Como evitar engasgos durante a introdução alimentar

O primeiro ano de vida do bebê é uma fase repleta de descobertas importantes e meses de aprendizado intenso. Cada nova habilidade desenvolvida é um marco significativo na vida deles e dos pais.

A introdução alimentar marca o início de uma nova etapa, na qual a criança desenvolve seu paladar, um aspecto crucial para garantir hábitos saudáveis na vida adulta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, o aleitamento materno exclusivo é recomendado até os seis meses de idade. A partir dos seis meses, é indicado introduzir gradualmente outros alimentos na dieta, mantendo o aleitamento, se possível, até os dois anos de idade.

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É importante iniciar a alimentação complementar de forma lenta e gradual, permitindo que o bebê experimente diferentes sabores e texturas. No entanto, nem todos os bebês aceitam esses novos alimentos de primeira. Nesse caso, é recomendado variar os alimentos oferecidos, um de cada vez, e ter muita paciência, persistência, calma e sabedoria para ajudar a criança a se adaptar gradualmente a essa nova fase.

Além disso, é fundamental observar os sinais de prontidão do bebê. Em uma conversa com nossa reportagem, Leidiany Ramos, nutricionista especializada em nutrição materno-infantil, compartilhou cinco dicas de como identificar quando um bebê está pronto para a introdução alimentar e maneira correta para evitar possíveis engasgos.

Corte seguros no método BLW

De acordo com a nutricionista Leidiany Ramos, é recomendável oferecer os alimentos ao bebê cortados em pedaços maiores e no formato de palito, para que a criança o pegue com a mão e leve à boca e, assim, evitando possíveis engasgo.

O método mais adequado é o BLW, que em português significa desmame guiado pelo bebê. "É um tipo de introdução alimentar onde o bebê pega com as mãos os alimentos cortados em tiras ou pedaços e come sozinho, o que ajuda a melhorar a sua coordenação motora, a sua conexão com a comida e a interação com a família,” informa. Porém, ela destaca que é de extrema importância avaliar os sinais de prontidão antes de iniciar a introdução alimentar do bebê.

Confira os 5 sinais de prontidão

• 1. Levar alimentos à boca
• Mastigação e coordenação motora das mãos andam juntas, para saber se o bebê está pronto, observe essas duas características. Conseguir levar objetos à boca é um importante sinal de maturidade para começar a introdução alimentar.
• 2. Conseguir ficar sentado sem apoio, sustentar e ter o controle sobre o tronco
• Mastigar e engolir o alimento com o queixo colado no peito, ninguém merece, né? Isso é muito perigoso para os bebês, pois a falta de controle cervical aumenta o risco de engasgo. Um dos principais sinais de prontidão é o bebê conseguir ficar sentado sem apoio, ainda que por alguns segundos. Se, ao colocar o bebê na cadeira de alimentação, ele automaticamente cair para os lados, é sinal de que ele ainda não está pronto.
• 3. Perder o reflexo de protrusão: não empurra a língua para fora
• O bebê quando nasce, vem com o reflexo de protrusão da língua, que é o movimento de colocá-la para fora quando um objeto toca a boca. Esse reflexo existe para proteger a criança de engasgos e dificultar a entrada de alimentos que não sejam o leite materno. Ao oferecer um alimento e o bebê ainda possuir o reflexo de protrusão, isso significa que ele ainda não está pronto.
• 4. Mostrar interesse pelos alimentos
• Respeitar o interesse do bebê por alimento, vai ajudá-lo a encarar essa nova fase de forma mais prazerosa e divertida. Muitos bebês começam a ficar curiosos com a alimentação dos adultos, isso ocorre bem antes da introdução alimentar. Alguns sinais são: bater as pernas e os braços, vocalizar e querer tocar o prato dos adultos.
• Porém, se esse não for o caso do seu bebê, você pode estimulá-lo ao incluí-lo nas refeições “assistindo” enquanto a família come, seja no colo ou na própria cadeira de alimentação. Deixar um prato a postos e oferecer algo que ele possa comer. Os Bebês comem imitando os adultos, tudo é uma questão de tempo!

