Os novos dados do Censo Demográfico 2022 mostram um retrato detalhado das condições de moradia em áreas de favelas e comunidades urbanas. A apresentação, feita ontem (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no auditório do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea) da Universidade Federal do Pará (UFPA), revelou que o Estado ocupa o quarto lugar no país em quantidade de favelas mapeadas, com um total de 723 áreas identificadas.
O levantamento abrange também a população residente por sexo, idade, cor ou raça, domicílios e condições de saneamento básico. Esses dados também indicam que o Pará possui 1.523.601 habitantes vivendo em áreas de favelas, o que representa 18,8% da população total do Estado, estimada em 8,12 milhões.
Leia mais:
- G10 Favelas entrega cestas básicas no Jurunas e na Condor
- Ministério das Cidades divulga resultado do Periferia Viva
De acordo com o coordenador técnico do Censo 2022 no Pará, Luiz Cláudio Martins, o levantamento tem uma importância estratégica para direcionar as necessidades específicas de cada região, ajudando o poder público a desenvolver políticas para melhorar a infraestrutura básica, como saúde, educação e saneamento, além de estimular o crescimento econômico e a qualidade de vida das pessoas nesses locais.
Para Regivaldo Aguiar, analista em geoprocessamento do IBGE-PA, a complexidade do levantamento exigiu um trabalho de uso de imagens de satélite e softwares de geoprocessamento, os softwares de sistemas de informação geográfica. Conforme ele, a agência de jurisdição, no Pará, contou com uma rede de 22 agências – em que cada uma tinha um conjunto de municípios.
Quer ler mais notícias do Pará? Acesse o nosso canal no WhatsApp!
“Usamos imagens de satélites comparando as que anteriormente se chamavam aglomerados subnormais, de 2010, com um levantamento que nós fizemos a partir de 2018, com uma nova técnica. Buscamos identificar, junto a especialistas do IBGE do Rio de Janeiro, quais eram as novas áreas de ocupação em áreas inapropriadas para habitação, que geralmente coincidem com as áreas de risco”, detalhou Aguiar.
Joana Valente, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Cidade, Habitação e Espaço Humano (GEP-CIHAB) da UFPA, além de receber os dados dentro da instituição, declarou que o desenvolvimento às necessidades da Amazônia depende destas datificações.
“Nosso trabalho revela que há um alto grau de inadequação habitacional, com carências significativas em infraestrutura que afetam profundamente a qualidade de vida nas comunidades ribeirinhas, das ilhas e moradores de pequenas cidades. Esses dados vão além dos números; eles são essenciais para construirmos políticas públicas eficazes”, pontuou.
HABITANTES
Santarém destaca-se como um dos 6 municípios brasileiros de média concentração urbana – entre 100 mil e 750 mil habitantes – onde 25,1% a 50% da população vive em favelas e comunidades. Outros dados apontam que, das favelas em número de habitantes do país, no ranking das 20 maiores, o Pará aparece na 9ª posição com a Baixada da Estrada Nova Jurunas e na 14ª posição com a Baixada da Condor, em Belém.
Na capital, foram identificadas um total de 214 favelas e comunidades urbanas, que abrigam uma população de 745.140 pessoas. Entre as favelas com maior número de moradores no Estado, destacam-se: Baixada da Estrada Nova Jurunas (43 mil), Baixada da Condor (31 mil), Baixada do Guamá (25 mil), Bacia do Una-Pedreira (24 mil), Bacia do Una-Telégrafo (24 mil), Paar (23 mil), Bacia do Una-Barreiro (22 mil), Montese Tucunduba (17 mil) e Bacia Tucunduba Guamá (16 mil).
VEJA OS DADOS
DISTRIBUIÇÃO
Com relação a distribuição dos moradores por sexo, raça e características habitacionais, o Censo aponta que 786.718 dos habitantes de favelas no Pará são mulheres (51,7%), e 736.890 são homens (48,3%), mantendo a média nacional. No Estado, a presença feminina é maior nas faixas etárias mais altas, especialmente entre os 75 anos ou mais, das quais 60% são mulheres e 39,6% são homens.
Quanto à cor ou raça, a maioria se identifica como parda (1.038.224), seguidas por branca (301.295), preta (178.851), indígena (3.221) e amarela (1.467). No caso dos indígenas, que se declararam por cor ou raça e responderam afirmativamente à pergunta sobre identidade indígena atingiram 4.939 em seu total, tornando o Pará o quarto Estado com maior concentração desses povos em áreas de favelas.
DOMICÍLIOS
O Estado ocupa o quarto lugar em quantidade de domicílios permanentes ocupados em áreas de favelas, com um total de 473.068 residências. Em Belém, há 288.560 domicílios situados em favelas e comunidades urbanas, sendo que 35.157 são domicílios particulares ocupados permanentemente. As cidades de Belém, Marituba e Ananindeua estão entre as cinco com maior número de residências em áreas desse tipo no país. Destacam-se, entre as comunidades paraenses, as áreas da Baixada da Estrada Nova Jurunas, com 13.077 domicílios, e a Baixada da Condor, que abriga 9.638.
SANEAMENTO
Em relação ao saneamento, especificamente ao destino do lixo, dos 473.068 domicílios de favelas, 455.716 domicílios em favelas e comunidades do Estado contam com coleta de lixo por serviço de limpeza (96,3%); mas há ainda situações desafiadoras: em Belém, onde estão concentradas 353.789 dessas residências, 319.570 possuem coleta de lixo (90,3%), porém 6.833 domicílios despejam resíduos em terrenos baldios ou áreas públicas, e 3.017 os queimam na propriedade.
Para o esgotamento sanitário, 315.144 (66,7%) domicílios em favelas e comunidades urbanas do Pará estão conectados à rede geral, pluvial ou possuem fossas sépticas. Em Belém, esse número é de 270.262, onde 76,4% das casas contam com algum tipo de sistema de esgoto. No quesito abastecimento de água, 91,9% das residências em áreas de favelas e comunidades no Estado possuem água canalizada até o interior do domicílio; número que chega em Belém, com 353.789 domicílios, 328.961 (92,9%) de água canalizada dentro de casa, embora 8.128 (2,3%) ainda não contem com essa infraestrutura.
A rede geral de distribuição abastece 53,5% dos domicílios em áreas de favelas e comunidades urbanas no Estado, enquanto outros 37,5% utilizam poços profundos ou artesianos. Em Belém, o abastecimento pela rede geral chega a 57,5%, enquanto outros 37,5% dos domicílios contam com poços profundos ou artesianos.
57,1%
Na capital, Belém, e em municípios como Ananindeua, Marituba e Benevides, onde há uma concentração urbana de 1,9 milhão de habitantes, 1.117.763 pessoas residem em condições de moradia precária, correspondendo a mais da metade dos habitantes da região (57,1%).
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar