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Jornalista Anderson Araújo lança novo livro nesta quinta, 29

O lançamento de "Manual Prático de como Vestir um Pai Morto" será em um local especial da capital paraense, o Café com Arte, no bairro de Nazaré

Imagem ilustrativa da notícia Jornalista Anderson Araújo lança novo livro nesta quinta, 29 camera O jornalista é conhecido por falar pouco e escrever muito | Divulgação

Quando você chegar ao Café com Arte, na próxima quinta-feira, dia 29, não estranhe. Ao subir as escadas do velho casarão construído no início do século XX, pisar no assoalho de tábuas enceradas e vislumbrar os ambientes que emulam a herança portuguesa na arquitetura paraense, não será uma volta ao passado, pode crer. Arrisco-me a dizer até que será um passo pro futuro. Ao sair de lá, carregando um exemplar do livro “Manual prático de como vestir um pai morto”, você vai entender por quê.

Anderson Araújo, autor do “Manual prático...”, que será lançado nessa noite, é o paradoxo em pessoa. Então, não estranhe. Estrela do evento, ele será o cara mais discreto do lugar. Vai falar com todos, mas serão breves palavras. Vai sorrir pra cada lado, mas ninguém vai vê-lo gargalhando. Não estará vestido como um dândi, um peralvilho, um artista. Será o Anderson de sempre, metido em camisa de botões fechados até o gogó e calças surradas – mas não rasgadas, isso nunca. Dona Clarisse jamais permitiria.

“Manual prático” reúne duas dezenas de histórias. São recortes de lembranças, nostalgias e dejavus, mas vão muito além disso. Há fragmentos da banalidade cotidiana que se tornam luminosos quando polidos, esmerilados, entalhados e esculpidos no mármore da narrativa preciosa do Anderson. O fantástico vira comum. O doloroso torna-se encantado. O adormecido se transforma em êxtase. O amor é morte. O fim, recomeço.

Derramadas nas 163 páginas do livro, sob o filtro de vivências, sapiências, saliências e a visão peculiar de um homem maduro com muitos graus de miopia, essas relíquias, mesmo as mais cruéis, tornam-se epifânicas. Mesmo as perturbadoras e desconcertantes.

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Só dá pra entender pelo olhar peculiar do autor. Sua capacidade de captar memórias alheias sem a necessidade de presenciá-las. Nem mesmo a precisão de terem acontecido. Apenas por sabê-las. Com aquela suavidade de entender sem dizer, como no verso do Pessoa, e a habilidade de dizer com suavidade o que deveras entendeu, mesmo sem ter vivido.

Não é um diário conjugado no pretérito. É o jeito dele de passar as lembranças – as dele e as que intuiu - pelo moedor de carne da humanidade. Oferecê-las com a simplicidade de quem prepara o recheio da lasanha, do nhoque, da panqueca. Uma receita pueril, mas que ninguém conhece, é coisa dele... e é deliciosa. O tempero que torna a narrativa envolvente está na qualidade do texto. Impecável. Sinuoso. Atrevido.

As relíquias dessa memória do Anderson são muito bem-vindas num lugar como o Café com Arte, uma charmosa chave para o passado. Da cidade e dele mesmo. Foi ali que aconteceu o ponto de mutação, quando fez naquela mesma casa, nos anos 90, o cursinho que o levaria a uma dedicada vida acadêmica, até hoje cultivada.

Anderson, o paradoxo em pessoa, jornalista de formação avançada, não começou a carreira como um repórter excepcional, mas virou um escritor extraordinário. Depois de ter sido pobre, vivendo entre estivas e quintais alagados; depois de ter sido feio, comprido, magro e desgrenhado; depois de ter sido quase seminarista, amedrontado pelos pecados – Anderson Araújo dobrou a bainha, cerziu os farrapos, correu atrás do conhecimento e virou esse sujeito cheio de predicados que ele é. Sua nobreza está na antítese.

Tal e qual o Flamel de Lima Barreto, Anderson Araújo virou um alquimista das palavras. Empenhado no embate sutil entre o delicado e o agressivo, o sagrado e o blasfemo, o real e o imaginado. Tudo alinhavado pelo fio de ouro derivado dessa alquimia. Uma escrita eclética, social, urbana, marginal, cotidiana, experimental e inovadora. Recheada de histórias cheias de verdade, capazes de colocarem o passado no retrovisor do futuro. Fundindo fantasia e realidade na pedra filosofal da literatura.

Mas não se anime tanto, quando chegar lá no lançamento. Vá com calma. Anderson não é conversador tagarela. Vá lá, compre o livro, pegue o autógrafo, pode até bater uma foto com ele. Mas tudo isso é só um ritual. O grande barato é lê-lo. Portanto, leia-o. Pouca gente dessa geração escreve tão bem quanto o Anderson.

SERVIÇO:

“Manual prático de como vestir um pai morto”

Noite de autógrafos de Anderson Araújo.

Dia 29, às 19h, no Café com Arte.

Tv. Ruy Barbosa, 1437 – Nazaré

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