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DO PARÁ PARA O MUNDO

Gaudens recebe selo da Academy of Chocolate de Londres

Com a conquista, o produto da Gaudens passa a ter a cerfificação que o referencia como chocolate fino de qualidade Premium, recomendado pelos mais importantes avaliadores do mundo.

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Imagem ilustrativa da notícia Gaudens recebe selo da Academy of Chocolate de Londres camera Walda Marques

O chef e chocolatier, Fabio Sicilia, está comemorando o sucesso internacional de dois produtos da sua Gaudens Chocolates, que estão ganhando o mundo. A barra de chocolate branco com cupuaçu foi avaliada por alguns dos críticos mais renomados do mundo no ramo e recebeu o selo bronze da Academy of Chocolate de Londres. Outra iguaria da linha, a versão com bacuri, teve uma recomendação desses especialistas. A premiação é uma das mais importantes no que se refere a chocolates finos e coloca o chocolate paraense no mesmo patamar dos internacionais, como os belgas e suíços. O concurso ocorreu no final do ano e o resultado foi divulgado em janeiro.

Isso significa que, a partir de agora, as barras de chocolate branco com cupuaçu serão identificadas com o selo na embalagem, o que as referencia como chocolate fino de qualidade Premium, recomendado pelos mais importantes avaliadores do mundo.

Selo Bronze da Academy of Chocolate de Londres concedido para Gaudens chocolate branco com cupuaçu
📷 Selo Bronze da Academy of Chocolate de Londres concedido para Gaudens chocolate branco com cupuaçu |Divulgação

A associação é formada por cinco especialistas da Grã-Bretanha que, desde 2005, se dedicam à valorização do consumo do chocolate como um dos grandes prazeres da vida, com objetivo de incentivar consumidores a identificar o chocolate “real”, além de fomentar a melhoria do padrão, conhecimento e a produção sustentável do cacau.

Os dois chocolates são inspirados em nossas sobremesas de família, os tradicionais cremes das frutas regionais, bacuri e cupuaçu e nos bombons de chocolate com as frutas, outra identidade paraense. O chef explica a importância do prêmio para o produto local.

“Esse prêmio tem uma importância enorme, por ser de uma instituição que nasceu para avaliar e promover os melhores chocolates finos do mundo e, ter o reconhecimento deles com o cupuaçu, e, até mesmo com o bacuri, apesar se não sero selo, mas uma recomendação, com toda produção feita no Pará, utilizando matéria-prima de pequenos produtores rurais de grande qualidade, alguns premiados internacionalmente. Isso prova que é possível fazer a verticalização, em que todos da cadeia possam ganhar, agregando diversos produtos”.

Sicilia destaca ainda que o reconhecimento traz consigo oportunidades de negócios para toda a cadeia envolvida na produção da Gaudens, que vai desde os pequenos produtores até quem cria embalagens.

“Hoje não mais só o cacau, mas o cupuaçu, o bacuri, os produtores, a logística local, as nossas empresas de embalagens que a gente pode agregar e assim referenciar um chocolate do Pará com empresa que tem qualidade reconhecida em esfera mundial, produzido com todos os recursos locais. Isso pra mim é um verdadeiro Gaudens, alegria pena, conexão com divino, felicidade”, exalta o chocolatier, fazendo referência ao significado da palavra em latim que dá o nome à marca paraense.

Ele conta que, a Gaudens surgiu da sua insatisfação com o fato do estado ser o maior produtor de cacau brasileiro e celeiro de frutas com sabores únicos e, mesmo assim, não produzir seu próprio chocolate.

Tudo começou em 2004, após a chegada de um curso na Europa, quando fez uma expedição à Transamazônica, mais precisamente ao município de Medicilândia, o maior produtor de cacau do Estado, e conheceu de perto o que era produzido lá.

“Quando voltei, me dei conta que tínhamos todos os melhores ingredientes que havia estudado na Europa aqui e resolvi que tinha que começar a produzir um chocolate”.

Nessa época, o chocolatier abriu sua primeira fábrica, no município de Ananindeua, na região metropolitana de Belém e desde então vem pesquisando e evoluindo com a produção.

“Como não tínhamos ainda chocolate fino na região e tecnologia para a produção das barras, começamos produzindo para as sobremesas do restaurante” revela.

Oito anos depois, com o avanço da produção local e das técnicas industriais, nasce a fábrica da Gaudens, em Batista Campos. A partir daí, começou a produção das barras de chocolate com frutas artesanais, entre elas a de cupuaçu e bacuri, que foram referendadas internacionalmente. Além delas, também os outros produtos da linha, que tem ainda chocolate branco com cumaru, a nossa baunilha da Amazônia; 44% cacau ao leite, 62%; cacau com açaí; 71% cacau e 80% cacau.

“Eu nunca me conformei com o fato de estarmos na terra do cacau, ou seja, uma planta nativa, e não produzirmos um chocolate nosso, tanto que, começamos a trabalhar numa época em que nem tínhamos chocolate fino e hoje já conseguimos concorrer em uma categoria que exige mais tecnologia, que é a produção do chocolate branco, com uma tecnologia nacional, com a produção feita toda no Pará, o que garantiu a representatividade com um chocolate de qualidade referenciada mundialmente”, comemora.

Gaudens recebe selo da Academy of Chocolate de Londres
📷 |Suzane Ohana

Produção guarda características artesanais e valoriza pequenos produtores locais

A linha de chocolates da Gaudens é formada ainda pelo brownetone, uma versão do bolo feita com chocolate da marca; cripioca de cupuaçu e de bacuri, onde a farinha de tapioca substitui os flocos de arroz; a Castella, creme vegano de castanha-do-pará com cacau, que também tem uma versão em licor e o chocolate em pó. Apesar de alguns processos tecnológicos, todos os produtos são criados conservando características artesanais e valorizando pequenos produtores locais.

“O produtor faz o cultivo, coleta, abre e fermenta, seca e me entrega. Aqui começa a minha etapa. Eu recebo, avalio a qualidade e, quando ele está na excelência para receber a rotulação como Gaudens, a gente passa para a torrefação, descasque, refinamento, formulação. A partir daí vamos cristalizar esse chocolate nas formas, embalar e depois fazer a distribuição”, detalha Fabio Sicilia.

Os insumos vêm de pequenos produtores locais da região da Transamazônica e de municípios da região metropolitana de Belém, como Barcarena. De Medicilândia, vem um cacau fino e de Barcarena, um cacau nativo, para receitas específicas, identificado pelo especialista.

“O produtor de Medicilândia, por exemplo, possui amêndoas que sempre ganham prêmios internacionais, como as melhores. Recentemente recebeu um prêmio em um concurso em Paris”, revela.

Embaixadora da Gaudens Angela Sicilia com o cônsul brasileiro em Boston Roberto Gabriel
📷 Embaixadora da Gaudens Angela Sicilia com o cônsul brasileiro em Boston Roberto Gabriel |Arquivo Pessoal
Embaixadora da Gaudens Angela Sicilia com o cônsul brasileiro em Nova York Leonardo Enge
📷 Embaixadora da Gaudens Angela Sicilia com o cônsul brasileiro em Nova York Leonardo Enge |Arquivo Pessoal

Repercussão internacional

O selo bronze da Academy of Chocolate de Londres ao Gaudens chocolate branco com cupuaçu e a recomendação da versão com bacuri renderam um convite do Sebrae(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), com apoio do Governo do Estado do Pará, para a Gaudens apresentar seus produtos na Retail’s Big Show, maior feira de varejo do mundo, promovida pela National Retail Federation (NRF).

A embaixadora da marca, a chef Angela Sicilia, esteve no evento que ocorreu em Nova York, entre os dias 15 e 17 de janeiro, onde pode apresentar o chocolate premiado, além de outros produtos da linha, para representantes do varejo mundial.

“Fomos convidados para integrar missão empresarial paraense para conhecer novas oportunidades, inovações de mercado e tivemos a oportunidade de mostrar o nosso chocolate de origem para os maiores compradores do mundo. O resultado foi fantástico. Eles ficaram encantados com os sabores, com aroma que é único do nosso Pará. Trouxemos as barras de chocolate, a cripioca e os bombons de cupuaçu”.

Além da participação na feira, a embaixadora da Gaudens também visitou o cônsul do Brasil em Boston, Roberto Gabriel e, o de Nova York, Leonardo Enge, para estreitar relações e fomentar o incentivo para a exportação dos produtos.

“Assim como a feira, a missão empresarial paraense também teve o objetivo de conversar com as duas embaixadas sobre um evento que vai ocorrer no segundo semestre, com apresentação de chocolate para possíveis compradores internacionais”, explica Angela Sicilia.

Fabio Sicilia

Fabio Rezende Sicilia tem 52 anos e desde a adolescência convive com o meio gastronômico, herança da família proprietária do restaurante italiano Famiglia Sicilia, um dos mais tradicionais do Pará, que está sob o seu comando até hoje.

Além de chef e sommelier profissional, pela ICIF (Italian Culinary Institute for Foreigners) e AIS (Associação Italiana de Sommelier), respectivamente, que lhe renderam premiações nacionais e internacionais, tem especialização como chocolatier, pela Lênotre de Paris.

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