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SOLIDARIEDADE

Amor: sogra doa rim para genro no Hospital Ophir Loyola

Realizado com sucesso,o transplante fortalece vínculo entre a doadora e o receptor e serve como exemplo de solidariedade em família

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Imagem ilustrativa da notícia Amor: sogra doa rim para genro no Hospital Ophir Loyola camera Benício e Aparecida: solidariedade e amor vão muito além de laços de sangue. | Bruno Cecim/ Agência Pará

Desde 1999, quando realizou o primeiro transplante com doador vivo, histórias emocionantes de transplantados do Hospital Ophir Loyola (HOL) não são uma raridade. Contudo, pela primeira vez o centro transplantador realizou um procedimento em que os protagonistas são sogra e genro. A agricultora aposentada, Aparecida Rodrigues, de 62 anos, veio da cidade de Novo Repartimento, no sudoeste estadual, para realizar a doação de um rim para o genro dela, o analista de Tecnologia da Informação Benicio Brito, de 40 anos. Ele perdeu a função renal devido à glomerulonefrite, doença que provoca a inflamação de uma região do rim, conhecida como glomérulo.

Aparecida viajou 600 km da Vila do Maracajá, localizada no município de origem, até a capital paraense para o ato solidário por Benício. E, com a doação do órgão no dia 28 de junho, ela contribui para a melhora da qualidade de vida dele. O vínculo entre a sogra e o genro já era bom, desde o casamento com Ana Rodrigues, de 37 anos, filha caçula de Aparecida.

“Ele é como um filho para mim, e qual a mãe que não quer ver o filho bem. Eu via o sofrimento dele, quando enfrentava toda semana aquela agonia por conta da diálise. Os meus netos reclamavam da ausência do pai, era uma angústia. Então decidi doar para vê-lo bem, se recuperar e cuidar da família. Fiquei muito feliz quando os exames atestaram que poderia doar. Agora um pedacinho de mim vive nele”, disse a aposentada.

Mas o que poderia causar certo estranhamento para alguns, não foi surpresa para Benício, que também vê em Aparecida uma segunda mãe. Não é à toa, que ela foi uma das primeiras pessoas a manifestar o desejo de ser testada, assim como alguns amigos dele. Contudo, ele priorizou alguém mais próximo.

“Todos ficaram muito sentidos com o meu diagnóstico. A princípio, a minha irmã se propôs a fazer a doação, mas não conseguiu por ser obesa e pré-hipertensa. Então minha sogra se prontificou a fazer os testes porque tinha o mesmo tipo sanguíneo que eu. Reconheço que é um ato de amor pleno, não conseguirei esquecer jamais. Sou eternamente grato por esse gesto que ela teve para comigo, tudo ocorreu bem e estamos nos recuperando”, disse.

Casado há 17 anos, o técnico de tecnologia da informação é pai do Victor, 16, Asaffe, 5 anos e Bernardo, de 3 anos. Ativo, sempre gostou de praticar esportes e jogar futebol todas às sextas-feiras durante o momento de lazer incentivado pela empresa onde trabalha. “Notei que estava cansando rapidamente e resolvi fazer alguns exames que detectaram a hemoglobina baixa e fui encaminhado ao hematologista. Os novos exames atestaram alterações importantes na uréia e creatinina, a função renal estava comprometida”, contou.

Logo em seguida, deu início à diálise naquele ano de 2019. Ao longo de três anos e sete meses dependeu de uma máquina para remover as toxinas e excesso de líquidos do corpo, para se manter vivo. As sessões eram realizadas durante três vezes na semana, com duração de 4h cada. No começo urinava normalmente, mas a situação começou a mudar.

“Depois de uns oito meses, fui perdendo toda a função renal. Precisei ajustar a alimentação, controlar a ingestão de água e meu horário de trabalho sofreu alterações por causa do tratamento. Quando saía da diálise, ficava um pouco debilitado e precisava de um tempo de recuperação, então ficava em casa descansando e depois ia trabalhar. Hoje, só penso em retomar as minhas atividades com mais qualidade de vida”, relatou Benício.