Introdução alimentar

A introdução alimentar inicia gradualmente aos seis meses de idade respeitando o limite para compreender como o organismo do bebê vai reagir. Além da idade, é necessário que o bebê apresente os sinais de prontidão, que são eles:

Leidiany Ramos recomenda começar a introdução alimentar pelas frutas, sempre cortadas em pedaços maiores e no formato de palito, para que o bebê o pegue com a mão e leve à boca. “Normalmente, eles apresentam melhor aceitação. Recomendo, entretanto, que o bebê tenha acesso a uma boa variedade de opções nesta fase, de maneira que não seja apenas um momento de iniciar a ingestão de novos alimentos, mas uma grande oportunidade de auxiliar no desenvolvimento/formação do seu paladar e de construir hábitos saudáveis. Quando já estiver um pouco maior, recomendo que o bebê possa evoluir da consistência das comidinhas, até fazer as refeições no mesmo padrão da família,” explica a profissional.

Corte correto

- Corte correto de carnes: o método mais adequado é o BLW. Para a profissional, a carne precisa estar bem macia e ser cortada em formato de tirinhas para, assim, evitar engasgos e facilitar a mastigação do alimento.

- Corte correto dos legumes: na introdução alimentar, inicialmente, podem ser cortados na forma longitudinal. “Uma vez que o bebê precisa conseguir segurar o alimento com o punho fechado, deve-se observar uma proporção adequada, de modo que, o alimento sobressaia para fora da mãozinha,” orienta Leidiany.

Como oferecer cereais, arroz e massa de forma segura?

Cada bebê precisa ser avaliado e acompanhado individualmente, mas podemos lançar mão de expedientes iniciais para testar como o bebê se comporta na relação com o alimento. “Em relação ao arroz, uma forma de oferecê-lo é: após o preparo, deixe-o esfriar ainda na panela, e realize os cortes longos. Assim, pode fazer com que o bebê consiga manejar melhor o alimento.” Sugere.

“Sobre a oferta de massas, em formatos BLW, opte, inicialmente, pelas mais fáceis do bebê manusear, como o parafuso, o penne, por exemplo, visto que, os seus formatos são de tamanhos maiores.” Aconselha a nutricionista.

O pão deve ser, preferencialmente, de farinhas integrais, ser composto, apenas, pela farinha, água e fermento e ter pouco sal (oferecer somente após um ano de idade).

Uma sugestão é ofertar o pão levemente torrado, dependendo das habilidades de mastigação do seu bebê.

Como ofertar frutas aos bebês

- Maracujá: antes de cortar o maracujá ao meio, é essencial que a casca seja higienizada. Ele usará a própria casca como copinho ou pode ser oferecido em um copinho, ou ainda na colher, lembrando de permitir sempre que o bebê busque a colher na vasilha, não ao contrário. O bebê não engasga com as sementes, elas podem ser oferecidas tranquilamente pois saem inteirinhas no cocô.

- Banana: deve ser oferecida em cortes adequados, como a profissional explica no vídeo abaixo para que o bebê consiga segurá-la e levá-la à boca para apreciar o sabor, cheiro e textura da fruta.

Manga: a manga pode ser servida amassada ou em pedaços no método BLW.

Uva: o corte das uvas devem ser em três ou quatro pedaços, no sentido longitudinal antes de oferecer ao bebê.

Sinais que demonstram fome:

• choro
• inclina-se para a frente quando a colher está próxima
• segura a mão da pessoa que está oferecendo a comida e abre a boca

Sinais que demonstram saciedade:

• virar a cabeça ou o corpo
• empurra a mão da pessoa que está oferecendo a comida
• fecha a boca
• perde o interesse pelo alimento
• manifesta interesse para sair da cadeira de alimentação

A nutricionista desta, ainda, que é importante saber respeitar cada fase e ter paciência é fundamental para que tudo caminhe bem. Em caso de dúvidas, consulte um médico pediatra e um nutricionista materno infantil para obter orientações específicas sobre a alimentação do bebê.

Repórter: Brenda Hayashi

"Paraense e formada em Comunicação Social - Jornalismo, Brenda Hayashi é uma pessoa antiquaria colecionadora de discos de vinil, apaixonada por antiguidade e apreciadora de músicas das décadas de 60, 70, 80 e 90. Repórter do DOL desde janeiro de 2022, ela gosta de escrever sobre assuntos relacionados à moda, beleza, entretenimento e cultura".