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CLÍNICA EM ICOARACI

CRM investiga mutirão que afetou a visão de 23 pessoas

O Conselho Regional de Medicina realizou uma fiscalização na clínica responsável e encontrou situações consideradas alarmantes no local.

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Imagem ilustrativa da notícia CRM investiga mutirão que afetou a visão de 23 pessoas camera Consultórios da clínica onde ocorreram as cirurgias. Posteriormente foram relatados casos de perda parcial ou total da visão, inclusive de remoção do globo ocular. | CRM/PA Divulgação

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) apura o incidente referente a um mutirão de cirurgias de catarata, onde aproximadamente 20 pessoas ficaram sem visão devido à uma infecção. As operações foram realizadas em uma clínica localizada em Icoaraci. A presidente da entidade, Tereza Cristina de Brito Azevedo, forneceu essas informações em uma coletiva na última quinta-feira (17). Até agora, nenhuma reclamação oficial sobre a clínica foi registrada no conselho, que tomou conhecimento do caso por meio da mídia, segundo a gestora.

A presidente explicou que o CRM não tem conhecimento da data em que o mutirão ocorreu na Clínica São Lucas, mas está investigando todos os outros aspectos do caso. Ela também enfatizou que a situação em questão será investigada para que as circunstâncias sejam desvendadas, acrescentando que as ações do conselho começaram com uma fiscalização na clínica na tarde da última quarta-feira (16). No momento da fiscalização, a clínica estava sem paciente, mas havia funcionários.

“As solicitações [de fiscalização] podem surgir do Ministério Público, da própria comunidade, de qualquer profissional da saúde ou por iniciativa nossa ao visitar os estabelecimentos, como já fazemos. A fiscalização, que consiste em visitas técnicas, teve início, no caso da Clínica São Lucas, após uma entrevista que detalhou a situação. Um mutirão atendeu mais de 40 pessoas, sendo que 23 delas sofreram perda parcial ou total da visão, incluindo casos de remoção do globo ocular, notícia que foi veiculada na imprensa”, explicou.

“Diante disso, realizamos a visita técnica ontem [quinta] à tarde. Durante a inspeção, acessamos os consultórios, o centro de cirurgias e todos os outros setores onde há a movimentação tanto de pacientes quanto de médicos”, detalhou.

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Enquanto as investigações seguem seu curso, o estabelecimento permanece em funcionamento normal, visto que a fase das apurações ainda é preliminar, conforme explicou a presidente do CRM. “Durante este processo, a clínica continua a operar, pois estamos na fase de apuração e iremos verificar se houve alguma infração ética, que é o foco da investigação. Outras questões devem ser tratadas pelos órgãos competentes”, disse.

Ela ainda destacou que não houve registros de denúncias por parte dos pacientes. “Não recebemos denúncias dos pacientes. Caso surjam, serão investigadas individualmente. Todas as denúncias encaminhadas ao Conselho Regional de Medicina são rigorosamente apuradas”, ressalta a gestora.

Presente na coletiva, o vice-presidente e oftalmologista Lauro Barata compartilhou detalhes sobre a fiscalização. “Chegamos por volta das 16h e nos deparamos com várias situações que levantaram nossa preocupação. Notamos a presença de formol em gazes espalhadas pelo chão, uma máquina de lavar em pleno leito cirúrgico, além da falta de preenchimento adequado dos prontuários dos pacientes que haviam sido operados naquele dia. O autoclave não apresentava informações sobre o tempo de esterilização. Diante disso, algumas circunstâncias nos deixaram alarmados. A partir daí, estamos organizando todo o relatório e vamos encaminhar aos órgãos competentes”, finalizou.

Durante a coletiva, foi esclarecido que a Clínica São Lucas está registrada no CRM. Ademais, as vítimas impactadas têm a possibilidade de formalizar suas denúncias junto ao Conselho.

Nota da clínica

Em nota, a clínica responsável afirmou que segue todos os protocolos de controle de infecção hospitalar e que está devidamente regularizada perante os órgãos fiscalizadores. A instituição informou ainda que está prestando apoio médico e financeiro às vítimas. No entanto, muitos pacientes recusaram os acordos extrajudiciais propostos, e 11 deles ingressaram com ações civis solicitando indenização por danos morais, materiais e estéticos.

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