Caraparu celebra o Círio das Águas; confira as imagens

Uma multidão de devotos em canoas e caiaques participou da 106ª edição do Círio de Nossa Senhora da Imaculada Conceição realizado ontem (8) na vila de Caraparu, no município de Santa Izabel do Pará. A edição deste ano trouxe o tema “Maria, adorando e servindo”.

Por volta das 5h30, o cortejo com a imagem da padroeira saiu da Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição até a orla de Caraparu. Por volta das 6h, a gôndola maior com o andor que levou a imagem desceu pelo Rio Caraparu em direção à comunidade do Cacau.

Às 7h30, a embarcação chegou na comunidade onde foi realizado um momento de acolhida e escuta da palavra na Capela do Cacau. Em seguida, o “Círio das Águas” saiu com a gôndola principal conduzindo a imagem e dezenas de canoas e caiaques com devotos entoando cânticos à Nossa Senhora. Após mais de duas horas, a procissão chegou por volta das 10h retornando à orla de Caraparu, onde foi recebida por fiéis.

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Após este momento de recepção e fé na orla, o andor com a imagem da Santa prosseguiu em procissão com fiéis pelas ruas da vila de Caraparu, na companhia de um carro som, tocando cânticos em homenagem à padroeira. Em seguida, a imagem foi conduzida à Igreja de Nossa Senhora da Imaculada onde foi celebrada uma missa, encerrando a programação do Círio de Caraparu 2024.

Todo ano, a aposentada e devota Marlene Cardoso, 68 anos, participa do Círio de Caraparu levando uma imagem de Nossa Senhora na frente da canoa. “É um momento muito aguardado para mim. Eu me sinto realizada em participar e ver algo assim no rio”. Para o ano de 2025, a aposentada deseja que Nossa Senhora interceda por mais saúde. “É a fé que me traz aqui. Enquanto eu estiver bem, com vida, eu vou participar e contemplar este momento de alegria”.

Desde criança, o aposentado João Faro, 86, participa da celebração do Círio sobre as águas. O devoto afirma que é emocionante ver os barcos saindo, o que ele considera uma experiência espiritual gratificante de contemplação à Nossa Senhora. “Venho sempre para reforçar minha devoção. Maria é minha protetora e intercessora. O Círio é bonito e é gratificante ver as pessoas em cortejo pelas águas”.

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Um dos marujos que remaram para dar apoio à gôndola com a imagem da Santa foi o militar Marcos Paulo, 22. Pela primeira vez participando como marujo do “Círio das Águas”, Marcos afirma que foi uma experiência nova e enriquecedora participar da tradição pelo Rio Caraparu. “Minha família é devota e eu segui na tradição sendo fiel à Virgem. O que me motiva a estar aqui é a minha força em poder ajudar e a minha fé Nela. Nossa Senhora é gratidão. É a Nossa Mãe. É um momento de louvor”.

Foi com uma imagem de Nossa Senhora na proa da canoa que a dona de casa Ana Rita Silva, 36, foi com a filha Maria Clara, 13, contemplar o momento festivo nas águas do Rio Caraparu. Desde o nascimento da filha, Ana Rita participa do Círio para agradecer pela vida de Maria Clara, uma vez que foi uma gravidez de risco. “Se Deus permitir e Nossa Senhora também, todo ano eu venho para cumprir minha promessa em participar deste momento tão importante em nossas vidas”.

A costureira Wanessa Andrade, 38, seguiu carregando na canoa um estandarte do Sagrado Coração de Jesus. Há 12 anos participando do evento religioso, Wanessa afirma que sempre está presente como forma de pagar uma promessa pela saúde do pai. “É uma emoção muito grande estar aqui presenciando Nossa Senhora nas águas. Ela é nossa mãe e é exemplo de amor e inspiração”.

A integrante da organização e divulgação do Círio Caraparu 2024, Ana Cláudia Farias, 55, ressalta que na edição do Círio do ano passado cerca de 10 mil pessoas participaram do evento, levando em consideração os fiéis no cortejo sobre as águas e também a procissão pelas ruas. A expectativa era a de que o número de pessoas deste ano fosse semelhante ao público de 2023. Para a devota, Nossa Senhora da Imaculada Conceição é reflexo de paz e união. “Como devota Dela acredito que a fé nos leva aos nossos objetivos e aos nossos sonhos”.

HISTÓRIA

• O Círio de Caraparu começou em 1905, com a doação de um terreno pela senhora Helena Pará, moradora antiga da vila. A comunidade onde o espaço ficava localizado se chamava Nossa Senhora da Conceição. Nela havia dois grupos de católicos, um que defendia que a padroeira fosse Nossa Senhora da Conceição e o que tinha preferência por São Pedro.
• Os grupos fizeram um acordo e o primeiro construiu uma igreja, originando a devoção pela Santa. Mas o primeiro Círio só foi realizado em 1918, com rezas e ladainhas, já que a doação da primeira imagem da Santa por um senhor de Portugal só aconteceu anos depois.