Não parentes podem doar com autorização judicial

A terapia de substituição da função renal (TSR) é feita pelas modalidades de diálise (hemodiálise e diálise peritoneal) ou pelo transplante renal, último recurso para tratar pacientes com doença renal crônica (DRC). O Serviço de Transplante Renal do HOL foi implementado em 21 de agosto de 1999 com um transplante intervivos. Em 2000, o hospital foi o primeiro da região Norte a realizar transplante com doador falecido, dando novas esperanças aos pacientes. Ao total, foram realizados 730 transplantes, dos quais 157 com doadores vivos.

A médica transplantadora Silvia Cruz esclarece que a legislação brasileira permite a doação intervivos entre familiares consanguíneos até o 4º grau (pai, mãe, irmão, tios, primos) e cônjuges, que são considerados afetivamente agregados. “Aqueles que não se encaixam nesse perfil precisam de autorização judicial, passar por um comitê de ética para validar se estão doando os seus órgãos de forma espontânea”, explicou.

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O doador vivo é avaliado para verificar se possui alguma doença que possa ser transmitida ao receptor e se está apto a doar um dos rins sem interferir na própria saúde. Também são realizados os testes de compatibilidade sanguínea ABO com o receptor, assim como o HLA (antígeno leucocitário humano). “Esse teste é necessário para determinar a imunossupressão e as chances de sucesso do procedimento. Tanto o doador como o receptor são submetidos a 40 tipos de exames, como sorologia, avaliação cardiológica, dentre outros”, explicou Silvia Cruz.

Diferente do transplante com doador falecido, o procedimento com rim de doador vivo segue uma programação e oferece vantagens. Um deles é a redução do tempo de isquemia (interrupção do fluxo sanguíneo no órgão) em razão da solução de preservação com gelo e temperatura baixa. Quando o doador é falecido, o órgão demora cerca de 24h a 36h para ser transplantado. O tempo máximo permitido é de 48h.

“Isso não ocorre com doador vivo, retiramos o órgão e levamos para outra sala cirúrgica para ser enxertado. O rim começa a funcionar de forma mais rápida, alguns pacientes têm a função totalmente recuperada em 10 dias e já podem ir para casa. Enquanto a doação com um rim de doador falecido exige um tempo maior para funcionar. Muitas vezes o paciente precisa fazer hemodiálise após o transplante até que o rim recupere a função”, explicou a especialista.

Apesar de não ser o caso de Benício, existe também o transplante renal preemptivo. Nesse caso, o procedimento é realizado antes do paciente iniciar a terapia dialítica e impede o desenvolvimento de morbidades ou condições associadas à diálise, tais como a doença cardiovascular e vascular periférica, inflamação crônica e transfusões de sangue.

“Quando se tem um doador vivo, existe essa possibilidade sem passar pela diálise. A resposta é excelente e não traz as consequências do tratamento dialítico. Mas para receber um rim de doador falecido, existem critérios em que só podemos inserir na lista os pacientes que estão em diálise ou que tem uma filtração abaixo de 10 ml por minuto. As crianças e os diabéticos podem ser beneficiados com uma filtração a partir de 15 ml”, explicou a coordenadora do Serviço de Nefrologia do HOL.

A nefrologista observa uma frequência maior de familiares que desejam fazer exames para doar um rim para o ente querido. “A empatia com aqueles que convivem com a enfermidade e passam pelo tratamento sem que desfrutem a vida de forma plena, é a principal motivação. Quando o paciente recebe um órgão, faz uso de medicamentos imunossupressores cuja quantidade será reduzida conforme o passar do tempo. Isso permite uma melhor qualidade de vida e sensibiliza a família”, conclui.

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