Linda Beatriz, aos três anos de idade, era uma criança cheia de energia. Brincava, corria e irradiava alegria. Em 2022, no entanto, um diagnóstico precoce de Leucemia Mielóide Aguda (LMA) mudou completamente a vida dela e de sua família.
Essa realidade não é exclusiva da família de Linda. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 7.930 novos casos de câncer infantil são diagnosticados por ano no Brasil, sendo a principal causa de morte em crianças e adolescentes de 1 a 19 anos.
A luta de uma família contra o câncer infantil
Eduardo Dias, pai de Linda, lembra que a batalha começou em julho de 2022, quando a filha sofreu reações adversas à quimioterapia logo no primeiro ciclo de um tratamento previsto para durar dois anos.
“Ela foi desenganada pela medicina após sofrer um AVC isquêmico. Devido à toxicidade da quimioterapia e ao risco de novos AVCs, nossa família, em conjunto com a junta médica, decidiu não continuar com a quimioterapia paliativa. Trouxemos nossa filha para casa, confiando que Deus a curaria. E Ele curou. Nossa filha está viva para a glória de Deus”, relata Eduardo.
Receber um diagnóstico de câncer infantil é um choque para qualquer família. Eduardo lembra o impacto inicial da notícia. Segundo ele, "o primeiro momento foi desesperador, mas depois foi substituído pela esperança em Deus e na cura. A reação mais forte veio da avó paterna, que entrou em desespero ao imaginar perder sua neta".
Atualmente, três anos após o diagnóstico, a família segue buscando esperança em dias melhores. “O mais importante tem sido a fé em Deus e a união de familiares e amigos, que nos ajudam na reabilitação completa da nossa filha. Agora estamos tratando as sequelas que ficaram após o AVC”, completa Eduardo.
No entanto, o pai de Linda ressalta que o apoio às famílias de crianças com câncer ainda é limitado. “Dentro do ambiente hospitalar, existe um acompanhamento completo com psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais. Mas, quando não há mais esperança de cura pelo tratamento quimioterápico, esse suporte desaparece. Isso é um déficit que pode ser melhorado com projetos e políticas públicas", opine ele.
Quer saber mais notícias de saúde? Acesse nosso canal no Whatsapp
Câncer infantil: diagnóstico e sintomas
A Dra. Alayde Vieira, oncopediatra e diretora clínica do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, explica que o câncer infantil tem origem 100% genética, mas isso não significa que seja hereditário.
“O câncer infantil é uma questão genética, mas pode estar associado a algumas síndromes raras que aumentam a incidência da doença. Sempre reforçamos que não é culpa dos pais ou da alimentação da criança", explica a médica, destacando que algumas condições aumentam o risco de câncer na infância.
Segundo a oncopediatra, "crianças com Síndrome de Down, por exemplo, têm mais chances de desenvolver leucemias agudas. Outras síndromes, como neurofibromatose e síndrome de Bloom também aumentam esse risco".
Diferente dos adultos, em que exames como mamografias e testes de PSA ajudam na detecção precoce do câncer, nas crianças o diagnóstico antecipado depende da atenção aos sintomas.
“Os sintomas podem ser confundidos com doenças comuns da infância, como febre persistente por mais de 14 dias, desânimo progressivo e palidez. O câncer mais frequente é a leucemia aguda, seguida pelos tumores cerebrais e linfomas", aponta a diretora clínica do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, reforçando a importância da vigilância médica.
Suporte adequado, acolhimento e atendimento humanizado
O enfrentamento ao câncer infantil não afeta apenas os pacientes e suas famílias. Os profissionais da saúde que lidam diretamente com essas crianças enfrentam desafios diários que vão desde a sobrecarga de trabalho até a falta de infraestrutura adequada.
O Dr. Eduardo Amoras, diretor de comunicação do Sindicato dos Médicos do Pará (SINDMEPA) e responsável técnico pela cirurgia pediátrica do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, alerta que o atendimento oncológico exige muito mais do que conhecimento técnico.
“Hoje, cerca de 2% da população mundial sofre dessa doença. Os médicos e demais profissionais que lidam com o câncer infantil precisam de suporte adequado para exercer sua função com dignidade e preservar sua própria saúde, especialmente a mental. O câncer infantil exige empatia, acolhimento e um olhar humanizado não apenas para o paciente, mas também para sua família. A família adoece junto. O impacto do diagnóstico e do tratamento afeta toda a rede de apoio", ressalta ele.
Eduardo Amoras reforça a importância de “garantir condições adequadas para quem cuida como ferramenta essencial no combate ao câncer e na construção de um atendimento verdadeiramente humanizado”.
A importância da fé e da esperança
Diante da realidade difícil enfrentada pelas famílias de crianças com câncer, Eduardo Dias, pai de Linda, deixa uma mensagem de encorajamento para quem passa por essa situação.
“Sabemos que viver esse momento não é fácil, mas aconselhamos a nunca perder a fé em Deus, porque Ele tudo pode fazer. Creia no Deus do impossível e viva os frutos da fé.”
Eduardo Dias, pai da Linda Beatriz,A luta contra o câncer infantil vai além dos hospitais. Envolve políticas públicas, suporte às famílias, investimento na capacitação dos profissionais e um olhar mais humano para todos os envolvidos nesse processo. A esperança, o acolhimento e a fé são fundamentais para transformar essa realidade.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar