de fãs, na verdade, foi motivado por pagamentos em dinheiro, ou, em outras palavras, esse apoio teria um preço.
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Informações que circulam em redes sociais e grupos de mensagens apontam que a mobilização foi organizada com a promessa de R$ 25 para cada participante. Além disso, há denúncias de que ônibus usados no transporte dos manifestantes teriam sido custeados com recursos públicos, agravando ainda mais a situação do prefeito afastado.
Daniel foi removido do cargo por decisão judicial, após ser alvo da Operação Hades, conduzida pelo Ministério Público do Pará. A investigação apura um esquema de corrupção e fraudes em licitações no município. Mesmo fora do comando da prefeitura, ele estaria articulando ações para tentar influenciar a opinião pública e enfraquecer as investigações.
As denúncias sobre o pagamento para participação no ato reacenderam críticas quanto à postura do ex-prefeito. Para muitos, trata-se de mais uma tentativa de manipulação, travestida de apoio popular, mas com raízes no oportunismo e na tentativa de desacreditar os órgãos responsáveis pelo combate à corrupção.
A manifestação, vendida como expressão da vontade popular, teria como real objetivo criar uma narrativa favorável a Daniel, como se o afastamento tivesse gerado indignação da população. Mas os relatos vão em outra direção: indicam a presença de pessoas contratadas, cartazes padronizados e uma estrutura logística pouco compatível com um ato espontâneo.
Para analistas, a iniciativa parece ter sido uma forma de pressionar instituições de controle e tentar preservar a imagem pública de Daniel Santos, mesmo diante de acusações graves que incluem corrupção ativa, passiva e manipulação de processos licitatórios.
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Apesar da seriedade das novas denúncias, o Ministério Público do Pará ainda não se pronunciou oficialmente sobre a suposta mobilização fraudulenta. Nos bastidores, porém, já se fala em possíveis diligências para apurar o uso irregular de dinheiro público na organização do evento.
Veja a denúncia:
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